domingo, 3 de novembro de 2019

HUMANITAS Nº 89 – NOVEMBRO DE 2019 – PÁGINA 4

OS 10 PAPAS MAIS INFAMES DA HISTÓRIA
Décio Schroeter colaborador deste HUMANITAS é escritor. Atua em Porto Alegre/RS

Alexandre VI (1492-1503): Membro da família Bórgia, comprou o título, subornando os cardeais. Foi um investimento: por todo seu papado – no qual, aliás, gerou 7 filhos bastardos – desviou dinheiro para a família, vendeu posições eclesiásticas, e mandou matar “hereges” para confiscar sua propriedade. Na imaginação popular, ainda hoje "Bórgia" é sinônimo de libertinagem - a lenda mais picante é que teria cometido incesto com a própria filha. Mas foi também um grande patrono das artes e aceitou em Roma os judeus expulsos da Espanha em 1492.
Urbano VI (1378-1389): Seu problema era a falta de diplomacia. Austero e propenso a ataques de fúria, era tão detestado que os cardeais elegeram um segundo papa em seu mandato. Isso deu início ao Cisma do Ocidente, quando o catolicismo teve dois líderes rivais, entre 1378 e 1417 - causando até mesmo uma guerra civil em Portugal, entre facções que apoiavam papas rivais. Sua "solução" foi mandar torturar os cardeais que o rejeitaram, reclamando que não ouvia gritos o suficiente.
Leão X (1513-1521): Na inauguração de seu mandato, este papa mandou pintar um menino em ouro e fazê-lo desfilar em Roma, anunciando uma nova "Era Dourada". A criança morreu, mas a festa continuou. Esse seria seu crime: a ostentação. Da família Médici, foi criado desde criança para a carreira religiosa, e não parece ter passado por escândalos sexuais. Ele arruinou os cofres da Igreja com sua gastança em arte e arquitetura.
O que levou à ideia de cobrar indulgências, pedir dinheiro para absolver os pecados, revoltando certo monge alemão chamado Martinho Lutero. O papa finório nem se incomodou em defender a Igreja do ataque, e o cristianismo seria dividido até hoje.
Bonifácio VIII (1294-1303): Ele queria dominar o mundo - Séculos antes, um papa tinha o complexo que seria chamado "de Napoleão". Declarou o poder absoluto do pontífice sobre todos os outros governantes. Com seu exército, saqueou e queimou a cidade de Palestrina em 1298, fazendo 6 mil mortos. Foi deposto militarmente pelos franceses.
Clemente VII (1523-1534): Outro com tara por guerra. Membro da família Médici, suas maquinações políticas levaram à Guerra da Liga de Cognac, em que franceses e italianos enfrentaram espanhóis e alemães. Em 1527, uma tropa alemã-espanhola se amotinou com a falta de pagamento e rumou para Roma, que foi saqueada e arruinada. Com isso, Clemente seria o maior responsável pelo fim da Renascença italiana.
Inocêncio IV (1243-1254): Este papa não foi condenado por seus contemporâneos. Ele não se envolveu em nenhum escândalo e o que fez era considerado perfeitamente sensato. Mandou confiscar e queimar todos os talmudes, o livro sagrado extra-bíblico dos judeus - mas tentou evitar que eles fossem linchados pelo populacho e exigiu que os cruzados não os massacrassem. A parte mais influente de seu legado seria a bula Ad Extirpanda, de 1252. Essa bula papal autorizava e regulamentava o uso de tortura pela Inquisição. A regra principal era a de que não podia haver mortes ou amputações, e que as execuções seriam feitas por autoridades.
João XII (955-964): Num sínodo, em 963, foi acusado de: inúmeros atos de fornicação, incluindo com sua sobrinha; ter estuprado peregrinas; castrado um padre e cegado outro. Enfim, vivia como um astro de heavy metal. Convocou um sínodo para declarar a si mesmo inocente e mandou mutilar ou matar seus acusadores. Acabou morto por um marido ciumento .
Estêvão VI (896-897): Para agradar aliados políticos, mandou escavar o corpo putrefato do seu pré-antecessor, o papa Formoso, e o pôs num trono para que fosse julgado, no que ficou conhecido como Sínodo do Cadáver. Condenado, o corpo teve os dedos cortados, para que todas suas bênçãos se tornassem inválidas. Foi enterrado, desenterrado outra vez e atirado ao rio Tibre. O julgamento causou escândalo e o papa foi preso e estrangulado meses depois.
Sérgio III (904-911): Julgar cadáveres não era suficiente para Sérgio, que mandou executar seus dois antecessores. Seu papado deu início à “pornocracia”, o domínio das prostitutas com que os papas se cercavam. Com uma delas, Sérgio teve um filho, que se tornaria o papa João XI. 
Benedito IX (1032/1044; 1045; 1047/1048): A razão da pilha de números acima é que o Benedito vendeu seu papado e depois se arrependeu. O trono papal foi um presente de seu pai, que os cardeais a colocarem ele "na fila". Assumiu pela primeira vez aos 20 anos. Acumulando escândalos e decidido a casar, ofereceu a cadeira a seu padrinho, o padre Giovanni Gratian - ao custo de suas "despesas" com a eleição. Como o casamento não deu certo, voltou à Roma e conquistou a cidade militarmente. Foi acusado de assassinatos, estupros etc, enfim, a ficha-corrida média dos piores papas de seu tempo.

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