O futebol
tornou-se uma forma de identificação para as massas
trabalhadoras
das grandes cidades inglesas
A classe burguesa industrial triunfou, e suas regulamentações esportivas se
massificaram, tornando o futebol em um esporte de massa.
Além disso, "os burgueses descobriram o futebol como meio de despolitização dos trabalhadores na década de 1860.(...) O objetivo era bem claro. Eles precisavam manter os operários à margem da atividade política dentro de suas organizações de classe".
Notamos, portanto, que a regulamentação das regras do futebol aconteceu em um momento histórico, quando o operariado começava a reivindicar seus direitos e a se tornar uma classe política. Portanto, nada melhor para a burguesia industrial do que controlar, a partir da criação de regras, um jogo que a maioria proletária praticava.
No ano de 1863 foi fundada na Inglaterra a Football Association, com regras para a prática do jogo entre as equipes. Criaram-se assim tabelas, datas dos jogos, controlando-se a prática. Os times eram formados pelas fábricas espalhadas pelas diversas cidades do país.
Os jogadores desses times eram os próprios funcionários das fábricas, que disputavam jogos, geralmente nos sábados à tarde (tradição existente até hoje no Campeonato Inglês de Futebol) no dia em que tinham folgas. Muitas pessoas iam assistir às partidas.
Os times eram representados pelos operários das fábricas e também pela família e comunidade onde habitavam os jogadores. Nesse período começam a surgir as grandes rivalidades entre os diferentes times das cidades da Grã-Bretanha, ocorrendo as disputas entre o Manchester City e o Manchester United, o Glasgow Celtic e o Glasgow Rangers, e o Arsenal, o Chelsea e o Cristal Palace, em Londres.
Começa nesse instante a identificação por parte da população pelos clubes de futebol, tanto por razões comunitárias, culturais e até mesmo religiosas. Tal massificação do esporte fez com que o historiador inglês Eric Hobsbawn chamasse o jogo de futebol como "a religião leiga da classe operária".
Como será que o futebol conseguiu tanto sucesso entre as massas, e até mesmo entre todas as demais classes? Qual o motivo de toda essa paixão pelo esporte surgida na Segunda metade do século 19?
Podemos seguir agora o raciocínio do historiador Nicolau Sevcenko, o qual assinala que “num curtíssimo espaço de tempo, o futebol conquistou por completo toda a população trabalhadora inglesa e, em breve, conquistaria a do mundo inteiro. Como entender esse frenesi, esse poder irresistível de sedução, essa difusão epidêmica inelutável? Como vimos, parte da explicação está nas cidades, parte no próprio futebol.
A extraordinária expansão das cidades aconteceu a partir da Revolução Científico-Tecnológica, pela multiplicação acelerada da massa trabalhadora que para elas acorreu em sucessivas e gigantescas ondas migratórias.
Nas metrópoles assim surgidas, ninguém tinha raízes ou tradições, todos vinham de diferentes partes do território nacional ou do mundo. Na sua busca por novos traços de identidade e de solidariedade coletiva, de novas bases emocionais de coesão que substituíssem as comunidades e os laços de parentesco que cada um deixou ao emigrar, essas pessoas se vêem atraídas, dragadas para a paixão futebolística que irmana estranhos e que os faz comungarem de ideais, objetivos e sonhos e que consolida gigantescas famílias vestindo as mesmas cores."
Assim descobrimos que o futebol tornou-se uma forma de identificação para as massas trabalhadoras das grandes cidades inglesas. Os times se tornaram muito mais do que times, tornaram-se um objeto em que as pessoas encontravam o seu igual, encontravam seus objetivos e sonhos, tão arraigados pelo trabalho árduo nas fábricas durante a semana.
O futebol faz com que todos saiam ganhando. Tanto as grandes massas, que encontram nele certa identidade, quanto a burguesia, que o utiliza para regulamentar a sociedade e a massa proletária.
O século 19 pode ser considerado o século do imperialismo inglês pelo mundo. Assim como o comércio inglês se expandiu pelo mundo, os seus aspectos culturais também. E com o futebol não foi diferente.
Além disso, "os burgueses descobriram o futebol como meio de despolitização dos trabalhadores na década de 1860.(...) O objetivo era bem claro. Eles precisavam manter os operários à margem da atividade política dentro de suas organizações de classe".
Notamos, portanto, que a regulamentação das regras do futebol aconteceu em um momento histórico, quando o operariado começava a reivindicar seus direitos e a se tornar uma classe política. Portanto, nada melhor para a burguesia industrial do que controlar, a partir da criação de regras, um jogo que a maioria proletária praticava.
No ano de 1863 foi fundada na Inglaterra a Football Association, com regras para a prática do jogo entre as equipes. Criaram-se assim tabelas, datas dos jogos, controlando-se a prática. Os times eram formados pelas fábricas espalhadas pelas diversas cidades do país.
Os jogadores desses times eram os próprios funcionários das fábricas, que disputavam jogos, geralmente nos sábados à tarde (tradição existente até hoje no Campeonato Inglês de Futebol) no dia em que tinham folgas. Muitas pessoas iam assistir às partidas.
Os times eram representados pelos operários das fábricas e também pela família e comunidade onde habitavam os jogadores. Nesse período começam a surgir as grandes rivalidades entre os diferentes times das cidades da Grã-Bretanha, ocorrendo as disputas entre o Manchester City e o Manchester United, o Glasgow Celtic e o Glasgow Rangers, e o Arsenal, o Chelsea e o Cristal Palace, em Londres.
Começa nesse instante a identificação por parte da população pelos clubes de futebol, tanto por razões comunitárias, culturais e até mesmo religiosas. Tal massificação do esporte fez com que o historiador inglês Eric Hobsbawn chamasse o jogo de futebol como "a religião leiga da classe operária".
Como será que o futebol conseguiu tanto sucesso entre as massas, e até mesmo entre todas as demais classes? Qual o motivo de toda essa paixão pelo esporte surgida na Segunda metade do século 19?
Podemos seguir agora o raciocínio do historiador Nicolau Sevcenko, o qual assinala que “num curtíssimo espaço de tempo, o futebol conquistou por completo toda a população trabalhadora inglesa e, em breve, conquistaria a do mundo inteiro. Como entender esse frenesi, esse poder irresistível de sedução, essa difusão epidêmica inelutável? Como vimos, parte da explicação está nas cidades, parte no próprio futebol.
A extraordinária expansão das cidades aconteceu a partir da Revolução Científico-Tecnológica, pela multiplicação acelerada da massa trabalhadora que para elas acorreu em sucessivas e gigantescas ondas migratórias.
Nas metrópoles assim surgidas, ninguém tinha raízes ou tradições, todos vinham de diferentes partes do território nacional ou do mundo. Na sua busca por novos traços de identidade e de solidariedade coletiva, de novas bases emocionais de coesão que substituíssem as comunidades e os laços de parentesco que cada um deixou ao emigrar, essas pessoas se vêem atraídas, dragadas para a paixão futebolística que irmana estranhos e que os faz comungarem de ideais, objetivos e sonhos e que consolida gigantescas famílias vestindo as mesmas cores."
Assim descobrimos que o futebol tornou-se uma forma de identificação para as massas trabalhadoras das grandes cidades inglesas. Os times se tornaram muito mais do que times, tornaram-se um objeto em que as pessoas encontravam o seu igual, encontravam seus objetivos e sonhos, tão arraigados pelo trabalho árduo nas fábricas durante a semana.
O futebol faz com que todos saiam ganhando. Tanto as grandes massas, que encontram nele certa identidade, quanto a burguesia, que o utiliza para regulamentar a sociedade e a massa proletária.
O século 19 pode ser considerado o século do imperialismo inglês pelo mundo. Assim como o comércio inglês se expandiu pelo mundo, os seus aspectos culturais também. E com o futebol não foi diferente.
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