Refúgio Poético – Cartas dos Leitores –
Teste de Xadrez
Sonho Azul
Rafael Rocha – Recife/PE
Do livro “Loucura”
– 2018
Qual o motivo de teus olhos serem claros
de um anil infinito e tão igual ao céu?
De onde vens para fazer-me insano
e pôr-me a negar os olhos mais escuros?
Qual deus tornou o teu olhar tão índigo
nessa face de anjo assim toda marfim?
Qual esperma criou a vida desses olhos
trazendo a marca de teu nome secreto?
Esse azul demais azul é atmosfera
onde o desejo faz morada e prisão
a atentar meus olhos velhos e impuros.
És apenas uma ninfeta encantadora!
És o quadro não pintado pelo poeta!
És a loucura de meu sonho azul!
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O raio de sol furando a nuvem mais densa
Divina de Jesus Scarpim
São Paulo/SP
No dia de ser
triste uma alegria chegou
como um intrometido e inadequado monstro
que tivesse cara
cheiro e voz
de aberração.
Em espírito
olhar e sentimento
de gente mais que humana
e mais que anjo.
Como aqueles seres para os quais
o ser bom é o natural.
E naquele dia
para ver o brilho
ninguém precisou de sol.
como um intrometido e inadequado monstro
que tivesse cara
cheiro e voz
de aberração.
Em espírito
olhar e sentimento
de gente mais que humana
e mais que anjo.
Como aqueles seres para os quais
o ser bom é o natural.
E naquele dia
para ver o brilho
ninguém precisou de sol.
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CARTAS DOS LEITORES
Sobre o Editorial intitulado “Nossa Presença” do Humanitas nº
80, fevereiro de 2019: Aos 71 anos, quem não pensa na morte? Na verdade, pensei
nela em quase todas as idades. Parece estranho um fim pessoal sem um propósito
claro, depois da ofuscante claridade de propósitos da juventude. Talvez, por
isso, na maturidade, o propósito da vida se invente como consolação. A
insuportável ausência da magna resposta conduz cada um por diversos caminhos.
Para quem se distrai escrevendo, aquilo que podemos perceber da vida chega a
parecer um lápis sem grafite ou uma caneta sem tinta. Um conto que nem pode com
o papel contar, pois ficou suspenso no ar. Num mês ou no outro, me reúno com
amizades da adolescência. Os "rapazes"
já passaram dos 70. As "meninas"
ainda não. Eventualmente, acontece de algum tentar certo brilhantismo
existencial com palavras. Ah, como isso é chato, mama mia! Sou o único que não faz questão da tal resposta. Sinto-me
bem assim, sem empréstimos reconfortantes, porque não preciso ser confortado.
Minha acolhedora ignorância não aceita fantasia nem no carnaval. Ivani Medina –
Rio de Janeiro/RJ
*****
São poucas as pessoas que se aprofundam na leitura de textos profundos
e polêmicos do Humanitas. Muitas dessas pessoas têm medo de que suas
ideias religiosas erguidas ao longo da vida desabem como um castelo de areia.
Então ignoram e, como não tem como rebater os textos, não criticam nem opinam. Karla
Venâncio – Salvador/BA
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