domingo, 28 de junho de 2015

JORNAL HUMANITAS – Nº 37 – JULHO 2015 – PÁGINA 6

Nossa face no espelho
Jorge Oliveira de Almeida
Rio de Janeiro/RJ

Interessante como nos olhamos no espelho e ficamos com a firme convicção de que estamos nos vendo. Puro engano! 
Imagine-se olhando para um espelho e levantando o braço esquerdo. Você verá o seu braço levantado também no lado esquerdo da imagem, mas se você fizer o mesmo gesto em frente a uma pessoa, esta verá o seu braço levantado no lado direito.
Bem, você pensará: “o que está sendo levantado é tão somente uma questão de detalhe, pois não faz diferença o lado em que estou a ver o braço levantado”. Quanto ao braço, certamente sim, mas não quanto ao rosto, uma vez que as duas partes do nosso rosto (a direita e a esquerda) não são simétricas.
Se tomarmos qualquer das metades de nosso rosto e a duplicarmos, ficaremos com uma imagem bastante diferente de nosso rosto; em verdade, podemos produzir duas imagens diferentes!
Pessoas há que comentam não sair bem nas fotos. Isso é o que elas naturalmente julgam, mas essa conclusão no mor das vezes carece de realidade, uma vez que as fotos nos mostram a nossa imagem não como as vemos no espelho, mas como os outros a veem.
Essa é a razão pela qual nos sentimos muitas vezes diferentes ao analisar uma foto, porque estamos acostumados a ver a nossa imagem todos os dias no espelho, mas nem sempre uma foto está disponível a cada dia.
Também por isso, as pessoas idosas sempre (infelizmente) se acham mais velhas ao contemplar” uma foto sua, porque esta nos mostra a realidade e isso é sempre difícil de aceitar! Um canhoto ou um homossexual assim nasceram e não tiveram escolha.
Casos há (como aconteceu comigo) que as pessoas deixam de ser canhotas por ignorância dos pais e são obrigadas a fazer tudo com a mão direita. Isso obriga o organismo a realizar uma adaptação que naturalmente não é benéfica.
No caso da homossexualidade imagino que devido ao fato de o cérebro já se achar formado por ocasião da adolescência, que é quando os hormônios afloram!
Os anoréxicos assim o são porque não se veem no espelho como nós os vemos. Veem no espelho o simulacro de uma situação que só existe em suas cabeças. Julgam-se gordos e querem de todas as maneiras emagrecer. Tudo o que vemos e sentimos é determinado pelo que o nosso organismo estabelece.
Se somos mais ou menos agressivos, mais ou menos inteligentes, isso não depende somente de nossas vontades, mas principalmente de uma carga genética que recebemos como uma mala pronta ao nascer e da conformidade de nossos lóbulos cerebrais.
Dessa forma, quando nos vemos num espelho, existe mais esta variável que não deve ser afastada: não nos vemos no espelho como os outros nos veem, mas como queremos ser vistos, como achamos que somos!!
Em síntese, o que você vê no espelho não é você, mas talvez algo assim como um clone ou um avatar, como você preferir... ou talvez como uma realidade” virtual!!

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