sexta-feira, 31 de agosto de 2018

HUMANITAS Nº 75– SETEMBRO DE 2018 – PÁGINA 3

REFÚGIO POÉTICO – CARTAS DOS LEITORES – TESTE DE XADREZ

Libido

Mayana Vieira - São Paulo/SP


Tudo começa na boca, menina
e espalha em meu corpo esse desejo sem controle
rouba-me a razão
e me entrega ao outro lado.
Os corpos despidos em confronto
é a minha coxa
a tua coxa
as pernas entrelaçadas e o ofegar da respiração!
Esses movimentos circulares de dedos molham-me o sexo, menina
É esse vai e vem…
Vem e vai…
Entra e sai…
E tudo termina na boca, menina.
**********

Soneto da carta
Federico Garcia Lorca - Espanha
Tradução de Afonso Félix de Sousa

Amor, que a vida em morte em mim convertes,
espero em vão tua palavra escrita
e, flor a se murchar, meu ser medita
que se vivo sem mim quero perder-te.

É infinito o ar. A pedra inerte
nada sabe da sombra e não a evita.
Íntimo, o coração não necessita
do congelado mel que a lua verte.

Por ti rasguei as veias às dezenas,
tigre e pomba, cobrindo-te a cintura
com luta de mordiscos e açucenas.

Tuas palavras encham-me a loucura
ou deixa-me viver minha serena
e infinda noite da alma, escura, escura.

**********

Coração calado
Sandra Almeida-Cacoal/RO

quando calo,
pressinto um vendaval
de emoções.

quando falo,
invado teu espaço
e disfarço.

quando grito,
lamento um amor
distraído.

adormeço e esqueço.

HUMANITAS Nº 75– SETEMBRO DE 2018 – PÁGINA 4

NÃO PENSAMOS COMO NAÇÃO
Sérgio Alves é professor. Atua na cidade do Recife/PE

Sempre que escrevo algum artigo, me sinto impelido e na vontade de provocar o caro leitor para reflexões e questionamentos inerentes ao que vivenciamos no dia a dia.
Acredito que com isso possamos dialogar e talvez, quem sabe, chegarmos a um denominador comum. Lógico que o debate, dependendo do tema, poderá ser bastante acalorado e não deverá ser encerrado.
As partes envolvidas deverão ter maturidade suficiente para não finalizar e não enveredar para as agressões físicas e/ou verbais.
Em certos conteúdos eu fujo da ideia de que o meu ponto de vista e minha opinião sejam melhor e única.
Eis o poder do diálogo.
No dia 21 de maio de 2018, após várias tentativas de negociação entre o governo federal e os representantes de caminhoneiros, teve início a paralisação que iria mostrar a cara do verdadeiro Brasil.
País que durante décadas foi citado como: “... o país da vez...” – “...o país do futuro...” – “...o país em desenvolvimento...”.
Triste conclusão.
Sabe-se lá quem citou tais frases e o porquê de tamanha previsão equivocada? Esqueceram que havia políticos no meio.
Por um breve momento imaginei, e creio que o caro leitor deste Humanitas também, que a partir daquela data, o “gigante pela própria natureza” havia acordado. Pensei: agora vai! Chegou a hora! Quanta decepção!
E você, caro leitor, ficou surpreso?
Finalmente uma categoria havia saído do ostracismo e se rebelado contra as forças opressoras desse país.
Nos momentos seguintes imaginei que as demais categorias e sindicatos tomariam as ruas e juntariam forças para levantar o gigante. E o povo num lampejo de lucidez sairia de sua moradia e daria mais suporte e sustentação ao gigante. Quanta decepção! Que utopista que fui!
Uma parcela significativa de habitantes desse território chamado Brasil (mais tarde será Brazil), apenas pensou e pensa em seu próprio umbigo. Não pensaram e nem pensam como Nação.
Como conseguir entender um povo que reclama no dia a dia do alto valor de um produto (no caso, a gasolina) – e que na escassez desse mesmo produto quando o encontrou, comprou por um valor bem maior (duas ou três vezes superior) e ainda o estocou? Além disso, enfrentou filas quilométricas num sol escaldante por horas ou dias? E a avareza máxima: vendeu ao seu vizinho e conterrâneo o produto escasso por um valor dez vezes superior?
Naqueles dias de manifestações a escassez não foi apenas de combustíveis, mas de gêneros alimentícios de necessidades básicas.
Comerciantes do ramo, sob a alegação da falta dos produtos (produtos esses que já existiam no estoque antes da paralisação), venderam ao seu cliente e habitante do mesmo território, gêneros alimentícios por valores 70% ou 90% mais caros.
Certos habitantes desta terra não pensam como Nação.
Será que esses podem exigir ética, honestidade, empatia e solidariedade dos políticos?
Embora tenham ocorrido indícios de que a manifestação dos caminhoneiros foi um locaute, a paralisação era o momento ideal para a Nação tomar um rumo.
Infelizmente, o povo não entendeu o recado.
Estranhamente, os sindicatos se calaram.
Por qual motivo?
Há quem diga que só pensamos como Nação e exercitamos o patriotismo de quatro em quatro anos, pela ocasião da Copa do Mundo de futebol.
Seria um momento de orgulho?
Se eu não torcer, estarei deixando de ser um patriota?
O que mudaria para a Nação caso a seleção brasileira de futebol ganhasse a Copa?
Apenas mais uma estrela na camisa daqueles já milionários jogadores (que não têm culpa pelos descasos dos nossos governantes) e ao seu entretenimento.
Sabendo que no dia seguinte e no seguinte, as suas contas chegam e precisam ser pagas, pois a “pátria” precisa receber para que ela possa dar seguimento ao projeto “mais estrelas na camisa da seleção brasileira”.

HUMANITAS Nº 75– SETEMBRO DE 2018 – PÁGINA 5


O ÓDIO ESTÁ LIBERADO
Anna Gicelle Garcia Alaniz é doutora em História. Atua em Campinas/SP

Atenção: texto com alta concentração de ironia e sarcasmo
(só avisando)
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Aleluia! Não precisamos mais nos preocupar com boas maneiras, gentileza, consideração, civilidade ou respeito aos sentimentos alheios. O ódio está liberado e embarcamos em uma nova etapa da viagem humana rumo à aniquilação.
Que alegria poder trombar em alguém na rua e, não apenas não pedir desculpas, mas ainda berrar impropérios e culpar um desconhecido por um erro que é nosso. Dirigindo carro então, que maravilha, levantar o dedo para quem questiona nossa direção imprudente, soltar a buzina em cima de quem está devagar e atrapalha nossa pressa e assustar pedestres acelerando quando estão atravessando a rua. Nunca mais o estresse insuportável de ser educado e polido.
Dia de jogo, que beleza, nada melhor que soltar meia dúzia de rojões na porta do vizinho, mesmo sabendo que ali vive um idoso inválido ou um bebê recém-nascido. O que importa? O mais importante é festejar nosso time e humilhar o adversário.
Se precisar “sair na porrada” com o adversário, nada melhor do que “ir de turma”, de preferência totalmente alucinados, embriagados com a falsa coragem produzida por álcool e outras substâncias, que suplantam o cérebro e o caráter quando necessário. Afinal, quem mandou não ser “um de nós”? Todo mundo tem a obrigação de tomar conhecimento da nossa existência e vamos providenciar isso da maneira mais ensurdecedora e ordinária possível.
Festa só é festa se o barulho dos gritos e da “música” se espalhar em um raio de mais de um quilômetro. Para que dar uma festa se ninguém ficar sabendo? A civilidade e a convivência urbana são para “frutinhas”, bom mesmo é incomodar o máximo de gente possível para que todos saibam que estamos vivos.
E a internet? Ah, a internet, paraíso inviolável da grosseria e da vulgaridade… Nada melhor para começar bem um dia que entrar em um portal de notícias e escrever um comentário absolutamente ultrajante em caixa alta. Mesmo sem ter lido o artigo, sem entender nada do assunto e sem necessidade alguma de expressar opinião. Estamos aqui e vão ter que nos engolir!
Uma professora foi espancada? Aí vai um comentário cheio de misoginia, no mais baixo calão imaginável e sem qualquer pudor ou consideração. Quem mandou não ser homem? Tem que apanhar mesmo.
E a esquerdalha? Nada melhor que entrar nos sites, páginas e posts de pessoas que nem se conhece e xingar da maneira mais ordinária, ameaçando com violência e morte, em nome de deus, da pátria e da família. É preciso que essa escória seja eliminada ou reduzida à imobilidade total.
Que maravilha votar naquele vereador ou deputado, homem de verdade, gente de bem, temente a deus, que vai acabar com essa farra de “vitimismo” e direitos humanos e “baixar o cacete” em todos os vagabundos das humanas.
Toda essa gente que lê muito, que se expressa com precisão e domina os assuntos que nem conhecemos deveria ser morta e os livros queimados, as universidades fechadas, para que parem de mostrar como somos ignorantes e estúpidos. Somos maioria e não devemos nos curvar a essas ditaduras intelectuais, eles é que têm que descer ao nosso nível se quiserem ficar vivos. Odiamos autores que não conhecemos, assuntos que não entendemos e pessoas que são diferentes do que consideramos normal.
O mundo deveria ser à nossa imagem porque nós acreditamos em deus e na bíblia (mesmo que jamais tenhamos lido sequer uma linha do que está escrito nela e só conheçamos Jesus através dos filmes) e não queremos que nada mude. O conhecimento nos ameaça e por isso apoiamos qualquer um que queira destruí-lo, mesmo que isso também nos destrua. E se alguém tenta nos convencer a sermos mais tolerantes, nada melhor que berrar a plenos pulmões qualquer besteira para conseguir que a pessoa se cale.
É assim que “refutamos”, berrando e intimidando quem é mais educado, para que saiba quem é que manda. Pena que não mandamos em nada ainda, mas mesmo assim nada se compara a poder alardear nossa superioridade energúmena. A polícia nos apoia. A mídia nos protege.
O “sistema” conta com nosso apoio para combater o comunismo e a civilização.
Imagine quando as armas forem liberadas e cada um de nós pudermos defender nossos argumentos descarregando um “tresoitão” em cima dos subumanos que não pensam e nem vivem como deveriam…
Será um sonho realizado!
Armas e comprimidos azuis ilimitados em um mundo regido e abençoado por deus, em que as mulheres conheçam seu lugar e a caça às bichas, aos pretos e aos comunas seja liberada. Nunca mais ser chamado de “coxinha” por ser orgulhosamente de direita.
Nunca mais ser confrontado com a própria ignorância por pessoas que entendem de verdade sobre economia, política, história, geografia e arte. Nunca mais ser ameaçado por mulheres com capacidade superior nos empregos, nas escolas ou nas ruas.
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HUMANITAS Nº 75– SETEMBRO DE 2018 – PÁGINA 6

O SAPATINHO DE BEBÊ
Araken Vaz Galvão é escritor e membro da Academia de Artes do Recôncavo. Atua em Valença/BA

John Steinbeck (1902-1968) não foi um escritor de grandes vôos.
Andou em voga na época de ouro da chamada geração perdida estadunidense – embora não fosse membro nato dela – foi muito incensado pelos meios de comunicação do seu país (e do nosso, por macaquice congênita), chegou mesmo a ganhar o prêmio Nobel de Literatura em 1962 – essa espécie de Oscar, hoje bastante desacreditado – embora seu valor literário fosse muito limitado.
Se não fora o poder do PIB dos Estados Unidos não teria saído do âmbito do seu país e, muito menos, recebido o galardão que recebeu.
Só alcançou um determinado realce literário em três ocasiões: quando se voltou para o sofrimento do seu povo, no momento crucial em que o sacrossanto capitalismo – do qual ele era um acérrimo defensor – entrou no campo, abocanhando as pequenas propriedades agrícolas, expulsando milhares de famílias que sobreviviam daquilo que chamamos hoje no Brasil de agricultura familiar.
Com esse tema, a defesa dos “sem-terra” de lá, que foi retratado no romance “As Vinhas da Ira”, uma vigorosa obra de denúncia, cujo final é dos mais belos – se não o mais belo – da literatura dos Estados Unidos.
Outro momento de brilho foi graças à adaptação de seu segundo romance mais festejado, “A Leste do Paraíso”, uma parábola bíblica sobre o conflito de dois irmãos (Caim e Abel?), que foi levada ao cinema por Elia Kazan, em 1955, que no Brasil recebeu o título de “Vidas Amargas”.
No começo de minha vida de leitor, Steinbeck foi um dos meus autores preferidos. Graças a essa longínqua iniciação, tenho vários de seus livros e ainda encontro beleza em seu romance panfletário (de 1939) “As Vinhas da Ira” e também me divirto com a peculiaridade dos tipos humanos de “A Rua das Ilusões Perdidas” (de 1945), em particular com o personagem que adora barcos e odeia o mar, por isso passa toda a vida construindo um – onde mora com a família –, com o seguro objetivo de nunca terminá-lo para não ser forçado pelos amigos a colocá-lo n’água. Se é verdade que não se pode esquecer completamente de Steinbeck e de sua obra, também não se pode esquecer que, já em plena decadência criativa, começou a condenar, em reportagens que escrevia quando já não tinha fôlego para a literatura, todos os princípios humanistas que defendeu no seu curto auge literário. Foi um dos defensores da guerra contra o Vietnã.
Não é, porém, por essas qualidades (ou defeitos) que desejo falar de Steinbeck, mas por causa da minha neta Clara.
Sua mãe, que esteve uma temporada conosco, vindo do Rio de Janeiro, onde mora, chegou a mim com uma lembrança de despedida, já que voltavam para casa. Resulta que a lembrança era justamente um pé do sapatinho de bebê que eu tinha dado a minha netinha.
Ela explicou-me que o sapato não cabia mais no pezinho da criança, por isso, ia pendurar um dos sapatinhos na haste do espelho retrovisor do seu carro e me pedia que fizesse o mesmo em relação ao outro par. Coisa de mãe, como se vê...
Mas o que Steinbeck tem a ver com isso?
O que o gesto de minha filha trouxe à baila, está no romance “O Destino Viaja de Ônibus”, pág. 18/19 (Ibrasa, São Paulo, 1961), e se refere à descrição do ônibus, no qual “viajava o destino”, onde está escrito:
“(...) O assento do motorista estava tão gasto que se via o contorno das molas do estofamento, mas uma almofada de tecido estampado desempenhava a dupla função de proteger o motorista e esconder as velhas molas”.
“Suspensas no topo do pára-brisa pendiam as mascotes: um sapatinho de bebê – para proteção, pois os pés incertos de um bebê requerem a constante atenção e assistência de Deus; e uma pequenina luva de boxe – para força, potência, segurança no volante, impulso dos pistões para fazer girar o virabrequim, poder da pessoa como indivíduo responsável e orgulhoso”.
“Pendia também do pára-brisa uma bonequinha de cabeleira de penas, envolta em provocante sarong. Isso se destinava ao prazer da carne e da vista, do nariz e dos ouvidos. Quando o ônibus estava em movimento, as três mascotes dançavam e giravam sobre a cabeça do motorista”.
Na ocasião que li o livro – isso já lá se vão mais de 40 anos, o que significava que eu era bastante jovem – fiquei encantado por descobrir o motivo pelo qual as pessoas penduravam sapatinhos de criança nos seus carros.
Quando minha filha fez a proposta, lembrei-me da alusão. Fui à estante peguei do livro, localizei a página, mostrei a minha filha e escrevi esta crônica, a qual dedico a Clarinha, na certeza de que, quando ela tiver discernimento para compreendê-la já não estarei neste mundo lendo e escrevendo livros.

HUMANITAS Nº 75– SETEMBRO DE 2018 – PÁGINA 7

QUANDO AS CRIANÇAS BRASILEIRAS SERÃO RESGATADAS DA MISÉRIA?
Ana Maria Ferreira Leandro é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG

Em todo o mundo não houve povo que não se unisse para desejar o resgate das crianças tailandesas, que se viram de repente presas numa caverna de grande profundidade abaixo do mar. De fato, este grupo de crianças que provavelmente passou por uma difícil experiência, num alto risco de perda da vida, mas demonstraram ser corajosos ostentando sorrisos para suas famílias quando ainda presos na caverna.
É preciso reconhecer que estavam na companhia de um instrutor/educador, que os proveu de um treinamento no uso direcionado da mente, para resistirem às intempéries de uma caverna com dificuldades respiratórias e ambientais.
Especialistas em mergulho em cavernas, os “espeleologistas” e mesmo pessoas de apoio geral (produção de alimentos para os envolvidos etc) se colocaram como voluntários na difícil tarefa de fazer o salvamento das crianças e o instrutor.
Registre-se uma perda importante de um dos voluntários, que lamentavelmente até perdeu a vida na tentativa de prestar sua ajuda no processo. Mas apesar da dolorosa perda, a operação total foi exitosa e as treze pessoas que se encontravam na caverna foram salvas e devidamente cuidadas no pós-salvamento. Podemos dizer que foi uma experiência mundialmente envolvente.
E fico me perguntando, por que não nos preocupamos com a legião de crianças no Brasil, ao relento ou em condições precárias de moradia, sem desenvolvimento educacional, à mercê da fome e da total desestruturação de vida.
Falta de saneamento e outras condições básicas de sobrevivência é a realidade de muitos, que morando em casas de tábuas e papelão enfrentam os rigores da miséria.
Mas num país em que até a merenda escolar de crianças é roubada por adultos, que ocupam cargos de lideranças institucionais e políticas, o que mais se pode esperar? 
Resta-nos o lamentável entendimento, que todo o espetáculo de sensibilizaçâo de grande parte de nossa gente é mero exibicionismo de uma solidariedade fingida!
De fato, para exibir como num palco de teatro uma capacidade de sensibilização é comum ouvirmos discursos e palavras de valorização da infância.
Tudo mera exibição, teorias sem aplicação, porque na hora de atuarem na solução dos problemas da miséria, roubam a alimentação de crianças na escola.
Isto praticado muitas vezes por pessoas escolhidas por nós em eleições, mas participam também deste processo hediondo de corrupção!
E se uma vez chamados a responder por tais ações (quando chamados), em esticado processo condenatório acabam se safando da prisão de onde deviam estar desde antes, para não roubarem e usarem sua própria gente em seus atos espúrios.
Quando iniciaremos o processo de resgate de nossa gente?!
Muita gente de todas as idades morre nas ruas por total falta do que nos garante a Carta Magna: saúde e segurança!
Por que não nos horroriza saber que crianças estão com fome, enquanto outros que tudo têm estão roubando de muitas delas?
Por que não nos vemos na obrigação de resgatar essas crianças e não apenas os próprios filhos? A ação voluntária do resgate na Tailândia chega a nos causar vergonha, diante da referência humana que nos dão.
Vergonha das precárias condições de nossos irmãos, que não conseguiram escapar da miséria.
E nenhum plano ou projeto é estabelecido para este resgate, que mata muito mais que guerras.
Provavelmente porque os holofotes da imprensa e da comunicação não se refletem sobre eles.
Os discursos políticos são todos plenos de promessas para ações deste resgate. Mas dissolvem-se em seus exercícios como gelo, talvez fabricado na frieza de suas mentes e corações, próprios de quem só se preocupa em exorbitar seus próprios ganhos.
Uma vez eleitos não há preocupação com o cumprimento de promessas; que por sua vez não são cobradas pelos que os elegeram.
Uma vez explicitado sobre as difíceis condições econômicas do próximo governo (uma vez que o atual nada fez), pergunto-me por que as lideranças políticas de nossas instituições, não se propuseram não somente a uma adequação de seus ganhos exorbitantes, ou à redução de seus “benefícios”.
São detentores de ganhos que um trabalhador de salário mínimo não alcança nem em toda sua vida, como “auxílio moradia” e outros, que nem é possível relatar todos numa página jornalística. 
Lamentavelmente estamos errando todos, por não termos competência para resgatar nossa própria gente!