A inconsistência da fé
Jorge Oliveira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Jorge Oliveira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Para começar, é preciso deixar claro que o tema
a ser tratado aqui é a fé religiosa, não outros tipos de fé, como a fé
política, por exemplo, que se pauta normalmente por ideias filosóficas e
opiniões.
A fé religiosa
deve-se pautar (ou pelo menos assim deveria ser) por um único conceito: a verdade.
Muitos
consideram que a verdade não é uma só, mas várias, dependendo da opinião de
cada um.
Este é um
raciocínio falho, uma vez que não existe meia verdade. Ou ela é, ou não é!
Portanto, tem que ser única.
As escolas e
por extensão as Universidades existem para divulgar os conhecimentos que o
homem conseguiu adquirir ao longo de sua evolução.
Aos alunos é
ensinado que na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Entretanto, não
existe uma determinação ou um interesse por parte dos professores (nem dos pais
ou da sociedade) de levar os alunos a exercitarem o pensamento crítico.
Julgam-se os
professores na obrigação de "passar
a matéria" e aos alunos compete decorar fórmulas que deveriam ser
entendidas e ideias que deveriam ser discutidas e julgadas, mas não é assim que
acontece.
Aquela lei
acima comentada, a da conservação da massa e da energia, enunciada inicialmente
por Lavoisier, como todos sabemos, deveria abrir os olhos dos alunos para uma
realidade física, concreta, mas não!
Eles a decoram
para "passar de ano". O
mesmo acontece com as demais leis físicas. Não convém interpretar, que decorem!
Não é um
absurdo?
Nas igrejas os
pequenos seres (grandes homens de amanhã!) aprendem coisas incríveis como
considerar que a Terra tem 4 mil anos de existência ou é o centro do Universo.
Levados pelas
circunstâncias (os pais que são muito bons, os padres e pastores que não mentem
e só querem ajudar, e pela sociedade, que instiga toda essa situação) aqueles
alunos, aos quais não houve conveniência ou interesse de serem levados a
pensar, aceitam sem pestanejar (mesmo porque não têm ainda conhecimentos e capacidade
para julgar) a ideia do "milagre",
que é a base sobre a qual se assenta todo e qualquer ideário religioso. Ora,
convenhamos, o "milagre" é
a negação das leis físicas, que são provadas pelo homem.
Ora, se as leis
físicas são verdadeiras e o "milagre"
é a sua negação e se as primeiras são verdadeiras, não pode o último também
sê-lo.
Trata-se de uma
questão de bom senso e coerência. Outros tipos de inconsistência existem aos
milhares.
Por exemplo: um
médico estuda muito e se esforça ao máximo para salvar um doente, que acaba por
salvar-se (da doença, logicamente).
A família não
agradece ao médico nem à ciência, mas a um deus, que não deveria ter permitido
que o doente tivesse deixado de ser são!
Há um contrassenso
muito grande nos hospitais, onde não encontramos um espaço onde não haja uma
cruz (ou qualquer outro símbolo religioso), símbolo do poder divino.
Poder que se
fosse tão bom ou tão grande, não teria ensejado aos homens a construção de
hospitais.
Onde existe fé
não existe racionalidade, e o homem pelo menos se julga um ser racional.
Não vamos decepcioná-lo!
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