quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

HUMNITAS Nº 79 - JANEIRO DE 2019 - PÁGINA 2

EDITORIAL
Novo livro

O ano 2019 começou.
Que tal fazermos uma reflexão sobre tudo que já é passado? E tentar através disso descobrir algo de sólido e equilibrado para que possamos dar sustentabilidade à nossa vida?
Na verdade, devemos prosseguir em nossos caminhos.
Este Humanitas espera que o Brasil entre nos trilhos, volte a seguir o rumo desenvolvimentista e que o novo governo nos proporcione segurança, empregos e melhores condições para a educação e a saúde.
Ano novo! Vida nova!
Portanto, caros leitores, mais um ciclo se fechou em nossas vidas.
Agora temos de traçar novas metas e olhar para frente com esperança de que as coisas vão mudar para melhor.
O ano 2019 começou.
Precisamos a partir deste mês de janeiro provocar e acalentar as mudanças e firmar com mais força os laços de humanidade visando renovar nossas expectativas.
Iremos novamente viver outros 365 dias, tropeçando, aprendendo, crescendo, criando novas energias e dando o nosso melhor para que a vida siga um ritmo de consecução dos objetivos mais especiais.
Precisamos acreditar que as flores das nossas árvores irão se transformar em frutos suculentos para que possamos saborear novos dias e novos rumos.
É um livro novo para começar a escrever. Com aventuras, dramas, amores, risos e lágrimas.
Que neste 2019 possamos criar capítulos emocionantes e felizes para o novo livro e para todos aqueles que nos cercam.

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A psicossomática do idoso

Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP

A doença é a ausência do objeto.
O menino adoece pela perda de seu cachorro, e este adoece pela ausência de seu dono. Pergunto: Quantas perdas têm o idoso? Tem a perda da voz, a sonora, a da visão límpida, da destreza das mãos; do desembaraço do andar; de seus pais, irmãos, amigos; de sua independência; de sua individualidade; da auto-satisfação, da auto-emancipação e por aí à fora.
Sobraram-lhe seus objetos apenas. Velhas relíquias muito valiosas que preenchem uma ausência. Cada perda lhe é compensada num objeto, sendo que, nós com toda nossa racionalidade, chamamos mania! Cada fato é relembrado, recordado, novamente repetido com medo que se perca completamente e não existam objetos para substituí-los: Fecha a porta que tem ladrão!
E o chamamos ranzinza e não conseguimos ver que o ladrão está lá, entrando, roubando-lhe uma recordação. E se preocupa, se esquece, se lembra... Torna a esquecer. Cadê meu chaveiro azul? Cadê meu chaveiro azul? Cadê meu chaveiro azul? Dizemos: está esclerosado! Não vemos que fala das chaves de suas lembranças. Pouco a pouco, por não ser entendido, afasta-se de nós. E, nós? Ah! Nos também não entendemos e afastamo-nos.
Conversar o quê? Para nos contar que fulano morreu? Isto não interessa! Ele está ranzinza, esclerosado, maníaco, um chato!
Este é o inicio da doença.
É a perda do objeto.
O coração já fraco pela idade enfraquece mais ainda pela perda da vontade.
O rim se cansa de eliminar sua urina e a próstata em rebelião fecha a passagem.
O pulmão não quer mais o ar e o intestino recusa-se a eliminar seu interior.
Os especialistas se sucedem.
–Se não se entende a idade, que se entenda a doença.
E em fórmulas magistrais comercializadas as pílulas: Digoxina, Lasix, Diabinese, Hydergine, Nootropil, Diazepan e muitas outras, todos se reúnem: família, médicos, medicamentos e ausências.
Neste quadro todo faltou uma presença apenas: a palavra.
Não a palavra dos familiares atônitos e desorientados diante da doença.
Não a palavra do especialista, técnico em aparelhos específicos, mas uma palavra além das formulas magistrais: a palavra do entendimento das dores, da presença que pode preencher a ausência que vem de fora, de um ser que sue saiu do nada, que apenas surgiu por mágica para integrar os cacos das parcas recordações restantes e, simbolicamente, transformá-las num objeto palpável, num talismã que lhe eleve o tronco, aumente seu horizonte e lhe firme os passos.

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