Nossa face no espelho
Jorge Oliveira de Almeida
Rio de Janeiro/RJ
Interessante como nos olhamos no
espelho e ficamos com a firme convicção de que estamos nos vendo. Puro
engano!
Imagine-se olhando para um espelho e levantando o braço esquerdo. Você
verá o seu braço levantado também no lado esquerdo da imagem, mas se você fizer
o mesmo gesto em frente a uma pessoa, esta verá o seu braço levantado no lado
direito.
Bem, você pensará: “o que está sendo levantado é tão somente uma
questão de detalhe, pois não faz diferença o lado em que estou a ver o braço
levantado”. Quanto ao braço, certamente sim, mas não quanto ao rosto, uma
vez que as duas partes do nosso rosto (a direita e a esquerda) não são
simétricas.
Se tomarmos qualquer das metades de nosso rosto e a duplicarmos,
ficaremos com uma imagem bastante diferente de nosso rosto; em verdade, podemos
produzir duas imagens diferentes!
Pessoas há que comentam não sair bem nas fotos. Isso é o que elas
naturalmente julgam, mas essa conclusão no mor das vezes carece de realidade,
uma vez que as fotos nos mostram a nossa imagem não como as vemos no espelho,
mas como os outros a veem.
Essa é a razão pela qual nos sentimos muitas vezes diferentes ao analisar
uma foto, porque estamos acostumados a ver a nossa imagem todos os dias no
espelho, mas nem sempre uma foto está disponível a cada dia.
Também por isso, as pessoas idosas sempre (infelizmente) se acham mais
velhas ao “contemplar” uma
foto sua, porque esta nos mostra a realidade e isso é sempre difícil de
aceitar! Um canhoto ou um homossexual assim nasceram e não tiveram escolha.
Casos há (como aconteceu comigo) que as pessoas deixam de ser canhotas
por ignorância dos pais e são obrigadas a fazer tudo com a mão direita. Isso
obriga o organismo a realizar uma adaptação que naturalmente não é benéfica.
No caso da homossexualidade imagino que devido ao fato de o cérebro já
se achar formado por ocasião da adolescência, que é quando os hormônios
afloram!
Os anoréxicos assim o são porque não se veem no espelho como nós os
vemos. Veem no espelho o simulacro de uma situação que só existe em suas
cabeças. Julgam-se gordos e querem de todas as maneiras emagrecer. Tudo o que
vemos e sentimos é determinado pelo que o nosso organismo estabelece.
Se somos mais ou menos agressivos, mais ou menos inteligentes, isso não
depende somente de nossas vontades, mas principalmente de uma carga genética
que recebemos como uma mala pronta ao nascer e da conformidade de nossos lóbulos
cerebrais.
Dessa forma, quando nos vemos num espelho, existe mais esta variável
que não deve ser afastada: não nos vemos no espelho como os outros nos veem,
mas como queremos ser vistos, como achamos que somos!!
Em
síntese, o que você vê no espelho não é você, mas talvez algo assim como um
clone ou um avatar, como você preferir... ou talvez como uma “realidade” virtual!!
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