EDITORIAL
Loucos pela verdade
Estamos
vivendo um tempo onde os fascistas de plantão pretendem acionar suas armas
contra os diferentes de tal forma que, temerosa, o resto da população possa acatar
o pensamento único. Devemos ter muito cuidado.
Quem
age contra o que a mídia comum ordena e aconselha; quem não segue a linha de
ter um corpo sarado; aquele que tem cabelo diferente; aquele que ama alguém do
mesmo sexo; aquele que se veste de acordo com o que gosta... Todos podem ser
considerados loucos e ameaçados de serem presos, mortos ou espancados.
Sim,
porque de uma forma ou de outra, ainda existem no país manicômios esperando
para receber os loucos pela própria
liberdade. Manicômios gêmeos ao do Hospital Colônia de Barbacena, cuja
história está sendo lembrada aqui neste Humanitas
pela advogada Thayara Castelo Branco, nas páginas 4 e 5.
Vale
também recordar a frase de Friedrich Nietzsche: Aqueles que foram vistos dançando foram
julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.
A
luta humanista tem de aumentar a luz de seu farol sobre homens e mulheres para
que as brutalidades contra as pessoas sejam divulgadas. A luta pela verdade inclui
buscar o conhecimento por si mesmo e não aceitar um fato apenas pela fé.
Os
fascistas que se arvoram donos da verdade estão lado a lado com as armas da
morte, lado a lado com as religiões organizadas, lado a lado com a mentira e a
opressão. Eles seguem uma perigosa cartilha manipuladora. A cartilha de Joseph
Goebbels que dizia: Uma mentira repetida
mil vezes acaba por se tornar uma verdade.
Aqui
somos forjados para falar as verdades com o intuito de enaltecer a raça humana,
fugindo a todo custo do poder, pois acreditamos que quando o homem persegue o
poder, perde a visão de humanismo.
Jamais
esqueçamos que o homem é e será sempre a medida de todas as coisas.
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A posse e o afeto
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP
Lembro do “Tio Patinhas”! As revistas com esse personagem eram
trazidas por meu pai desde que começaram a sair no Brasil. Grandes, com tamanho
de meio caderno de jornal.
O que me chamava atenção era
aquele personagem numa sala de moedas, sempre solitário. Será que Disney
associou a solidão à posse de objetos?
A época era de dificuldades no
País, golpes de estado, ditaduras e planos econômicos que lembravam outra
figura dos quadrinhos: o “Cebolinha” com os planos infalíveis para derrubar “Mônica”.
Até os
primeiros anos de Faculdade compravam-se as revistinhas, sempre com o mesmo
tema. Era época da ditadura, mas o desenho se repetia.
Hoje, a
penetração das revistas é muito menor. A televisão e a internet, com suas
imagens substituíram o desenho. Mas o tema mudou?
Não! Com o
isolamento das pessoas os objetos começaram a ter valor aumentado.
Percebi
que cada vez que me sentia solitário, coisa habitual em nossa sociedade, o
desejo de adquirir alguma coisa aumentava, e muito.
Como “dinheiro
não dá em árvores”, dirigi meus desejos para as lojas de R$ 1,99 que
apaziguavam os mesmos e não pesavam no orçamento.
Parece-me
lógico que o objetivo de uma viagem é conhecer pessoas, costumes e lugares
diferentes. As viagens para compras (atualmente é moda buscar enxoval chinês
nos EUA) são bons pretextos para passeios.
Creio que
a vida atual isola as pessoas. O contato passou a ser virtual ao invés de
presencial. Nas grandes cidades o hábito de fazer visitas tornou-se mais
restrito e ausente em alguns grupos.
Por outro
lado, a máquina da propaganda tornou-se mais eficiente e a comunicação
eletrônica permite a compra por catálogo, sem sair de seu computador. A
carência de contato humano tornou-se visível.
O desejo
de compra - visto por este prisma, em um país com a economia estável pela
primeira vez desde que nasci - dá uma falsa noção de poder, poder este que não
pode ser extrapolado.
E a mesma
noção de poder transforma as pessoas em miniaturas do “Tio Patinhas”
colecionando objetos desnecessários, que nunca serão completos já que a
carência é afetiva e objetos não suprem afetos.
Pensando bem, todos deveriam adotar a lojinha de R$ 1,99, hoje está R$
4,99 como forma de não desperdiçar dinheiro e voltar a visitar amigos, parentes
e tomar uma cerveja com eles, será muito melhor para a autoestima de cada um.
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