Refúgio Poético – Cartas dos Leitores –
Teste de Xadrez
Poema
de amor
Fernando Namora (1919/1989)
Lisboa
– Portugal
Se
te pedirem, amor, se te pedirem
que
contes a velha história
da
nau que partiu
e
se perdeu,
não
contes, amor, não contes
que
o mar és tu
e
a nau sou eu...
E
se pedirem, amor, e se pedirem
que
contes o velho drama
do
lobo que matou o cordeiro
e
lhe comeu o seu pão,
não
contes, amor, não contes
que
o lobo é a minha carne
e
o cordeiro a minha estrela
que
sempre tu conheceste
e
te guiou, — mal ou bem...
Depois,
sabes...
eu
estou cansado desta farsa.
Histórias,
lendas, amores...
tudo
me corre os ouvidos a fugir.
Sou
o guerreiro sem forças
para
erguer a sua espada;
sou
o piloto do barco
que
a tempestade afundou...
Não
contes, amor, não contes
que
eu tenho a alma sem luz...
- - -
Quero-me
só, a sofrer e a arrastar a minha cruz!
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CARTAS DOS LEITORES
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