domingo, 29 de abril de 2018

HUMANITAS Nº 71 – MAIO DE 2018 – PÁGINA 2

   EDITORIAL




A ESPÉCIE HUMANA

A espécie humana não admite a paz. Para ela, a estabilidade jamais será admitida, porque representa falta de movimento. Na verdade, a espécie humana faz parte de uma natureza em convulsão e ebulição. É o vulcão que explode e que no rio de magma destrói tudo para depois reconstruir.
Para o filósofo Thomas Hobbes a sociedade inata do homem é uma estupidez. De acordo com ele, o estado de natureza é o estado de guerra de todos contra todos, onde "a vida do homem é solitária, pobre, asquerosa, brutal, curta" (Leviatã Cap. XIII).
Em relação à espécie humana, temos de levar em conta a sua capacidade de realizar grandes transformações no ambiente em que vive.
Tais transformações acontecem para aumentar o poder de sobrevivência, suprindo necessidades como alimentação (cultivo de alimentos e a criação de animais), moradia, transporte e produção de energia. O grau de cultura de cada povo e suas capacidades de raciocínio e de comunicação contribuem para isso.
A espécie humana pode habitar qualquer região do planeta porque possui alta capacidade de adaptação, conseguindo explorar e modificar os recursos disponíveis, utilizando os seus conhecimentos acumulados.
Tudo porque a cultura humana consiste na soma dos conhecimentos, experiências e criações de cada povo, aprendidos e acumulados ao longo do tempo, os quais são propagados e modificados de acordo com os recursos disponíveis.
Pelo que vemos, as sociedades se estruturaram, desde eras antigas, de modo a beneficiar alguns em prol de outros (eis porque, desde o início, os homens escravizam outros homens e também os animais).
Esta é a origem da exploração e das desigualdades.
É assim que a espécie humana vive, usufruindo de outras vidas, aprendendo a fechar os olhos para a crueldade e para a tirania, como se elas fossem naturais em nós, quando elas são a principal doença que afeta nossa espécie.
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LULA E O INCONSCIENTE COLETIVO
Antonio Carlos Gomes – Médico- Guarujá/SP

Estava folheando Carl Jung por curiosidade. Queria saber como ele explicava o “inconsciente coletivo”. Muito interessante. Dizia ele que uma memória genética, instintiva, agia como corpo estranho para além do inconsciente e muitas vezes nos obrigava a atitudes ilógicas e desconexas que refletiam as antigas experiências da espécie e da vida.
No mesmo dia estava montado o julgamento de Lula. Como considero que somos frutos de uma mitose complexa, já que a natureza não muda os métodos, apenas aperfeiçoa, esta explicação instintiva além de me satisfazer levou a pensar:
“- Como um homem que retirou trinta e dois milhões da miséria pode ser condenado por um imóvel que não tem as chaves, a escritura e nunca ocupou? Como religiosos evangélicos fizeram correntes de oração para condenar um homem, que considero justo, sem nenhuma prova? O que leva um chefe de família no qual a casa onde habita foi comprada por quantia irrisória, apesar do protesto dos bancos, agora comemorar a condenação sem provas e atacar quem realmente lutou para que a sua família tivesse um teto?”
Para os cristãos, o seu líder maior Jesus Cristo pregava a “Boa Nova” que era semelhante à igualdade pregada pelo Governo Lula.
É exatamente aí que está a metáfora. Cristo, um líder religioso pregava a paz. O mesmo que Lula fazia politicamente sem evocar nenhum deus. Cristo nunca foi contra a classe dominante, apesar de seu povo estar submetido ao Império Romano. Com Lula, os empresários tiveram aumento do lucro em seu governo.
Cristo multiplicou o pão e o peixe para as populações famintas, Lula aperfeiçoou a distribuição de renda com o Bolsa Família. Cristo curou os enfermos, Lula fez a farmácia Popular, criou o Mais Médicos.
Cristo foi traído por trinta moedas, devia valer muito na época. Lula foi traído pelo Capital.
Por trás da condenação de Cristo estavam os Rabinos que se aliavam ao invasor.
Igualmente contra Lula aliaram-se religiosos, que pregam muito mais o Velho Testamento do que a “Boa Nova de Cristo”,
O povo de Israel foi dispersado pela Europa e Oriente, vagando sem pátria por quase dois mil anos. O povo brasileiro está condenado matematicamente à fome, já que as riquezas do País estão sendo sucateadas e vendidas aos neoliberais.
Pensando bem, Carl Jung tem uma certa dose de razão. Espero que a Nação continue e não se desfaça em loteamentos capitalistas.

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