Quem ganha
com tudo isso?
Divina de Jesus Scarpim é escritora e
professora. Atua em São Paulo/SP
Sério, eu
fico “puta” da vida com as apostilas, roteiros, orientações e “o
escambau” que os órgãos do governo têm apresentado para “ensinar” o professor a
dar aulas!
Estou o
tempo todo me perguntando quando é que alguém vai perguntar quem é que está
enchendo o “rabo de dinheiro” com esse calhamaço imenso de “material
pedagógico”, “cursos de reciclagem” e “estatísticas de avaliação”?!
Tudo isso,
até onde entendi - e estou vendo bem de perto - é só um montão de maneiras,
desonestas, inteligentes e ardilosamente preparadas
para desviar verba da educação. E não vejo “ninguém” falando disso!
Toda reunião
pedagógica de que participo tem, em seu âmago, a insinuação, nem sempre tão
indireta, de que nós, professores, devemos assumir que “é nossa” a culpa
por “todos” os problemas da educação no Brasil!
E somos
dirigidos, de forma não muito honesta (para dizer o mínimo) a afirmar que sim, “somos
culpados, mas juramos que vamos melhorar”.
Eu fico “muito
furiosa” com isso!
E quando a
gente vai olhar de perto algum desses calhamaços de “material pedagógico” que
nos é enfiado goela abaixo, a gente encontra erros que, se eles fossem tão “phodas”
quanto querem dizer que são, não teriam cometido.
O mais
recente que encontrei (lendo só duas páginas), em uma apostila para professores
ministrarem aula de português para o primeiro ano do ensino médio, foi o
trecho: “era lavada durante à noite”.
Mas esse não
foi o primeiro erro, garanto que já vi até piores.
Eles quase
sempre colocam um texto qualquer, nem sempre tão adequado assim, e “ensinam” o
que o professor deve fazer com suas turmas a partir daquele texto.
Juro, eles
não “se mancam” que isso é “óbvio” e já é feito pelos professores, com textos
mais relevantes em muitos casos!
Quem são os
empresários, donos de gráficas, editoras, agências de propagandas, fábricas de
papel e outros, que estão levando a verba da educação que poderia ser usada
para que a escola tivesse mais recurso?
Para que
tivéssemos mais condições de usar as mídias em aula?
Para que
tivéssemos computadores suficientes e atualizados?
Para que
tivéssemos bibliotecas com espaço suficiente para os alunos? Para que
pudéssemos tirar cópias de textos para todos?
Para que
pudéssemos levar os alunos aos museus, parques, teatro, cinema, universidades e
outros lugares que, embora perto da escola não podemos frequentar como deveríamos?
Para que
tenhamos condições de ministrar aulas em escola única sem ter que passar parte
do dia viajando em ônibus cheios de uma escola para outra?
Para que
tenhamos um salário digno e, principalmente, para que nossa profissão seja
valorizada?
Quem está
levando esse dinheiro todo, rindo da nossa cara e dando “um jeitinho” para que
a gente seja acusado(a) - algumas vezes até por nós mesmos via questionários “bem”
preparados que temos que responder e enviar - de sermos os culpados pela
situação ruim da educação no Brasil?
Será que um
dia alguém vai me responder essa pergunta?
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