quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

HUMANITAS Nº 80 – FEVEREIRO 2019 – PÁGINA 6

PERNAMBUCO FABRICOU A PRIMEIRA
CERVEJA BRASILEIRA E AMERICANA
Especial do Humanitas

A primeira cervejaria no Brasil e na América do Sul foi criada e montada em Pernambuco, logo após a chegada, ao Recife, em 1637, do conde Maurício de Nassau. Junto com Nassau veio o cervejeiro Dirck Dicx com uma planta de cervejaria e os componentes para serem montados. Na Zona Norte da capital pernambucana nasceu a primeira cerveja, não somente nacional, mas das Américas.
A cervejaria foi montada em outubro de 1640 na residência chamada “La Fontaine”, localizada no Recife, na Capunga, bairro das Graças, que Nassau deixou de utilizar após a construção do parque de Vrijburg (Palácio de Friburgo), onde hoje se encontra o Palácio da Justiça.
Indo mais distante, a primeira cerveja do mundo surgiu há mais de 11 mil anos de antes da Era Comum, na região onde hoje fica o Irã e o Iraque, na antiga Suméria.
Diferentemente do que vemos hoje, os responsáveis pela produção da cerveja não eram os homens, pois eles naquelas épocas não tinham tempo para ficar em casa cozinhando, cuidando da prole ou fazendo cerveja.
Por causa das guerras a serem lutadas, animais a serem caçados e outras tarefas a serem cumpridas, eram as mulheres que fabricavam a bebida. Por isso, a deusa da cerveja, Ninkasi, é uma figura feminina. Era a deusa suméria da cerveja e mestre cervejeira entre os deuses. Nascida das bolhas de uma fonte de água fresca, seu nome significa “senhora que enche a boca”.
No Antigo Egito, os trabalhadores que ergueram as grandes pirâmides eram pagos com cerveja. A ração diária deles era de cinco litros, mas a cerveja era muito menos alcoólica do que a moderna. Na Idade Média, ela manteve o status de alimento. Um dos poucos alimentos seguros naquela época, pois era fabricada com higiene pelos monges católicos.
Na liturgia da Igreja, a bebida foi incorporada como substituta das comidas sólidas nos períodos de jejum dos clérigos.
Louis Pasteur, um cientista francês, é lembrado, hoje, por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças.
Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade e a criação da primeira vacina contra a raiva.
Seus experimentos deram fundamento para a teoria microbiológica da doença.
Ele atendeu à solicitação de alguns dos vinicultores e cervejeiros da região que pediram para descobrir como os vinhos e a cervejas azedavam.
Durante sua investigação, através do uso de microscópio, ele pôde constatar que a levedura ocasionava isso. Solucionou esse problema através de um processo que originou a atual técnica de pasteurização dos alimentos.
Atualmente, no mundo inteiro existem quatro escolas de cerveja: a alemã, a belga, a britânica e a americana.
A American Lager, mais leve, é a mais consumida no mundo. No Brasil, o estilo é chamado de Pilsen.
A chegada dos holandeses comandados por Maurício de Nassau trouxe um período de grande prosperidade para a cidade do Recife, que se desenvolveu rapidamente ao ganhar a primeira fábrica de cerveja das Américas e se tornar o principal porto da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil, ganhando, ainda, o primeiro observatório astronômico do continente.
A cerveja saiu de cena no Recife na época do Brasil Colônia. Os portugueses estavam mais interessados em vender o vinho lusitano. E a cerveja ainda tinha como outra concorrente a aguardente de cana, vinda dos engenhos de Pernambuco.
Com a Independência e a abertura dos portos aos produtos de outros países – a cevada e o lúpulo incluídos – a cerveja voltou a ganhar espaço.
Os fabricantes de cerveja também disputavam mercado (além dos vinhos de Portugal e da aguardente dos engenhos) com os licores, que tinham o jenipapo como carro-chefe.
O jornal Diário de Pernambuco, do Recife, o mais antigo da América Latina, publicou texto, no dia 21 de fevereiro de 1873, sobre uma Imperial Fábrica de Cerveja, do prussiano Henry Joseph Leiden, cuja sede ficava na Rua do Sebo, 35, hoje Barão de São Borja. Segundo o matutino, essa fábrica “produzia dois tipos de cerveja (branca e preta), e mais limonada e água gasosa”. Ainda de acordo com o citado jornal, a fábrica de Leiden no Recife era um sucesso e terminou por se tornar “ponto de encontro, com espaço para piqueniques, mesas de bilhar e de cartas, para apresentações artísticas e até jogos de críquete”.
E mais: o mesmo jornal publicou anúncio da fábrica Leiden no dia 12 de agosto de 1869, com o brasão imperial e um slogan onde se dizia: “a melhor cerveja nacional do Brasil é sobretudo de Pernambuco”.

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