Rede Globo: principal agente
da imbecilização da sociedade brasileira
Igor Fuser – jornalista e professor
São Paulo/SP
Texto transcrito de www.luizmullerpt.wordpress.com
O
jornalista Igor Fuser é doutor em Ciência Política
pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Relações Internacionais da
Universidade Federal do ABC (UFABC). Ganhou notoriedade ao
denunciar as ações da mídia tradicional na perpetuação de uma sociedade
violenta e excludente, dos acúmulos dos governos progressistas
latino-americanos na última década e do momento da luta de classes no
continente, que não é propício às grandes mudanças.O professor prevê
ainda maior interferência dos Estados Unidos em situações de fragilidade política nos próximos
anos, conforme surgirem oportunidades de levar a América Latina de volta para o seu
círculo direto de influência.
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A Rede Globo é o aparelho ideológico mais
eficiente que as classes dominantes já construíram no Brasil desde o início do
século XX. Substitui perfeitamente a Igreja Católica como instrumento de controle
das mentes e do comportamento. A Globo esteve ao lado de todos os governos de
direita, desde o regime militar – no qual se transformou no gigante que é hoje
– até Fernando Henrique Cardoso.
Serviu caninamente à ditadura,
demonizando as forças de esquerda e endossando o discurso ufanista do tipo “Brasil Ame-o ou Deixe-o” e as
versões sabidamente falsas sobre a morte de combatentes da resistência
assassinados na tortura e apresentados como caídos em tiroteios. Após o
fim da ditadura, alinhou-se no apoio à implantação do neoliberalismo,
apresentado como a única forma possível de organizar a economia e a sociedade.
No plano cultural é impossível medir o
imenso prejuízo causado pela Rede Globo, que opera como o principal agente da
imbecilização da sociedade brasileira. Começando pelas novelas, seguindo pelos “reality shows”, pelos programas
de auditório, o papel da Globo é sempre o de anestesiar as consciências,
bloquear qualquer tipo de reflexão crítica. A Globo impôs um português
brasileiro “standard”, que anula
o que as culturas regionais têm de mais importante – o sotaque local, a maneira
de falar de cada região.
Pratica ativamente o
racismo, ao destinar aos personagens da raça negra papéis secundários e
subalternos nas novelas em que os heróis e heroínas são sempre brancos. Os
personagens brancos são os únicos que têm personalidade própria e psicologia
complexa.
Os brancos são os únicos capazes de despertar empatia dos
telespectadores, enquanto os negros se limitam a funções de apoio. Aliás, estes são os únicos que aparecem em
cena trabalhando, em qualquer novela, os únicos que se dedicam a labores
manuais.
A
postura racista da Globo não poupa sequer as crianças, induzidas, há várias
gerações, a valorizar a pele branca e os cabelos loiros como o padrão superior
de beleza, a partir de programas como o da Xuxa.
O
jornalismo da Globo contraria os padrões básicos da ética, ao negar o direito
ao contraditório. Só a versão ou ponto de vista do interesse da empresa é que é
veiculado. Ocorre nos programas jornalísticos da Globo a manipulação constante
dos fatos. As greves, por exemplo, são apresentadas sempre do ponto de vista
dos patrões, ou seja, como transtorno ou bagunça, sem que os trabalhadores
tenham direito à voz.
Os
movimentos sociais são caluniados e a violência policial pouco aparece. Ao
contrário, procura-se sempre disseminar na sociedade um clima de medo, com uma
abordagem exagerada e sensacionalista das questões de segurança pública, a fim
de favorecer as falsas soluções de caráter violento e os atores políticos que
as defendem.
No
plano da política, a Rede Globo tem adotado perante os governos petistas uma
conduta de sabotagem permanente, omitindo todos os fatos que possam apresentar
uma visão positiva da administração federal, ao mesmo tempo em que as notícias
de corrupção são apresentadas, muitas vezes sem a sustentação em provas e
evidências, de forma escandalosa, em uma postura de constante denuncismo.
A
Globo pratica o monopólio dos meios de comunicação, ao controlar
simultaneamente as principais emissoras de TV e rádio em todos os Estados
brasileiros juntamente com uma rede de jornais, revistas, emissoras de TV a
cabo e portais na internet.
Uma verdadeira
democratização das comunicações no Brasil passa, necessariamente, pela adoção
de medidas contra a Rede Globo, para que o monopólio seja desmontado e que a
sua programação tenha de se submeter a critérios pautados pela ética
jornalística, pelo respeito aos direitos humanos e pelo interesse público.
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