A exclusão social do povo negro continua
viva
Aline Cerqueira – Itaberaba (BA)
Aline Cerqueira – Itaberaba (BA)
A população negra no Brasil vive em apartheid social disfarçado após 300
anos de escravidão. Os reflexos ainda sobrevivem nas favelas e lugares mais
pobres do Brasil. A maioria negra está excluída do acesso aos direitos básicos
assegurados pela Constituição brasileira. E isso é uma verdade.
A mulher negra e o homem negro foram
subjugados por um sistema que cria imensas dificuldades de ascensão social. As
constantes lutas pela sobrevivência estão estampadas nas ruas, nas praças e nas
favelas brasileiras.
A maioria da população negra vive em
condições subumanas.
Sobre o
pretenso complexo de dependência do colonizado, o pensador Frantz Fanon afirma que o negro “é escravizado por sua inferioridade, o branco escravizado por sua
superioridade”, ou seja, a alienação é mútua, o colonizador ao criar uma
imagem mítica do colonizado também é alienado.
Ainda hoje no Brasil essas questões gerais
aparecem de formas especificas nas expressões que dizem respeito à reflexão
cultural. Vemos que a mulher negra é submetida pelo sistema a viver dentro da
cultura imposta pelos europeus, incluindo valores e comportamentos.
Frantz
Fanon observa que a intensidade do
peso do colonialismo no imaginário da mulher de cor, faz com que esta se sinta
inferior para se relacionar com o homem branco.
Por isso é visível a preocupação da
estética como alisamento de cabelos, embranquecimento da pele e todos os
aparatos estéticos que assinalam um condicionamento à cultura branca.
Essas formas culturais são ocidentais e
modernas. Elas alienam e criam mecanismos para que a sociedade viva em padrões
disfarçados em valores de uma “sociedade perfeita”.
Em que todos pareçam todos iguais.
Historicamente é preciso compreender que a
maioria da população negra quer falar e agir, mas suas ações foram
condicionadas à cultura branca, a qual chegou ao Brasil há mais de 500 anos,
trazendo e impondo sua forma de pensar e de se comportar em uma sociedade. O
poder dominante da raça branca europeia estabeleceu regras de submissão que
predominam até hoje, ainda que os traços africanos e indígenas estejam
presentes nas características faciais do povo brasileiro.
O negro no Brasil sempre foi considerado um
ser inferior. Ainda existem pessoas temendo encontrar um negro nos elevadores e
nos locais de pouco movimento das cidades. O negro continua sendo visto como um
marginal. Essa percepção no tocante à população negra vive na cabeça de muita
gente. A escravidão de 300 anos incutiu na mentalidade delas que o negro é ruim
e que ele foi escravo para viver na submissão e servir.
Por que o negro ainda é o que mais morre
através da violência? Por que as contradições de pobreza da população negra
ocorrem nos grandes centros? Por que as mulheres negras não se apresentam como
famosidades nas passarelas e nos grandes programas de audiência?
E por que quando algumas delas se
apresentam se disfarçam de brancas?
É sobre esses questionamentos que
entendemos como o negro permaneceu inferior e marcado para ser escravo dos
padrões moralistas e racistas instalados em cada esfera de poder. É sobre essas
questões de pensar o humanismo que assinalo aqui a necessidade de excluir esses
padrões estabelecidos pelo sistema capitalista que segrega a maioria.
Por que grande parte dos negros vive sem entender a lógica do
capitalismo? Acredito que a liberdade de expressão e o senso crítico são a
chave para entender esse segredo. Precisamos ser livres pensadores. A população
negra habitante das favelas é vista como marginal e precisa reagir. A luta
humanista tem de romper essas correntes e ajudar o homem a pensar. O negro
precisa ser protagonista da sua própria história.
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