quinta-feira, 24 de setembro de 2015

HUMANITAS Nº 40 – EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 8

Pesquisa mostra que o ateísmo cresce no mundo
 Anne Christine Mendes
Olinda/PE
Especial para o Humanitas

O Instituto Gallup Internacional realizou uma entrevista referente às crenças religiosas com milhares de pessoas em 57 países e constatou que o número de indivíduos que se consideram religiosos caiu quase dez pontos percentuais.
Por essa pesquisa, no ano de 2005 um total de 77% das pessoas nesses países era religiosa, em 2011 esse número representa 68% enquanto que o número de ateus passou de 3% para 13% no mesmo período.
Em entrevista à BBC o professor de sociologia e estudos seculares do Pitzer College (Califórnia - EUA), Phil Zuckerman, afirmou que o crescimento de ateus é visível  em todo o mundo.
Há muito mais ateus no mundo hoje do que jamais houve, tanto em números absolutos quanto em porcentagem da humanidade, afirmou Zuckerman.
Um dos principais fatores para esse crescimento seria a estabilidade econômica e política de alguns países europeus onde o secularismo avançou até conseguir ultrapassar o número de religiosos.
Países como Canadá, Japão, Grã-Bretanha, Holanda, Alemanha, França, República Tcheca e Uruguai possuem os menores índices de crença religiosa do mundo, enquanto que os Estados Unidos já tem 2,4% da sua população formada por ateus.
Apesar desse crescimento o psicólogo social da Universidade da Columbia Britânica em Vancouver (Canadá), Ara Norenzayan, diz que não há riscos de a religião se acabar no mundo.
Declínio, no entanto, não quer dizer desaparecimento. Por alguma razão, a religião parece dar um sentido ao sofrimento, muito mais do que qualquer ideal secular, disse ele.
Também no Oriente Médio em pesquisa realizada pela Dar al-IFTA, instituição estatal egípcia que difunde dados ligados ao islã, o ateísmo está crescendo, sendo que só o Egito possui 866 ateus. O dado parece irrelevante se pensarmos que representa 0,001% da população do país, porém para os egípcios os dados podem ser alarmantes.
Em outra pesquisa, dessa vez realizada pela Universidade Al-Azhar, entidade que ostenta muito prestígio dos sunitas, a quantidade de ateus pode chegar a 10,7 milhões se pensarmos na proporção do estudo que mostrou que 12,3% da população não está ligada a nenhuma religião.
Os religiosos já estão preocupados com o aumento do ateísmo no Egito. Em outubro deste ano o sheik  Ahmad al-Tayyib,  da Universidade Al-Azhar, foi na televisão comentar que as pessoas sem religião não fazem mais parte de uma minoria e que esse afastamento é um desafio social.
O fenômeno do secularismo que atingiu a Europa nas últimas décadas está encontrando um terreno fértil no mundo árabe, onde vários países muçulmanos já começam a ter representantes ateus cada vez mais organizados graças à internet.
O jornal alemão DW conseguiu encontrar alguns grupos de ateus no Facebook dos países Tunísia, Sudão, Egito e Arábia Saudita, todos com fortes ligações com o islamismo, religião que vê os ateus como pessoas que podem espalhar discórdia entre os fiéis, algo visto como um pecado grave.
Na Arábia Saudita os ateus são comparados aos terroristas, grupos que representam grande ameaça para o país.
Lá, 19% da população não têm religião, e 5% confessaram ser ateus. No Iraque ninguém se declarou ateu, mas 9% da população afirmaram não serem religiosos.
No Brasil, como se pode ver no gráfico, segundo o censo demográfico de 2010 do IBGE, o número de pessoas sem religião também está crescendo.

HUMANITAS Nº 40 – EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 7

Criança não pode ser só esperança...
Especial para o Humanitas

Ana Maria Leandro integra a Academia Mineira de Letras e colabora com o Humanitas há três anos. Escritora e jornalista em Belo Horizonte/MG

Analisando o projeto oficial do Criança Esperança - publicado pelos agentes do projeto - vejo que é uma campanha de uma Emissora de Televisão com a Unesco que atua na defesa dos direitos das crianças.
Ora, entendo que a palavra esperança significa algo que se espera. Algo para o amanhã, ou no mínimo para um futuro próximo. Mas a criança é o hoje, o agora, o que não se pode esperar a não ser na vida uterina, ainda assim, um esperar já vivenciado com todos os cuidados para que essa fase seja plena dos requisitos da saúde, do amor,  e até do emocional equilibrado dos que a esperam. Uma criança é um contexto resultante de um todo, resultado de um hoje muito bem vivido pelos que a cercam.
Já disse em uma crônica de minha obra não há filho feliz de mãe infeliz, nem vice-versa (A Coragem e a Delícia de Recomeçar; LEANDRO, M. Ana, Edit. Baraúna). Esperança é bom, mas não basta. Aliás, nem mesmo é válido isoladamente, porque o que mais se vê nos rincões brasileiros (e até em grandes metrópoles), é criança até sendo roubada em seus direitos.
É comum reportagens claras de tais absurdos até em roubo de merenda escolar (sendo que muitos lá vão principalmente para comer, porque em casa não há), estrutura de ensino, professores desestimulados e muitas vezes  despreparados para a tarefa.
Que esperança se pode ter neste quadro?
Sabe criança, você tem direito é à realidade! Aquela que está na nossa Constituição, afirmando que é seu direito garantido: a moradia decente, a melhor escola, o professor que ama sua tarefa porque ama você, através de seu trabalho educador. Para você a realidade tem de ser a alegria de brincar nas ruas sem medos de assaltos e estupros. Saber quem é seu genitor e se orgulhar de dizer que ele é um pai incorruptível e ela uma mãe que não a teve por acaso, mas porque a desejou.
Alguns dirão: não há realidade sem esperança de alcançá-la. Mas a esperança é só a esperança: um sentimento, uma emoção, um intuito. Se não nos unirmos num povo forte, unido, conduzido sob a égide da transparência, da justiça, da democracia autêntica, então a esperança de nada servirá, e não construirá a realidade que se pretende. Pergunta-se: e qual a prova que o povo tem, de que toda a verba usada no Criança Esperança de fato está sendo inteiramente utilizada em prol de você, criança?
Os gestores desta campanha usaram exatamente o que há de mais sensibilizador: VOCÊ! Não podia haver Marketing melhor.
Em nome de VOCÊ se consegue, tenho certeza, fábulas de dinheiro. Mas você tinha de ter toda uma maravilhosa realidade pelos direitos que lhe são legalmente outorgados, independente de doadores, muitos deles que talvez abafem seus próprios remorsos de colocar no mundo toda uma geração que precisa esmolar.
Foi um excelente Marketing, isto não se pode negar! Os maiores astros da mídia se dispuseram imediatamente à proposta, mesmo porque isto é em si um Marketing para eles. E para a emissora que os converge.
Quando vejo crianças e adolescentes dormindo debaixo de viadutos, usando papelões como colchão e papéis ou farrapos para se cobrirem pergunto: mas a que chamam de esperança? Esperança criada em alicerces de esmola (sim, o Criança Esperança, também é uma reunião de esmolas!). Quando vejo bebês nos colos de mães pedindo esmolas no trânsito, as mães barrigudas, talvez carregando uma nova esperança, me pergunto: a que chamamos esperança? Quando vejo ruas povoadas de crianças se drogando, roubando, matando, fazendo arrastões, me pergunto: mas onde estão as Crianças da Esperança?...
Eu sei... Talvez estejam em pequenos grupos, aqui e ali. Em projetos planejados por instituições que sabe-se lá, até que ponto utilizam a verba em benefício apenas das crianças. É difícil acreditar na verdade onde não haja uma total transparência de ações. 
Talvez seja mais que outra esperança seguida de ação o que este país precisa. Precisa de uma verdade: precisamos gerar gente, capaz por sua vez de gerar novas gerações, que não precisem esmolar...

HUMANITAS Nº 40 – EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 6

A vida é mais antiga que o planeta Terra

Pedro Rodrigues Arcanjo
Olinda/PE-
Especial para o HUMANITAS
Diversos cientistas em todo o mundo usaram, nos últimos anos, a biologia e a computação para sugerir uma nova hipótese: a de que a vida teria surgido primeiro que o planeta Terra. E também que poderia ter se originado fora do sistema solar.
Para chegar a essa conclusão, os geneticistas Alexei Sharov e Richard Gordon usaram a chamada Lei de Moore para calcular a evolução da complexidade da vida na Terra.
A Lei de Moore é a teoria computacional que sugere que os computadores dobram sua capacidade de processamento a cada dois anos. Usando essa lei, hoje, podemos voltar a década de 1960, quando o primeiro microship foi produzido.
No estudo, a Lei de Moore sugeriu que a vida orgânica surgiu muito antes do que o planeta Terra – muito antes até mesmo do nascimento do sistema solar, que se formou há aproximadamente 4,5 bilhões de anos (incluindo todos os planetas). Segundo os pesquisadores, a vida teria surgido há pelo menos 10 bilhões de anos, época em que o universo ainda era muito jovem.
A lei de Moore mostra que é matematicamente possível que a vida tenha antecedido a Terra, mas a hipótese ainda é tema de debates. Os geneticistas garantem que sim, que essa hipótese é plausível.
Segundo eles, quando nosso sistema solar estava se formando, formas simples de vida podem ter sido trazidas para os planetas. Essa hipótese é chamada panspermia.
Vale frisar que os cálculos feitos pelos cientistas não servem como evidência de que a vida tenha surgido há tanto tempo, pois é impossível ter certeza de que a complexidade orgânica evoluiu de forma constante durante bilhões de anos.
O geneticista Alexei Sharov acredita que existem muitos elementos hipotéticos no argumento, mas para uma visão mais ampla, esses elementos são necessários.
A hipótese também levanta outras ideias. Se a complexidade da vida evoluiu de forma constante, então a evolução social e científica de qualquer forma de vida em qualquer canto do universo teoricamente deve ser igual à dos humanos. Assim, é possível que existam algumas civilizações avançadas até mesmo em nossa galáxia, a Via Láctea. 
Muitos cientistas já admitem que há uma chance de que a vida na Terra tenha sido trazida do espaço, por meio de colisões de rochas espaciais como cometas e asteroides. 
Para apoiar mais essa hipótese, estudo apresentado na revista americana Science indica que metade da água do nosso planeta deve ser mais antiga do que o Sistema 
Isso aumenta a possibilidade de existir vida fora de nossa galáxia, a Via Láctea. 
Pesquisadores da Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha, realizando experiências químicas com as possíveis moléculas de água formadas no Sistema Solar e as que existiam antes, descobriram que entre 30 e 50% da água consumida hoje em dia é cerca de um milhão de anos mais antiga do que o Sol. 
Levando-se em conta que a água é elemento crucial para o desenvolvimento da vida na Terra, os resultados desse estudo podem sugerir que a vida existe em outro lugar mais além da nossa galáxia.
Tais resultados aumentam a possibilidade de que alguns planetas fora de nosso Sistema Solar possuam as condições propícias e grandes recursos de água que permitam a existência de vida e sua posterior evolução.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

HUMANITAS Nº 40 – EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 5

O poder do povo foi sequestrado
Especial para o Humanitas
Valério Carvalho. Historiador pela UFRPE. 
É pernambucano e atualmente reside na  cidade de Olinda

Artigo 1º da Constituição, parágrafo único: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Porém, não obstante tais palavras, poucos parlamentares destoam, no melhor dos sentidos, da pasmaceira e subserviência cultural que campeiam em um Congresso nacional rastejante e vil (observe-se que me abstenho – ainda - de classificar a maioria dos parlamentares de entreguistas venais, sórdidos e pusilânimes).
Aceitar essa história batida de que a “lei é fria” é o que permite que novas ilegítimas leis se acumulem perante nós; e ante os absurdos do momento presente, periga acontecer que fiquemos lerdos e desatentos ao tempo que passa, dando espaço à imbecilidade fanática que se sobrepõe com arrogância.
O resultado evidente disso tudo é a intolerância que vem sendo disseminada campeando por essas plagas. Se não tivermos cautela e cuidado, arrisca-se espalhar a mácula do estigma que acabará respingando em nossa frágil e recente democracia, o que nos levará a todos a mais um período de trevas.
Por isso constitui imperativo de honra e dignidade resistir, denunciar e combater esses agentes do obscurantismo que ameaçam levar-nos a uma guerra fratricida.
A coragem se faz necessária para que se possa cumprir o dia a dia com decência, que é, afinal, a remuneração e o apanágio dos livres. Como bem se diz “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.
Então cabe a nós, o povo, nos dar ao respeito para fazer que a Democracia se fortaleça. Apesar desses “cenários de corrupções” é necessário manter em cada um a capacidade de se indignar e tornar esse sentimento semelhante a um motor - que ao iniciar sua marcha coloca em movimento todo o giro do mundo.
Mas a História parece não ensinar, o que passou se repete, e se repete ad nauseam...
Assim convém prestar atenção ao fato de que (quanto à reforma) até agora grande parte dos parlamentares fala em mandato único apenas para os cargos executivos de presidente, governador e prefeito; observa-se facilmente que isso deixaria exclusivamente a eles o direito de se reeleger.
Pode até haver justificativa para isso, mas nada impede  duvidar da necessária isenção e seriedade de uma instituição que tem por hábito legislar em causa própria - como é o caso dos aumentos de salários e outras regalias decididas entre e para eles.
Será mesmo que são essas as pessoas mais qualificadas para decidir as regras de uma reforma política que contemple os reais interesses da nação? Porque não pensar numa Constituinte exclusiva, eleita apenas para propor essa reforma, e depois submeter o resultado ao referendo popular?
O que testemunhamos é a usurpação do poder por via de um congresso semi-deslegitimado por desvio de função; porque fazer as modificações que estão em marcha, seria mais aconselhável e cabível como atribuição exclusiva de uma Assembleia Constituinte soberana para tratar da condução da necessária reforma política.
E afastar de vez esse arremedo de reforma que alija o povo de participar dos seus destinos em nosso pretenso “Estado Democrático de Direito”, que é, aliás, o dístico que antecede a intenção de princípios que foi exarada no Artigo 1º, aquele que diz que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

HUMANITAS Nº 40 - EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 4

Dilma Rousseff revelou ao mundo a carranca vagínica da oposição
Flávio de Oliveira Ribeiro
São Paulo/SP
Extraído de www.jornalggn.com.br

Em razão da multiplicação dos abusos jornalísticos, políticos, judiciários e parlamentares em todo o país resolvi fazer algumas comparações. Aviso desde logo que elas serão todas abusivas.
Costa e Silva era alcoólatra e viciado em jogo, mas não usava tanta cocaína como Aécio Neves.
João Batista Figueiredo era valentão e tinha mais escrúpulos democráticos que Eduardo Cunha.
Instigado pelo embaixador dos EUA, Castelo Branco rasgou uma Constituição. Apesar disso, ele nunca cogitou entregar o nosso petróleo aos norte-americanos como José Serra.
Armando Falcão nunca tinha nada a declarar. Nada do que Eduardo Cardoso declare será levado a sério pelos seus subordinados na Polícia Federal.
Ibrahim Abi-Ackel caiu em desgraça em razão de ter sido acusado de traficar pedras preciosas. Acharam 450 quilos de cocaína num helicóptero do Perrella e ele nem mesmo foi denunciado.
Emilio Garrastazu Médici governou com mão de ferro, seus esbirros quebraram ossos para o Brasil construir estatais.
FHC governou com mão de gato, privatizou as estatais a preço de banana, enriqueceu os amigos dele e quebrou o país três vezes.
O militar Jarbas Passarinho destruiu a educação universitária que o operário Lula procurou fortalecer.
Unidos no sadismo para fazer a democracia sangrar no Congresso Nacional, Aloysio Nunes (ex-terrorista de esquerda) e Jair Bolsonaro (terrorista de direita frustrado) evocam a imagem de Sérgio Fernando Paranhos Fleury.
O delegado do terror colocou seus instintos sádicos a serviço de uma ditadura militar e seus duplos fazem isso em benefício próprio.
Os comandantes das Forças Armadas rejeitaram publicamente dar o golpe de estado muito desejado por FHC, Aécio Neves, José Serra, Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro e outros de calibre igual ou pior.
Empresas de comunicação que apoiaram os ditadores e lucraram com a ditadura atacam ferozmente Dilma Rousseff porque ela ousou derrotar democraticamente seu adversário. “Ela governa e se recusa a renunciar!”- rosnam diariamente os jornalistas.
A dívida externa é História para os brasileiros nascidos na última década. A inflação galopante deixou de existir. Há universidade para ricos e pobres. O desemprego é moderado e tende a estabilizar ou reduzir.
O crescimento econômico é esperado pelos empresários alemães, japoneses e chineses que investem no Brasil. O petróleo do Pré-Sal é uma poupança que começa a ser sacada do fundo do oceano pela Petrobrás. As reservas cambiais do Brasil são consideráveis. As Forças Armadas estão sendo modernizadas.
O Brasil adquiriu um status que nunca teve na arena internacional. No seu melhor momento o país enlouquece, porque um punhado de birutas quer governar sem ter ganho a eleição.
Eu, que fui vítima da ditadura, cresci num país odiado dentro e fora de suas fronteiras, amadureci sendo torturado pela inflação e perseguido pelo desemprego, estou bem à vontade para dizer o que penso. Vou vivendo, observando e rindo desta nova loucura nacional. O sucesso e o fracasso são incapazes de afetar a alma do Brasil.
Nosso país padece de um mal qualquer que se revela nas tragédias cotidianas e se esconde nos discursos judiciários. Nunca entendi o Brasil. Não o entendo agora e provavelmente vou morrer sem conseguir entendê-lo. Entre o “ser em si” e o “ente do ser” (a imagem que dele é vista) há um abismo.
O Brasil não é “ser para si”, nem “ente do ser de qualquer outro país. Vivemos num abismo e nossas vidas vão sendo desorganizadas de maneira abismática pela irracionalidade da oposição e da imprensa.
As meninas sofrem por causa da ausência do pênis que não têm, dizem os psicólogos. Os homens que citei não despertam inveja em ninguém. Alguns deles, contudo, invejam intensamente a mulher que, por seus próprios méritos, foi reeleita presidente contra tudo e contra todos. Num país normal isto não faria sentido. No Brasil isto pode fornecer uma explicação pouco usual para a essência nacional.
O vazio abissal que se apoderou das existências dos políticos da oposição os faz sofrer pela ausência da vagina presidencial. Eles não querem copular com a presidente, e sim roubar a vagina dela. Homens vagínicos os tucanos são. E aqueles que se mostram mais machões são justamente os menos viris. Nesse contexto, conseguimos enfim começar a entender como e porque surgiram os famosos adesivos da presidente se expondo à penetração por mangueiras de gasolina. 

HUMANITAS Nº 40 – EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 – PÁGINA 3

CARTAS DOS LEITORES

Fico sempre ansiosa para receber o Humanitas. Karla da Silva Varejão - Olinda/PE
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Um jornal que traz fatos novos para a cultura. Antonio Carlos de Almeida – Recife/PE
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O Humanitas cria novos rumos para o saber. Maria do Rosário de Oliveira – Belo Horizonte/MG
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A verdade histórica está bem viva no Humanitas. Ricardo Silveira – Olinda/PE
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Um jornal pequeno, mas muito especial. Geraldo José de Lima – Recife/PE
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REFÚGIO POÉTICO

Loucura
Rafael Rocha
Recife-PE
Do livro Poemas Escolhidos

Levante a noite estrelas como um dístico
A tempestade ponha raios sobre as águas
Terremotos criem sons apocalípticos
Antes de um corpo inteiro trazer mágoas
A dissolver dentro de mim o abandono
Como se raízes não possam ter na terra
A desejar para meu tempo eterno sono
Quando as mãos se preparam para a guerra
Matando anseios de paixões tormentosas
Renascidas do ventre e dentre as pernas
Onde o poeta glorifica a causa louca
E onde põe desvairado a própria boca
Pronta a sugar todo o doce mel das rosas
A deslizar dessas vermelhas pétalas
............................
Intimidade
Juareiz Correya
Recife/PE

eu gosto
do teu cheiro de dentro
de dizer que te mato
de prazer de cansaço
de perder os meus braços
navegando em teu mar

eu gosto
dessa carne que arde
mais cedo e mais tarde
pelos cantos da casa
de fazer minha rede
no vaivém dessas pernas
(no aconchego das coxas)
de cair de cabeça
nos segredos da gruta

eu gosto
desse gosto mais doce
que o teu corpo oferece
de tanto gozar
do teu longo arrepio
dessas voltas do cio
desse amor sem parar
....................................
Pessoa
Koló Farias Eduão
Irecê/BA

Pessoa!
venha me consolar
a estrada não me espera
é tempo da nova era
de vera; mas vai passar.

Pessoa!
deixe a vida me levar
é hora de acontecer
tenho tudo pra fazer
se o vento me levar.

Pessoa!
eu quero subir o rio
e preciso do meu barco
é nele que eu embarco
na hora de navegar.

Pessoa!
não me deixe andar só
e se quiser uma companhia
eu sou versos e sou poesia
e a vida chama para amar.

HUMANITAS Nº 40 - EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 2

EDITORIAL

Democracia e mídia

O pilar maior e de mais vital importância para a democracia é a liberdade de expressão. Se em um país não existe a possibilidade de discutir e opinar abertamente sobre os temas ligados a todas as esferas sociais e políticas então a democracia não existe.
Mas até onde podemos levar nossa liberdade de opinião e de expressão? Podemos ir longe, sim. Devemos defender essa liberdade com unhas e dentes, mas também devemos assumir responsabilidade sobre ela. Responsabilidade essa, principalmente criminal, pois difamar, injuriar e caluniar, prática comum em certos setores da mídia televisiva e impressa, tem de receber sanção penal.
A nenhuma pessoa ou instituição é entregue graciosamente o direito de argumentar desconhecimento da lei dentro de um Estado Democrático de Direito.
Ora, a Constituição brasileira garante a liberdade de expressão, por lei, no seu Artigo 5º, mas não garante a anarquia pura e simples como estão a fazer os grupelhos fascistas de plantão, pregando o ódio, solicitando o retorno da ditadura militar, e incitando as mentes doentias a matar a chefe do Executivo e seus seguidores da esquerda.
A Grande Mídia é um poderoso instrumento de manipulação. Nomes como Adorno e Horkheimer, os primeiros pensadores a realizar análises mais sistemáticas sobre o tema, concluíram que os meios de comunicação em larga escala moldam e direcionam as opiniões de quem recebe as notícias.
Todo cidadão deve duvidar e manter certa ressalva quanto às preposições imediatistas e aparentemente fáceis propostas pelos canais midiáticos da direita organizada.
Consideramos necessário que questões como a democratização dos meios de comunicação, restrição de propriedades cruzadas de veículos midiáticos, regulamentação da programação e o incentivo ao surgimento de rádios comunitárias sejam postas em discussão e posteriormente aprovadas.
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NOTAS VARIADAS

A cruz não é propriedade do cristianismo. Era um instrumento de tortura do Império Romano. Ela é sagrada porque nela morreu crucificado um homem que se dizia filho de um deus? Nada disso! A crucificação era a pena de morte típica em Roma para os escravos e os não cidadãos. Acredita-se que o método tenha sido criado na Pérsia, sendo trazido para o Ocidente no tempo de Alexandre, o Grande (ano 330 de antes da Era Comum), onde foi copiado pelos romanos. Ao longo da História muitos homens morreram crucificados. No ano 332 AEC, quando Alexandre e seu exército invadiram a cidade de Tiro, na Fenícia, foram crucificados dois mil habitantes às margens do Mar Mediterrâneo como vingança pelos assassinatos de seus embaixadores naquela cidade. No ano 71 de antes da Era Comum, 6 mil seguidores do escravo Spartacus também foram crucificados na Via Ápia como parte de uma celebração da vitória romana. Mas as histórias do escravo Spartacus e seus seguidores possuem embasamento histórico. Coisa que o tal Cristo nunca teve. (Rafael Rocha)
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O primeiro requisito para a felicidade dos povos é a abolição da religião.  (Karl Marx)
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A ideia de um ente supremo que cria um mundo no qual uma criatura deve comer outra para sobreviver e proclama uma lei dizendo “Não matarás” é tão absurda, que não consigo entender como a humanidade a tem aceito por tanto tempo. (Peter De Vries, Nobel de literatura de 1938)
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Eles vieram com uma bíblia e sua religião - roubaram nossa terra, esmagaram nosso espírito - e agora nos dizem que devemos agradecer ao deus deles por termos sido salvos. (Pontiac, chefe indígena americano)
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Guerras religiosas são, basicamente, pessoas se matando para decidir quem tem o melhor amigo imaginário. (Napoleão Bonaparte)
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Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então, por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que o chamamos Deus? (Epicuro – 341/271 AEC)
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Só o ateísmo pode pacificar o mundo de hoje. (André Gide – Prêmio Nobel de 1947)

HUMANITAS Nº 40 - EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2015 - PÁGINA 1

Leia sobre a carranca vagínica da oposição brasileira em texto especial de Flávio de Oliveira Ribeiro na página 4