OS 10 PAPAS MAIS INFAMES DA HISTÓRIA
Décio Schroeter colaborador deste HUMANITAS
é escritor. Atua em Porto Alegre/RS
Alexandre
VI (1492-1503): Membro da família Bórgia, comprou o título, subornando os
cardeais. Foi um investimento: por todo seu papado – no qual, aliás, gerou 7
filhos bastardos – desviou dinheiro para a família, vendeu posições
eclesiásticas, e mandou matar “hereges” para confiscar sua propriedade. Na
imaginação popular, ainda hoje "Bórgia" é sinônimo de libertinagem -
a lenda mais picante é que teria cometido incesto com a própria filha. Mas foi
também um grande patrono das artes e aceitou em Roma os judeus expulsos da
Espanha em 1492.
Urbano VI (1378-1389): Seu problema
era a falta de diplomacia. Austero e propenso a ataques de fúria, era tão
detestado que os cardeais elegeram um segundo papa em seu mandato. Isso deu
início ao Cisma do Ocidente, quando o catolicismo teve dois líderes rivais,
entre 1378 e 1417 - causando até mesmo uma guerra civil em Portugal, entre
facções que apoiavam papas rivais. Sua "solução" foi mandar torturar
os cardeais que o rejeitaram, reclamando que não ouvia gritos o suficiente.
Leão X (1513-1521): Na inauguração
de seu mandato, este papa mandou pintar um menino em ouro e fazê-lo desfilar em
Roma, anunciando uma nova "Era Dourada". A criança morreu, mas a
festa continuou. Esse seria seu crime: a ostentação. Da família Médici, foi
criado desde criança para a carreira religiosa, e não parece ter passado por
escândalos sexuais. Ele arruinou os cofres da Igreja com sua gastança em arte e
arquitetura.
O que levou à ideia de cobrar indulgências,
pedir dinheiro para absolver os pecados, revoltando certo monge alemão chamado
Martinho Lutero. O papa finório nem se incomodou em defender a Igreja do
ataque, e o cristianismo seria dividido até hoje.
Bonifácio VIII (1294-1303): Ele
queria dominar o mundo - Séculos antes, um papa tinha o complexo que seria
chamado "de Napoleão". Declarou o poder absoluto do pontífice sobre
todos os outros governantes. Com seu exército, saqueou e queimou a cidade de
Palestrina em 1298, fazendo 6 mil mortos. Foi deposto militarmente pelos
franceses.
Clemente VII (1523-1534): Outro com
tara por guerra. Membro da família Médici, suas maquinações políticas levaram à
Guerra da Liga de Cognac, em que franceses e italianos enfrentaram espanhóis e
alemães. Em 1527, uma tropa alemã-espanhola se amotinou com a falta de
pagamento e rumou para Roma, que foi saqueada e arruinada. Com isso, Clemente
seria o maior responsável pelo fim da Renascença italiana.
Inocêncio IV (1243-1254): Este papa
não foi condenado por seus contemporâneos. Ele não se envolveu em nenhum
escândalo e o que fez era considerado perfeitamente sensato. Mandou confiscar e
queimar todos os talmudes, o livro sagrado extra-bíblico dos judeus - mas
tentou evitar que eles fossem linchados pelo populacho e exigiu que os cruzados
não os massacrassem. A parte mais influente de seu legado seria a bula Ad Extirpanda, de 1252. Essa bula
papal autorizava e regulamentava o uso de tortura pela Inquisição. A regra
principal era a de que não podia haver mortes ou amputações, e que as execuções
seriam feitas por autoridades.
João XII (955-964): Num sínodo, em
963, foi acusado de: inúmeros atos de fornicação, incluindo com sua sobrinha;
ter estuprado peregrinas; castrado um padre e cegado outro. Enfim, vivia como
um astro de heavy metal. Convocou um sínodo para declarar a si mesmo inocente e
mandou mutilar ou matar seus acusadores. Acabou morto por um marido ciumento .
Estêvão VI (896-897): Para agradar
aliados políticos, mandou escavar o corpo putrefato do seu pré-antecessor, o
papa Formoso, e o pôs num trono para que fosse julgado, no que ficou conhecido
como Sínodo do Cadáver. Condenado, o corpo teve os dedos cortados, para que
todas suas bênçãos se tornassem inválidas. Foi enterrado, desenterrado outra
vez e atirado ao rio Tibre. O julgamento causou escândalo e o papa foi preso e
estrangulado meses depois.
Sérgio III (904-911): Julgar
cadáveres não era suficiente para Sérgio, que mandou executar seus dois
antecessores. Seu papado deu início à “pornocracia”, o domínio das prostitutas
com que os papas se cercavam. Com uma delas, Sérgio teve um filho, que se
tornaria o papa João XI.
Benedito
IX (1032/1044; 1045; 1047/1048): A razão da pilha
de números acima é que o Benedito vendeu seu papado e depois se arrependeu. O
trono papal foi um presente de seu pai, que os cardeais a colocarem ele
"na fila". Assumiu pela primeira vez aos 20 anos. Acumulando
escândalos e decidido a casar, ofereceu a cadeira a seu padrinho, o padre
Giovanni Gratian - ao custo de suas "despesas" com a eleição. Como o
casamento não deu certo, voltou à Roma e conquistou a cidade militarmente. Foi
acusado de assassinatos, estupros etc, enfim, a ficha-corrida média dos piores
papas de seu tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário