O melhor de
ser de si mesmo...
Ana Leandro – colaboradora do Humanitas
- é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG
Pois
o paraíso está logo ali...
Bem
dentro de nós!
Um jovem leitor me perguntou certa vez, sem
muita cerimônia: “Você é feminista?!”
A indagação, embora a ouça com certa frequência (interessante... Toda vez, que
um homem encontra uma mulher que “ousa” expor ideias, suspeita que ela é
“feminista”) me pega, entretanto, desprevenida.
Para não cair em armadilhas respondo com
outra pergunta: “Qual o seu conceito de
feminista?”
Ele não gosta e diz que estou tentando “manipular”
a resposta.
Gosto do jeito deste jovem: crítico! Tem
talvez uns dezesseis anos e faz parte desta juventude luminosa que aprendeu a
perguntar antes de julgar.
Mas ouso pedir-lhe o direito de que pelo
menos me diga, em que momento dos meus escritos lhe dei esta impressão. Ele
responde: “naquele que você analisa o
caso de uma agressão física de um homem contra uma mulher que o abandona por
isto...” (referência ao texto de minha autoria “do poder de amar... ou de destruir”).
Respondo então mais animada:
“Ah! Bom! Se foi por isso então estou tranquila para responder-lhe, que
não sou “feminista”; sou “humanista”!
Defendo o “Ser Humano”. Todos eles:
crianças, adultos, sem qualquer distinção por sexo, raça, cor ou credo
religioso.
Acredito na nossa capacidade de resolvermos
problemas sem apelarmos para recursos tão “irracionais”.
De uma certa maneira, nesse contexto, isto
é uma defesa que faço também da ala masculina: estou certa de que vocês,
homens, têm valores muito maiores do que a força física!
Ao que parece ele ficou feliz com a
resposta.
Disse que concorda comigo. E continuou como
amigo!
Assim sendo dedico esta crônica a ele e a
todos os homens que neste século XXI estão descobrindo que o domínio pela força
física é coisa da idade da pedra.
Lá sim, a mulher era “obrigada” a seguir um homem, nem que fosse arrastada pelos
cabelos.
Isso quando interessava a “ele”, pois do contrário ela era
rechaçada também pela agressão.
Essa nova mulher que aí está com a coragem
de expor ideias e decidir livremente se “quer
ou não quer ir junto” é muito melhor “parceira”!
Experimente fazer uma “parceria” de qualquer natureza (uma simples
caminhada, por exemplo), com alguém que não tenha a mesma vontade! É terrível!
Você acaba se sentindo mal com uma
participação involuntária.
O melhor percurso é aquele que você faz ao
lado de alguém feliz por estar ali.
A felicidade é contagiosa... Assim como
também a infelicidade!
O leitor que me abordou é jovem. Lê,
discute, critica.
Mas quer respostas “não manipuladas”.
Pertence à geração disposta a mudanças.
Independente da opinião dele a respeito do
assunto quis saber a “minha opinião!” Para comparar, conferir a validade
dos argumentos e ver se os aprova para sua experiência pessoal de vida.
Mas escuta! Presta atenção! Considera os
ângulos “do outro!” Se tomo uma
vertente de simplesmente defender direitos de igualdade, provavelmente minha
tese cairia por terra no conceito dele. Porque de fato a propalada “igualdade de direitos” é uma conquista
pessoal, embora felizmente, também se propague de forma coletiva e até
contemporaneamente jurídica.
É preciso ter a coragem, como teve a mulher
referida, de dizer: “não quero mais ser
infeliz!” Quem vai ousar se negar a aceitar direitos de quem os conquista?
É uma árdua batalha essa luta milenar. Mas quem poderá negar as muitas vitórias
desse “desbravamento”?
O desbravar da vida pelo “Direito de
SER”.
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