quarta-feira, 30 de maio de 2018

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 3

Refúgio Poético – Cartas dos Leitores – Teste de Xadrez

Poema de amor
Fernando Namora (1919/1989)
Lisboa – Portugal

Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu...

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes o velho drama
do lobo que matou o cordeiro
e lhe comeu o seu pão,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou, — mal ou bem...

Depois, sabes...
eu estou cansado desta farsa.

Histórias, lendas, amores...
tudo me corre os ouvidos a fugir.
Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada;
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou...

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz...
 - - -
Quero-me só, a sofrer e a arrastar a minha cruz!

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CARTAS DOS LEITORES

O HUMANITAS chega até mim e cobre uma lacuna que vem existindo há muito tempo no meio jornalístico e literário do Brasil. Nos dias que correm, com o retorno descarado do fascismo e da intolerância, é bom saber que existe uma publicação de mente livre e ampla travando o bom combate. André Correia de Castro e Silva – Fortaleza/CE

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 4

“Cidadão” armado
Sérgio Alves é professor. Atua na cidade do Recife/PE

Recentemente recebi um vídeo, via rede social, de um “cidadão” indignado com um grupo de manifestantes que bloqueavam com pedras e paus uma via pública, impedindo o livre trânsito dos veículos que nela trafegavam.
Quem filmou o vídeo não informava a localidade nem a data do ocorrido. No entanto, após uma análise mais atenta, tudo me levou a acreditar que foi no entorno da reitoria da Universidade Federal de PE (UFPE) no dia 1º de maio de  2018. O desfecho quase acabou em tragédia e assassinato. Tentarei descrever ao caro leitor o vídeo em questão e só então, farei algumas considerações acerca do fato.  
Enquanto apenas um “cidadão” (tinha por volta de 65 anos de idade ou um pouco mais - não idoso) que desceu de seu veículo e enfrentou os manifestantes (dez ou mais pessoas) no sentido de  retirar as pedras de seu caminho, uma fila enorme de veículos se formava a cada minuto atrás do veículo do “cidadão” indignado.
O motivo da manifestação não ficou claro – não havia cartazes ou bandeiras. Não entrarei nesse mérito, mas a intolerância de ambas as partes estava à flor da pele e chamou a minha atenção.
Como eu disse, o desfecho quase foi trágico, pois, a cada retirada de uma pedra pelo “cidadão” eram recolocadas mais dez pelos manifestantes. Isso sem falar nos xingamentos e palavras insultuosas de ambos os lados.
Uma pedra lançada por um dos manifestantes que tinha como o alvo a rua, quase acerta o veículo do “cidadão”. Nesse momento, o “cidadão” alcançou o apogeu de sua cólera, correu em direção ao seu automóvel e armou-se.
Isso mesmo: armou-se com um revólver, não sei se era um 38 ou uma pistola. A correria foi geral, mas o impasse foi resolvido sem vítimas fatais. Conclamo o leitor a responder às seguintes perguntas:
Por que nossa sociedade está anestesiada pela violência? Por que a sociedade perdeu a capacidade de chocar-se diante de fatos como este? Como um grupo de indivíduos que não se conhecia se torna em um só instante - inimigos quase mortais, sob o olhar de uma plateia entorpecida e até vibrante?
Penso que, se em nossos pensamentos existe um vácuo em alguns momentos, acredito que a banalidade do mal ali se instalou. E cada vez mais, esse vazio é preenchido com que há de pior no ser humano: a intolerância, o medo, a aspereza, a comoção equivocada.
O leitor deve ter percebido que desde o início do artigo, o substantivo masculino cidadão” está grafado entre aspas. Eu respondo. Será que podemos chamar de “cidadão”, um sujeito que sai às ruas portando uma arma de fogo? Os eleitores de “Bostanaro” dirão que sim.
E eu pergunto: será que a sociedade brasileira está preparada para andar armada, seja uma arma de fogo ou uma arma branca? Quantas pessoas têm preparo e maturidade emocional para portar uma arma?
Pense, caro leitor, na infinidade de situações cotidianas em que haveria com certeza assassinatos em larga escala. Citarei algumas: a aspereza do trânsito; uma discussão banal entre vizinhos; um mal entendido entre parentes; um furão de fila num banco etc.
Voltemos ao vídeo. Não houve vítimas fatais. Estranhamente devo admitir que o “cidadão” armado mostrou preparo emocional. Não disparou! Seria ele um policial, graduado ou não? Um juiz? Um segurança particular? Será que esse “cidadão” teria a mesma atitude se não estivesse portando uma arma de fogo?
Claro que não! A arma lhe deu o poder em detrimento do diálogo.
A opção pela guerra armada está em moda. Por que chegamos a esse ponto?
Um outro olhar é necessário. Um segundo ator faz parte da cena: o “cinegrafista”. Ficou claro no áudio que o “cinegrafista” torce de forma acintosa pelo “cidadão”. Sua torcida e alegria chegam ao ápice quando o “cidadão” saca a arma. Nesse momento, é incrível como ele vibra e deseja sangue no asfalto. Como tomar partido numa situação delicada, estressante e cheia de rancores como essa?
E quanto aos manifestantes? Com que direitos tentam impedir a passagem de outros numa via pública? Será que não haveria outra forma de protesto? Será que esses pensaram no seu semelhante?
Será que pensaram naquele que tinha uma consulta médica marcada há meses? E naquele sujeito que saiu mais cedo de casa, pegou um coletivo e que não poderia faltar no seu primeiro dia de trabalho? Ou então, naquele que entrou no veículo às pressas socorrendo para um hospital, um parente ou amigo que estava tendo um AVC? Com certeza, não pensaram. Pensaram apenas em si mesmos. E, finalmente, analiso os coadjuvantes: os que assistiam atônitos e anestesiados dentro do conforto de seu veículo.
Por que não saíram de sua zona de conforto? Ora, quem lá estava no seu automóvel também era vítima. Por que não descer do veículo, averiguar a situação e tentar uma solução pacífica? Por que não usar o poder do diálogo, primeiramente?
A resposta a meu ver é simples e egoísta: “não é comigo, dane-se!!!
É. caríssimo leitor, vemos passivos uma sociedade em decadência. Aquele indivíduo que como membro de um estado, usufrui de direitos civis e políticos, “garantidos por este” (será?), desempenhando os deveres que lhes são atribuídos, parece não mais existir. A onda por cidadãos armados, intolerantes, medrosos na busca de seus direitos, é crescente.
Há esperança?

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 5

Brasil foi pela primeira vez campeão

mundial de futebol em 29 de junho de 1958
Especial do HUMANITAS

Há 60 anos, no dia 29 de junho de 1958, a Seleção Brasileira de futebol tornou-se campeã mundial pela primeira vez. Na Copa do Mundo da Suécia, o Brasil derrotou os donos da casa no histórico Estádio Rasunda, em Estocolmo.
Os suecos saíram na frente com Liedholm aos quatro minutos. Mas Vavá marcou logo dois gols e colocou a Seleção em vantagem.
No segundo tempo, Pelé marcou aos dez minutos e Zagalo aos 23. Simonsson diminuiu a diferença para os donos da casa. Mas Pelé fechou o placar: 5 a 2 na final do Mundial.
Para chegar à decisão, foram quatro vitórias e um empate. O Brasil derrotou a Áustria por 3 a 0 na estreia.
No segundo jogo, empate sem gols com a Inglaterra. Na terceira rodada da fase inicial, vitória de 2 a 0 sobre a União Soviética.
Nas quartas de final, a Seleção derrotou o País de Gales por 1 a 0. Na semifinal, a seleção derrotada foi a França: 5 a 2 no placar.
Neste ano de 2018, o futebol brasileiro como cultura humana do povo, ainda que para muitos seja considerado como uma forma de alienação mental, volta a disputar nova Copa do Mundo de Futebol. Dessa feita, o evento acontece na Rússia neste mês de junho.
Entre as curiosidades da Copa do Mundo de 1958 vemos que o Selecionado brasileiro tornou-se o primeiro a ganhar uma Copa fora do seu continente e de seu país. 
Também foi a única vez que todas as seleções da Grã-Bretanha participaram do evento: Irlanda do Norte, País de Gales, Escócia e Inglaterra.
O jogador Just Fontaine, da França, foi o maior artilheiro do torneio e da história das Copas do Mundo até hoje.
Outra curiosidade: ele usava a camisa 13, mesmo número de gols que marcou. O vice-artilheiro foi Pelé com seis gols.
Como a partida final iria ser contra a Suécia, que usava camisa amarela e era o anfitrião, a Seleção brasileira teve que usar camisas azuis, que foram compradas às pressas para poder jogar a final.
Bellini, capitão da Seleção brasileira, elevou o troféu da Copa para o alto a pedido dos fotógrafos que estavam no local. Este gesto seria repetido para sempre por todos os futuros capitães das seleções campeãs do mundo.
Desde a goleada histórica de 7 x 1 frente à Seleção da Alemanha, no ano de 2014, quando perdeu mais uma Copa em casa (a outra vez foi em 1950), a Seleção brasileira pretende realizar um voo mais promissor neste 2018. Os torcedores esperam por esse sucesso.
  Ainda que não sejamos favoritos absolutos, somos respeitados como potência futebolística em todo o mundo, pois a hegemonia ainda é nossa com cinco Copas contra quatro da Alemanha, quatro da Itália, duas da Argentina, duas do Uruguai, e uma da Inglaterra, França e Espanha.

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 6


A mentira como alicerce do fascismo
Especial do HUMANITAS

Quem estudou a História da Humanidade sabe muito bem como o Terceiro Reich chegou ao poder na Alemanha no início dos anos 1930.
Quem estudou a História da Humanidade aprendeu sobre a importância da propaganda, com a “institucionalização da mentira”, visando influenciar opiniões em massa e obter apoio popular.
Quem estudou a História da Humanidade sabe que o ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, expurgou artistas e escritores judeus e de esquerda, construindo uma enorme infraestrutura de mídia, criando na Alemanha uma atmosfera que tornou possível aos nazistas cometerem atrocidades terríveis contra judeus, homossexuais e outras minorias.
Quem estudou a História da Humanidade sabe como a minoria partidária de Hitler e Goebbels assumiu e levou o povo alemão a participar de assassinatos em massa.
Os estudiosos do totalitarismo do pós-guerra, Theodor Adorno e Hannah Arendt, escreveram sobre tudo isso décadas depois.
Adorno contribuiu com um volume maciço de psicologia social chamado “The Authoritarian Personality”, que estudava indivíduos predispostos aos apelos do totalitarismo.
Arendt examinou os regimes de Hitler, Stalin e seus funcionários, a ideologia do racismo científico e o mecanismo da propaganda que buscavam, segundo ela, fomentar “uma mistura variada de credulidade e cinismo com a qual cada membro era submergido e onde se esperava que reagisse às mudanças das declarações mentirosas dos líderes”.
Assim escreveu, em 1951, “Origens do Totalitarismo”, mostrando como essa mistura de ingenuidade e cinismo prevalece em todas as categorias de movimentos totalitários:
“Os líderes totalitários de massa basearam a propaganda na correta suposição psicológica de que, sob tais condições, alguém poderia fazer as pessoas, “um dia”, acreditarem nas afirmações mais fantásticas e confiar que, se no dia seguinte fossem dadas provas irrefutáveis ​​da falsidade, elas se refugiariam no cinismo”.
“Em vez de abandonar os líderes que haviam mentido, elas iriam afirmar que sabiam o tempo todo que a declaração era uma mentira e admirariam os líderes por sua superior inteligência tática”.
Quem estudou a História da Humanidade sabe que a “mentira” funcionava como um meio de dominar completamente os subordinados, que teriam que deixar de lado toda a sua integridade para repetir falsidades ultrajantes e então ficariam ligados ao líder por vergonha e cumplicidade.
O professor de filosofia política da Universidade McGill, Jacob T. Levy assinala que “os grandes analistas da verdade e da linguagem na política incluindo George Orwell, Hannah Arendt e Vaclav Havel, podem nos ajudar a reconhecer esse tipo de mentira pelo que é”.
 “Dizer algo obviamente falso e fazer seus subordinados repeti-lo com uma expressão séria em sua própria voz, é uma exibição de poder sobre eles. É algo endêmico ao totalitarismo”.
Arendt reconheceu, escreve Levy, que ser feito para repetir uma mentira óbvia deixa claro que você é impotente.
A análise de Arendt da propaganda e da função das mentiras parece particularmente relevante na época em que hoje vivemos.
Os tipos de mentiras descaradas que ela descreveu podem se tornar tão comuns que se tornam banais, e estão sendo propagadas através da mídia e pela internet no Brasil e mundo afora, sem que seus autores sejam punidos.
Quem não estudou a História da Humanidade e tudo que o nazifascismo trouxe de ruim é um analfabeto da história, inclusive um analfabeto político e não merece ter suas opiniões respeitadas.
  Quem não estudou a História da Humanidade e se posiciona ao lado dos atuais fascistas da ultradireita não merece respeito.

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 7


O melhor de ser de si mesmo...
Ana Leandro – colaboradora do Humanitas - é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG

Pois o paraíso está logo ali...
Bem dentro de nós!

Um jovem leitor me perguntou certa vez, sem muita cerimônia: “Você é feminista?!” A indagação, embora a ouça com certa frequência (interessante... Toda vez, que um homem encontra uma mulher que “ousa” expor ideias, suspeita que ela é “feminista”) me pega, entretanto, desprevenida.
Para não cair em armadilhas respondo com outra pergunta: “Qual o seu conceito de feminista?”
Ele não gosta e diz que estou tentando “manipular” a resposta.
Gosto do jeito deste jovem: crítico! Tem talvez uns dezesseis anos e faz parte desta juventude luminosa que aprendeu a perguntar antes de julgar.
Mas ouso pedir-lhe o direito de que pelo menos me diga, em que momento dos meus escritos lhe dei esta impressão. Ele responde: “naquele que você analisa o caso de uma agressão física de um homem contra uma mulher que o abandona por isto...” (referência ao texto de minha autoria “do poder de amar... ou de destruir”).
Respondo então mais animada:
  Ah! Bom! Se foi por isso então estou tranquila para responder-lhe, que não sou “feminista”; sou “humanista”!
Defendo o “Ser Humano”. Todos eles: crianças, adultos, sem qualquer distinção por sexo, raça, cor ou credo religioso.
Acredito na nossa capacidade de resolvermos problemas sem apelarmos para recursos tão “irracionais”.
De uma certa maneira, nesse contexto, isto é uma defesa que faço também da ala masculina: estou certa de que vocês, homens, têm valores muito maiores do que a força física!
Ao que parece ele ficou feliz com a resposta.
Disse que concorda comigo. E continuou como amigo!
Assim sendo dedico esta crônica a ele e a todos os homens que neste século XXI estão descobrindo que o domínio pela força física é coisa da idade da pedra.
Lá sim, a mulher era “obrigada” a seguir um homem, nem que fosse arrastada pelos cabelos.
Isso quando interessava a “ele”, pois do contrário ela era rechaçada também pela agressão.
Essa nova mulher que aí está com a coragem de expor ideias e decidir livremente se “quer ou não quer ir junto” é muito melhor “parceira”! Experimente fazer uma “parceria” de qualquer natureza (uma simples caminhada, por exemplo), com alguém que não tenha a mesma vontade! É terrível!
Você acaba se sentindo mal com uma participação involuntária.
O melhor percurso é aquele que você faz ao lado de alguém feliz por estar ali.
A felicidade é contagiosa... Assim como também a infelicidade!
O leitor que me abordou é jovem. Lê, discute, critica.
Mas quer respostas “não manipuladas”. Pertence à geração disposta a mudanças.
Independente da opinião dele a respeito do assunto quis saber a “minha opinião!” Para comparar, conferir a validade dos argumentos e ver se os aprova para sua experiência pessoal de vida.
Mas escuta! Presta atenção! Considera os ângulos “do outro!” Se tomo uma vertente de simplesmente defender direitos de igualdade, provavelmente minha tese cairia por terra no conceito dele. Porque de fato a propalada “igualdade de direitos” é uma conquista pessoal, embora felizmente, também se propague de forma coletiva e até contemporaneamente jurídica.
É preciso ter a coragem, como teve a mulher referida, de dizer: “não quero mais ser infeliz!” Quem vai ousar se negar a aceitar direitos de quem os conquista? É uma árdua batalha essa luta milenar. Mas quem poderá negar as muitas vitórias desse “desbravamento”?
O desbravar da vida pelo “Direito de SER”.

HUMANITAS Nº 72 – JUNHO DE 2018 –PÁGINA 8

Helen Keller: exemplo de luta contra a deficiência
Especial do HUMANITAS

Helen Keller (1880-1968) foi uma escritora e ativista social norte-americana. Cega e surda formou-se em filosofia e lutou em defesa dos direitos sociais, em defesa das mulheres e das pessoas com deficiência. Foi a primeira pessoa cega e surda a entrar para uma instituição de ensino superior.
Helen Adams Keller (1880-1968) nasceu em Tuscumbia, Noroeste do Alabama, Estados Unidos, no dia 27 de junho de 1880. Filha de um capitão aposentado e editor do jornal local, com 19 meses de idade contraiu uma doença diagnosticada como febre cerebral, que a deixou cega e surda.
Tornou-se uma criança difícil, gritava e tinha acessos de mau humor. Em 3 de março de 1887, antes de completar sete anos de idade, Helen passou a contar com a ajuda da professora Anne Sullivan que foi contratada pela família e passou a morar em sua casa.
A professora, que aos cinco anos perdera parte da visão e aos dez ficou órfã de mãe, foi abandonada pelo pai e colocada em um albergue. Em 1886 graduou-se na “Perkins School for the Blind”, uma escola para cegos e começou a procurar um emprego.
Com muito trabalho e paciência, a partir de abril de 1887, Anne consegue fazer Helen entender o significado das palavras que eram soletradas em sua mão, pela professora. A primeira palavra foi água, que era soletrada em uma das mãos e sentida na outra, despertando o entendimento da palavra. Em um só dia Helen aprendeu trinta palavras. Mais tarde, numa rápida assimilação ela aprendeu os alfabetos Braille e o manual, o que facilitou sua escrita e leitura. Em 1890 Helen pediu a sua professora para aprender a falar.
Foi matriculada no Institute Horace Mann para surdos, em Boston e em seguida na Escola Wright-Humason Oral School de Nova York, onde durante dois anos recebeu aulas de linguagem falada e de leitura labial.
Além de conseguir aprender a ler, escrever e falar, Helen estudou as disciplinas do currículo regular da escola. Antes de se formar, escreveu a autobiografia “A História de Minha Vida”, publicada em 1902.
Em sua árdua luta para se integrar à sociedade, escreveu uma série de artigos para o “Ladies Home Journal”. Em seus trabalhos literários, usava a máquina de datilografia de Braille preparando os artigos e depois os copiava na máquina de datilografia comum.
Em 1904 graduou-se bacharel em Filosofia pelo Radcliffe College.
Desenvolveu diversos trabalhos em favor das pessoas com deficiência, participou de campanhas pelo voto feminino e pelos direitos trabalhistas.
A partir de 1924, Helen foi nomeada membro e conselheira em relações nacionais e internacionais da “American Fundation for the Blind”, fundada em 1921, uma instituição para informações sobre a cegueira.
Em 1924 foi também o ano em que começou sua campanha para levantar verbas para a criação da Fundação Helen Keller.
A partir de 1946 deu início a uma série de viagens, visitando 35 países.
Em 1952 foi nomeada “Cavaleiro da Legião de Honra da França”.
Recebeu a “Ordem do Cruzeiro do Sul”, no Brasil, o “Tesouro Sagrado”, no Japão, o prêmio “Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências Sociais”, entre outros.
Tornou-se membro honorário de sociedades científicas e organizações filantrópicas dos cinco continentes.
Helen Keller faleceu em Easton, Connecticut, Estados Unidos, no dia 1 de junho de 1968.
Nesse mesmo ano foi lançado o filme “O Milagre de Anne Sullivan”, um drama biográfico baseado no livro de Helen.