terça-feira, 14 de maio de 2019

HUMANITAS Nº 83 - MAIO DE 2019 - PÁGINA 5

O processo da conurbação nas grandes cidades
Especial do Humanitas
Hoje, muitos municípios perderam suas antigas fronteiras. Bairros se aglutinaram, as cidades se misturaram e a geografia natural se perdeu.
Então foi criado um desequilíbrio social e um crescimento desordenado, nascendo assim a conurbação urbana. Sem espaço para crescer na horizontal, as cidades se verticalizam.
A conurbação representa um fenômeno urbano que está intimamente relacionado com o desenvolvimento das cidades modernas.
Trata-se, portanto, do encontro limítrofe entre duas ou mais cidades, que ocorre por meio de um significativo e acelerado crescimento urbano.
No Brasil, o processo de conurbação surgiu a partir da década de 50, diante da modernização do país e do acelerado crescimento industrial e urbano.
É notório o processo de conurbação em diversas capitais no país, sendo que São Paulo é considerada uma das maiores do país e do mundo.
Fora do Brasil, merecem destaque as regiões metropolitanas de Tóquio, Nova Iorque e Londres, as quais sofreram o processo de conurbação após a Segunda Guerra Mundial.
O processo de conurbação pode gerar uma região metropolitana.
Essa região indica um conjunto de municípios que estão conectados e que apresenta grande densidade populacional, com mais de um milhão de habitantes.
É formada por uma cidade núcleo e outra adjacente que ocorre através do processo de conurbação.
Um exemplo notório é o “ABC Paulista” formado pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra.
Quando incluída à cidade de São Paulo, é chamada de “Grande São Paulo” ou Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) que abriga 39 municípios.
As metrópoles representam as principais cidades de uma região metropolitana.
Com a expansão da urbanização e o desenvolvimento das cidades, a conurbação integra diversas cidades.
Diante disso, os limites físicos (geográficos) entre as cidades tendem a desaparecer.
Geralmente é difícil notar quando termina uma e começa a outra, que podem ser separadas apenas por uma rua ou avenida.
Esse processo necessita de um melhor planejamento, controle urbano e políticas públicas voltadas para as regiões conurbadas uma vez que acaba ocorrendo dependência entre os municípios.
Quanto a isso, devemos lembrar que a conurbação pode trazer diversos problemas às cidades. Podemos incluir nesses problemas o caos no sistema de transporte, falta de habitação, nascimento de favelas, aumento na violência urbana, diminuição da qualidade de vida, dentre outros.
Além disso, também pode gerar conflitos entre as estruturas administrativas e políticas das cidades envolvidas.
Mas isso também pode facilitar a vida das pessoas que estão em busca de oportunidades, de trabalho, por exemplo, e mesmo para aproveitar as melhores possibilidades oferecidas pelas cidades vizinhas: sistema de saúde, de educação, de lazer, dentre outros.
Nesse caso, podemos pensar nas cidades que estão muito próximas, no entanto, que apresentam custos de vida distintos. Assim, muitas pessoas moram na cidade que apresenta custo mais baixo, e trabalham na cidade ao lado, que possui melhores empregos.
As cidades onde isso ocorre isso são chamadas de “cidades dormitórios”, ou seja, aquelas em que o cidadão tem sua moradia, mas se desloca diariamente para trabalhar.
Graças à industrialização e à urbanização tardias, o Brasil apresenta um processo de conturbação bastante recente. Mas, hoje, praticamente todas as capitais do país são conurbadas.
A explosão e proliferação oriundas da Revolução Industrial trouxeram como herança consequências nocivas para a sociedade.
A constante movimentação populacional, o aumento da propriedade privada, as demandas cada vez maiores com recursos cada vez mais escassos provocam enorme trânsito de veículos, ruas e avenidas congestionadas, filas, brigas, cansaço, depressão, poluição. Tudo isso está interligado.
Se uma ação humana se reflete sobre a sociedade, uma ação múltipla na sociedade também se reflete na humanidade e isso vem ocorrendo desde o Século XVIII.
As mais diversas revoluções e inovações tecnológicas moldaram a rotina das pessoas e atualmente precisamos refletir sobre a situação do mundo e sobre suas respectivas projeções.
A responsabilidade recai sobre cada indivíduo, mesmo que diante da massificação tal reflexão torne-se complexa.

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