segunda-feira, 27 de julho de 2015

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 8

MIRAGEM
Especial para o Humanitas

Araken Vaz Galvão Sampaio é escritor e membro da Academia de Letras do Recôncavo .
Mora em Valença/BA

Nestes últimos tempos, em que passo a maior parte das horas sentado na varanda de minha casa, suportando a decrépita e cansativa ociosidade da minha velhice, muito tenho pensado em Teresa. Não aquela saída da pena de Milan Kundera; melhor, imagino que do teclado mágico do seu computador, mas uma gentil senhorita que, em silêncio da minha timidez, cheguei a amar – diria mesmo que até perdidamente, se não fosse a impropriedade da sintaxe corrompida, pelo lugar-comum – no meu tempo de jovem. E tudo isso sucedeu devido a uma insistente recordação de Olívia, outro de meus amores da juventude.
Teresa, como a imaginei, era uma sertaneja morena, cujos lábios lembravam-me a cor rubra de bonina e sabor do fruto de um cacto de nome popular de facheiro, comum no sertão, porém não tão conhecido como mandacaru ou o xiquexique, por exemplo.
Seus cabelos, em longos cachos, caiam sobre os seus ombros largos. Sob a blusa fina de algodão, seus pequenos e bem formados seios lembravam os cerros relvados da paisagem de algum país longínquo, visto em um filme já perdido na memória.
Nunca cheguei a conversar com Teresa, sequer estou seguro se ela realmente existiu ou se ora estou a idealizar sua existência devido à solidão da velhice ou por confundir sua imagem etérea com a de Olívia, minha primeira namorada, a da fase de minha vida, a iniciar-se como adulta.  
Teresa ou Olívia (aquela a quem beijei e muitas vezes apertei em meus braços) recordo-me com muita saudade, nestes últimos tempos, em particular agora, quando até o esforço de caminhar resulta em algo muito próximo a um renguear ridículo.
E as lembranças, mesmo as ditosas implicam em sofrimento.
Ela, pois, ou uma delas, veio visitar-me aqui neste rincão baiano de Valença, hoje, numa segunda-feira tediosa e insípida.
Assombrou-me aquela presença, além de ter-me assustado por tê-la ouvido falar, e o fez em tom de reproche, acusando-me, de forma implícita, de ser insensível e cruel por não a ter amado no momento oportuno: aquele em que a reprodução não só é possível, mas se faz necessária, condenando-a ao mais terrível dos castigos a que se pode impor uma mulher, negar-lhe (ou impedir-lhe) as revelações da maternidade.
Vi então que ela chorava.
- Não chore, Olívia - disse-lhe.
- O meu nome é Teresa - contestou-me soluçando - Veja até onde chega a sua insensibilidade, além de ter me negado a maior ventura a que almeja uma mulher, ainda troca o meu nome.
Suas palavras doeram-me como uma chicotada.
Em tudo isso pensava, embora me sentisse confuso devido ao fato de saber que aquilo era um sonho, quiçá uma miragem.
Devia estar, por certo, dormindo. A maior prova, possivelmente, devia ser a cabeça caída sobre o peito, a respiração ritmada, ainda que ofegante, como é comum aos velhos, e o compasso com que meu peito arfava, não deixava dúvida de que eu dormia mesmo, ou encontrava-me próximo daquilo que se convencionou chamar de cochilo intermitente dos idosos.
Foi então, como outro sonho nascido do sonho principal, que me veio a certeza de que eu mesmo, quando jovem (e sonhava ser escritor) costumava dizer que os velhos não sonhavam - sonhar era inerente aos jovens -, pois aqueles viviam apenas do passado, revivendo-o em forma de assombração, miragens que os mantinham na ilusão de estarem todavia vivos.
Descobri que também eu chorava. Melhor: umas furtivas lágrimas escorriam pelas rugas da face. Neste momento, creio, minha mulher cobriu-me com um cobertor de lã, imaginei ela dizer algo como: vai para a cama, e conclui que ela não viu as minhas lágrimas. Ouvi seus passos que se afastavam. Um sabiá que mora a maior parte do tempo no jardim de nossa casa, soltou seu canto mavioso. Abri lentamente os olhos. Olívia ou Teresa tinha desaparecido, mas isso apenas supus. O que vi foi um beija-flor, que também habita por ali, adejando frente à corola de uma flor. Sobre o muro, as lagartixas caminhavam, fazendo rápidas paradas, balançando a cabeça, como se concordassem com o meu devaneio.
Lembrei-me então do poeta Fernando Pessoa, mais precisamente dos versos finais do seu poema A Tabacaria: (...) o universo/ Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, (...), no meu caso específico, era apenas o pequeno mundo que me rodeava que se reconstituía, também sem esperança.
Enquanto isso o beija-flor continuava esvoaçando de flor em flor e as lagartixas, sobre o muro, balançavam afirmativamente as cabeças.

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 7

A MÃO, O MEDO E A PAZ

Especial para o Humanitas

Ana Maria Leandro integra a Academia Mineira de Letras
e colabora com o Humanitas há três anos.
Escritora e jornalista em Belo Horizonte/MG

Eu estava ainda na primeira infância e pensava que problema de insegurança era algo para além dos limites do imenso quintal que cercava minha casa. Inclusive o primeiro grande desafio que tive foi o de insistir para conseguir permissão materna para ir pela primeira vez sozinha à escola. Soube, anos mais tarde, que eu pensara, que havia ido sozinha. Mamãe, zelosa com a caçula, que miudinha parecia ter menos da idade real, foi pela rua afora se esgueirando por trás de postes e muros, para que eu não percebesse que me seguia. Deixou-me enfrentar o perigo, mas de tocaia. Por muito tempo quando viva contou essa história e concluía orgulhosa: e ela foi sem medo!
 Eis que um dia corre no bairro a notícia que uma mulher havia sido morta quando, ao abrir a janelinha da porta da frente, para atender à campainha levara um tiro sem qualquer possibilidade de defesa. O executor desaparecera sem deixar pistas ou explicar razões. Fiquei tomada de pânico. Àquela época eu não podia imaginar, porque pessoas matam pessoas. Isto só acontecia nos filmes de mocinho e bandido, sendo que o morto era sempre o bandido. Gente boa e honesta só morria bem velhinho e porque já tinha feito o que tinha de fazer na vida. A vida, eu pensava, terminava quando nada mais se tinha a fazer.
E se alguém morresse novo tinha sido um acidente, ou uma doença que os médicos não sabiam curar. Diante da tragédia inexplicável passei a ter um medo terrível de atender à porta.
Antes do episódio eu costumava puxar uma cadeirinha de palha (presente que eu ganhara, num dos aniversários da vida) para junto da porta, para subir e abrir a pequena tramela da janelinha, identificando o visitante.
Mas e a coragem de fazer isto depois do fato?
Assim sendo passei a tomar uma atitude, que deixou surpresos muitos de nossos visitantes: subia na cadeirinha, mas me abaixava para não ser vista, acenando apenas a mão direita no vão aberto, num sinal de Paz e Amor!
As pessoas disparavam sonoras gargalhadas, espantadas com o inusitado da cena. Meu pai, entretanto, orgulhoso, dizia ser a saudação de Paz da família.
Meu insólito ato marcou aquele período. Entretanto ele nascera do simples medo de abrir a porta: pelo menos se atirarem, só fura a mão, não dá para morrer, eu pensava.
Mas não assumi declaradamente como medo, pois a filosofia familiar era a de que na vida não se pode ter medo! É preciso enfrentar, o que quer que precisemos enfrentar, com coragem e decisão...
Creio que vem desse quadro, minha resistência ao medo. É claro que no cotidiano, o medo é forma de defesa.
Uma criança que não tenha medo do mar, por exemplo, se expõe muito mais aos riscos de uma onda perigosa.
Mas meus pais tinham uma interessante maneira de separar os medos de fatos sobre os quais não tenhamos controle (e nestes casos, realmente temos que nos preservar) e os medos dos outros. Meu pai sempre dizia na sua maneira filosofal: medo de gente é sinal de covardia. Mantenha em si a verdade e nunca precisará temer ninguém. Quem domina pela imposição do medo, é porque não tem consigo a verdade que convence. É um fraco, portanto... não precisa temê-lo!
 Bem, a vida passou, meu pai se foi porque já tinha feito o que precisava fazer por aqui, e eu cá estou neste planeta, onde parece que a ameaça e o medo reinam. Mas suas lições ficaram e inconscientemente me vejo tentando livrar as pessoas de seus medos. O medo é paralisante. Ele atrofia as ações, inibe a criatividade, desencoraja a iniciativa. É a mais covarde de todas as armas, porque expõe a vítima ao subjugo e à violência de destruição da autoestima. É cruel a manipulação do outro em benefício da manutenção do poder. Este é o medo a que nenhum ser humano pode se submeter.
 Conserve em si a Verdade e não precisará ter medo. Porque ainda que como consequência, você tenha que enfrentar uma adversidade, se a sua causa for a Verdade, ela prevalecerá, mais cedo ou mais tarde...

***
Texto adaptado de um dos artigos da obra A Coragem e a Delícia de Recomeçar – LEANDRO, M Ana. Editora Baraúna/SP/2008.

JORNAL HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 6

A MARCHA FASCISTA EM CURSO:
POLÍTICA, MÍDIA, JUDICIÁRIO E RELIGIÃO

Cláudio Ribeiro - Autodidata
Rio de Janeiro/RJ

O poderoso aparato midiático judicial e político montado para criminalizar a esquerda e atacar direitos de grupos sociais, LGBT e negros, por exemplo, aponta para um caminho de acirramento radical entre defensores de uma nociva agenda conservadora e progressistas acuados.
Soma-se a estes, lideranças religiosas obscuras, mas populares em seus nichos, que despejam combustível no círculo retrógrado que marcha sobre aqueles que não se dobram às suas ideias propostas, baseadas em uma rala mistureba política/judiciária/religiosa, feita para confundir a opinião pública, colocando no mesmo caldeirão fatos isolados e manifestações sociais como rótulos fora do contexto daquilo que combatem, com ódio e pouca informação.
Para isso dar certo, empenham uma ação coordenada entre políticos, juízes, pastores e mídia, repetindo uma mesma tecla ideológica para gerar estereótipos e marcar àqueles que atacam, como inimigos da família e dos valores cristãos.
Os episódios do comercial da Boticário e da Marcha para Jesus (maio e junho de 2015) mais se assemelharam a uma espécie de marcha para o fascismo, quando representantes da defesa da redução da maioridade penal, da pena de morte e da justiça com as próprias mãos, foram saudados efusivamente pelo mar de religiosos dirigidos por seus líderes carismáticos.
Tais marchas são grotescas evidências que não podem ser desprezadas. Sem tempo para refletir, as massas estão sendo confundidas por impostores que buscam a ruptura social.
Há um grande agrupamento neofascista em movimento, em que setores mais retrógrados do Judiciário desempenham papel importante para criminalizar lideranças políticas de esquerda e poupar políticos de direita de seus crimes de corrupção.
A mídia transmite propaganda anticorrupção contra integrantes do PT e do governo, mas pouco ou quase nada fala de escândalos que envolvem seus aliados.
A manipulação do noticiário é escandalosa e nunca antes vista em nossa história, em tamanha intensidade e impostura.
A grande imprensa engajou-se, com todos os seus recursos, em uma cruzada política e ideológica conservadora.
Até alguns anos seria inimaginável que a Rede Globo, um braço forte do catolicismo brasileiro, dispusesse de generoso espaço para que Silas Malafaia, bitolado líder evangélico, faça suas pregações fascistas em rede nacional.
O partidarismo exacerbado do Judiciário e da mídia e o avanço de lideranças religiosas para o mesmo palco, não deixam dúvidas de que há um forte arranjo para a tomada do poder neste momento.  
A tentativa golpista também se dá pela via parlamentar, onde o governo Dilma é frágil, ao mesmo tempo em que conquistam vitórias para suas agendas fundamentalistas, propagam em alto e bom som seus ditames na mídia, com grande destaque para a Rede Globo e Folha de São Paulo.
A mistura de carismáticas lideranças religiosas, com um noticiário propagandista que repete ideias pré-concebidas à exaustão, como ensinado por Joseph Goebbels na Alemanha nazista, e políticos de passado e presente condenáveis, como Roberto Jefferson, Aécio Neves, Jair Bolsonaro etc, posando de bons moços e defensores da família, da moral e dos bons costumes, fecham este ciclo pré-fascismo.
Se terão sucesso nesta empreitada, só a sociedade e os grupos progressistas poderão impedir e dizer. O tempo já corre contra as liberdades de expressão, religiosa, de gêneros e contra a democracia. As atuais marchas são cópias vulgares dos exercícios de Mussolini, Hitler e da atual Ucrânia.
Está cada vez mais perigoso contrapor a bestialidade desta aliança decadente. Apesar de maioria, a timidez das reações a esses ataques aos direitos dos cidadãos pode favorecer a tirania do retrocesso.
Não é apenas o governo Dilma que está a perigo, é toda uma rede de conquistas e liberdade alcançadas, com muita luta, ao longo da história, que está em jogo.

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 5

Intolerância religiosa por religiosos: 
a cruzada neopentecostal baseada no preconceito
Especial para o Humanitas
Perimar Moura. Biólogo e Professor. 
Foi de sua autoria o primeiro texto do Humanitas, Primeira página do nº 00 – Agosto de 2012. Mora em Ilhéus/BA

Muito se fala no Brasil sobre laicismo, mas poucos ainda se apropriam do significado real dessa palavra. Inserida na Constituição Federal de 1988, assegura a liberdade de credo e culto, bem como a liberdade de não se ter qualquer dos dois para todo o povo brasileiro, ou seja, o Estado brasileiro não beneficia essa ou aquela religião, dando liberdade de expressão e direitos iguais a todas as linhas de pensamento acerca da religiosidade.
Na contramão disso, o que vemos é um desrespeito total da legislação, com imagens católicas em diversas repartições públicas e, o pior, uma bancada evangélica tentando legislar em causa própria.
No meio desse fogo cruzado, as religiões de matriz africana no Brasil vêm sofrendo retaliações e sendo vítimas de diversas agressões por parte das religiões cristãs.
Desde quando? Desde sempre! Para entender o processo pelo qual se chegou a isso, precisamos voltar no tempo e entender o processo de colonização do país.
O cristianismo é conhecido por ser uma das religiões mais imperialistas em vigor. A imposição era a ferramenta da dominação utilizada com as etnias indígenas que aqui já estavam.
Com a escravidão das etnias africanas trazidas para cá, esse processo tornou-se ainda pior. Eram proibidos de praticar suas crenças e obrigados a aceitar o cristianismo.
Nesse contexto surgiram o Candomblé e a Umbanda, como uma união de diversos cultos de diferentes povos africanos.
Para manter a fé, os afros usaram o subterfúgio do sincretismo, forma de resistência velada de suas crenças. Apenas no século XX é que houve melhor aceitação das religiões de matriz africana pela sociedade, e ainda assim o preconceito não deixou de existir.
Ocorre que nos últimos anos vimos uma queda do número de brasileiros que se declaram católicos e um vertiginoso aumento dos praticantes das religiões neopentecostais.
A coisa muda então de figura, pois os novos adeptos são fundamentalistas por natureza e seus pastores principais enxergam o grande negócio que o fanatismo religioso pode ser... nunca se falou tanto em dízimo.
Esses novos cristãos são ferozes na tentativa de propagação de sua fé, trazendo uma intolerância ainda maior que o catolicismo, inclusive sobre outras questões como o racismo, a homossexualidade, o sexismo e outras formas de preconceito.
Surge novo movimento iconoclasta. A violência então é perpetuada na forma mais agressiva no uso de termos pejorativos, no ataque a elementos de outras religiões, na desmoralização de símbolos religiosos, partindo para o ataque físico com a invasão de templos, terreiros e outros centros de culto, com quebra de imagens de santos e orixás.
O próprio catolicismo tem sido atacado, mas a crueldade é ainda maior em relação às religiões de matriz africanas.
 Aliado ao fanatismo vem também a marginalização dos afrodescendentes com o processo cínico da abolição nos moldes em que ocorreu aqui no Brasil.
Na tentativa de inferiorização dos povos escravizados houve a demonização de suas expressões religiosas.
E (que ironia!) logo para esses povos que não têm demônios nem o conceito de pecado em sua religiosidade. Talvez seja por isso que parece tão perigoso aos olhos de um cristão, principalmente o neopentecostal, que pessoas sigam tais pensamentos, menos proibitivos, portanto mais libertários.
Temos vivenciado inúmeros ataques a terreiros de Umbanda e Candomblé pelo Brasil, bem como a seus integrantes. No comando disso temos os renomados e famigerados pastores que figuram nas listas dos mais ricos do país, donos de emissoras de televisão, empresas de marketing e agora arraigados no Senado e no Congresso Federal.
O poder desses grupos é tão notório que tivemos de ouvir do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o deputado/pastor Marco Feliciano, a declaração de que africanos são descendentes de um ancestral amaldiçoado por Noé e que sobre a África repousam maldições como misérias, doenças e fome.
Isso tem de acabar!
A laicidade do Estado tem que ser executada em sua completude, e não ser mantida como pano de fundo para esse circo de horrores que tem muito mais de interesse econômico e político do que expressão religiosa.
Penso que duas frentes devem ser abordadas para resolver essa situação.
A primeira é a educação, levar informação e trabalhar a tolerância, a aceitação do diferente sem hierarquização, sem a valoração de melhor ou pior, mostrando que pensamentos diferentes podem coexistir em harmonia quando há respeito pelo direito do outro.
A segunda é o uso da justiça de forma adequada para todo caso de abuso.
Agressão por intolerância religiosa é crime inafiançável e quem agride deve ser tratado como criminoso, com as devidas penalidades previstas em lei.

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 4

O DINOSSAURO VIROU BEIJA-FLOR
Especial para o Humanitas
Texto de Antonio Carlos Gomes - Guarujá/SP

Certa vez li em um veículo respeitável de imprensa que o beija-flor provinha da evolução do dinossauro. E mais: de um dos maiores e mais violentos. Passou muito tempo, não tenho mais como verificar a origem da notícia. 
Lembro bem que esta assertiva fez-me pensar muito tempo, e a recordo de vez em quando. Ela vai totalmente contra a lógica de nosso raciocínio.
O mundo, como o imaginamos, evolui para acumulação e não para esvaziamentos.
Posteriormente, lendo os modernos autores sobre cérebro, deparei-me com a afirmação que o tamanho do órgão não é proporcional ao nível de inteligência, podendo uma massa encefálica diminuta levar vantagem significativa a um volume infinitamente maior de tecido cerebral; provavelmente a transformação do beija-flor de um animal de toneladas e grande cérebro, para um ser de gramas e um mínimo cérebro proporcional, tornou-o apto para seu viver e, portanto, foi vantajoso. 
A lógica social que usamos não é a da natureza. No mundo capitalista vale a quantidade e a acumulação, sempre mais, sempre avolumando, jamais diminuindo.
Não se admite em nenhuma hipótese que um ser, para crescer, diminua. 
A sociedade em que vivemos, jovem em relação ao planeta, (somos uma das espécies mais jovens que aqui se desenvolveu), segue um pensamento único de acumulação.
Os estudos de antropologia do século XVIII em diante, em contato com povos em formação, indicam claramente que tudo começou com o comércio à base de trocas de alimento e seres humanos (escravos e mulheres). 
O contato de cada grupamento em fase inicial era restrito à troca de mercadorias, alimentos e pessoas, principalmente mulheres, muito valorizadas (a fase anterior, a do rapto, acompanhava o saque e era agressão, não troca). 
A partir dessa fase inicial foi criado o líder sempre no lugar de deus, o sacerdote, os juízes formando os três poderes que ainda persistem, acompanhados pela imprensa mais recentemente. 
O mundo desde então passou a ser poder via acumulação de mercadorias. As guerras, antes restritas à necessidade de alimento ou sexo, se multiplicaram, já que passaram a visar o poder e a posse criando uma lógica única. 
O exemplo que apresentei sem dúvida contesta esta versão. Não há nenhuma solução única, temos que pensar em outras saídas, que promovam mais prazer e menos miséria.
Foi exatamente em busca de novos pensares que o jornalista Rafael Rocha reuniu diferentes visões com o objetivo de que se incentive a discussão em busca de um mundo menos agressivo. 
Hoje, o Humanitas está completando três anos, um marco importante por um trabalho gratuito e idealista que procura ajudar com polêmicas a sociedade para que esta caminhe para uma nova solução mais igualitária, na contramão de uma imprensa capitalista e hegemônica. 
Parabéns ao jornalista Rafael Rocha e a todos os colaboradores por esta marca importante de três anos do nosso querido Humanitas.
Os frutos certamente virão.

domingo, 26 de julho de 2015

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 3

DEPOIMENTOS

O Humanitas enfrenta o desafio de deixar ao autor e ao leitor o livre pensar, inclusive em assuntos polêmicos milenarmente. E nisto se encontra seu grande valor: porque não se submete a pressões de qualquer segmento, e expõe de forma escancarada as verdades, que assustam pelo aprisionamento da mente a que o homem foi sempre submetido. Um jornal, sobretudo forte, que se estrutura numa linguagem realista, sem perder os valores essenciais da existência humana. É importante a leitura do Humanitas, porque a mente precisa enfrentar a controvérsia independente dos interesses alheios, para evoluir. E evoluir é um propósito essencialmente humano. Ana Maria Leandro – Belo Horizonte/MG.
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Saúdo o jornal Humanitas pelo seu terceiro ano de existência. Publicação que traz a matriz do site CULTURA & HUMANISMO, que sempre foi um fomentador da cultura com o cunho fundamental do crescimento humano. Em tempos conturbados, em que as pessoas estão sistematicamente sujeitas a um conveniente embrutecimento para relegar os valores mais importantes da vida, é importante a existência do Humanitas para uma aquisição constante de cultura e uma forma de ver o mundo que nos rodeia, com os valores que ainda passam muito por: liberdade, fraternidade e solidariedade. Tudo isso não seria possível sem o empenho e a persistência constante do grande comandante que é Rafael Rocha, a quem agradeço e presto homenagem, não esquecendo também os demais colaboradores que têm trabalhado para que a obra continue. Marisa Soveral – Porto/Portugal
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Parabéns pelo aniversário! Vida longa! Portugal agradece! Maristela Martins Morgado – Lisboa/Portugal
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Que o Humanitas não seja conhecido por muitas pessoas é verdade inconteste. Da mesma forma que é igualmente uma inconteste verdade que somente as pessoas sensíveis e muito relacionadas com cultura são as que têm conhecimento da existência deste baluarte de amor à verdade, ao conhecimento e, antes de tudo, que defende de forma impoluta os interesses brasileiros. A única coisa que nunca compreendi em relação a este jornal, é o papel do seu líder. Não sei se ele tem algo de Dom Quixote ou de Policarpo Quaresma (talvez um pouco dos dois), ou mesmo que goste de remar contra a maré. Digo isto porque vejo hoje (nos meios de comunicação) os jovens pedindo a volta da ditadura. E assalta-me a certeza de que já vi este filme. O que me dá vontade de voltar a gritar: Abaixo a ditadura! Mas, talvez, a luta do Humanitas não seja inglória. Porém, como é mesmo o verso da canção de João Bosco e Aldir Blanc? Glórias a todas as lutas / Inglórias... Araken Vaz Galvão Sampaio – Valença/BA
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Sinto-me privilegiada por receber mensalmente este jornal que difere dos demais pela linha editorial e pela postura coerente e verdadeira diante dos fatos. Parabéns por mais um aniversário e que a data seja comemorada por muitos e muitos anos. Ana Acevedo – Paulista/PE
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O Humanitas é um excelente jornal. Seus textos passaram a ser referência no Brasil no que toca a assuntos humanísticos. Sua linha editorial reflete a realidade de hoje e mostra engajamento nas lutas sociais. Parabéns pelo aniversário! Aline Cerqueira – Salvador/BA
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Parabéns! Que esse projeto humano continue atuando! Roberto Arruda Pessoa de Castro – Santos/SP
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O Humanitas marca a perseverança e dedicação dos que o formalizam no seu tempo. Seu crescimento é notório pela diferença intelectual de sua comunicação. Parabéns ao jornal e aos seus articulistas, poetas da literatura jornalística! Chico Coelho – Recife/PE
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Meus parabéns pela passagem de mais um aniversário do Humanitas, que por mais um ano participa ativamente de nossa vida. Que o jornal continue levando informação, esclarecendo dúvidas e ampliando sua área de atuação para que cada vez mais pessoas tenham o prazer de desfrutar e participar deste meio de integração humana. Danielle Lourenço – Caruaru/PE
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O Humanitas segue como um canal de informações e opiniões que me interessa por sua independência, por sua vocação em educar o espírito, por sua variedade de assuntos, enfim, por tantas coisas. Colaboro e leio o jornal desde o início e saúdo mais um aniversário da publicação que sai do Recife, mas que é do Brasil inteiro. Vida longa aos homens soltos pensando no por aí de cada dia. Rod Brito – Rio de Janeiro/RJ
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Desde que conheço o Humanitas também conheço Rafael Rocha que é a sua fonte impulsionadora, a sua veia mais mordaz e a sua força motriz. O Humanitas - antes de mais nada - quer desmistificar os mitos mais arraigados na cultura religiosa, levantando a bandeira do ateísmo. Apesar de não me reconhecer ateia, agrada-me o Humanitas, porque questiona, interroga e propaga a liberdade de pensamento e de expressão. Parabéns pela entrega e pela luta. O que nos diferencia nos une. A roupagem será diferente, a ânsia de liberdade igual. Paula Duarte – Aveiro/Portugal
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Parabéns Humanitas por mais um ano de vida! Carlos Campolinni – Lisboa – Portugal
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Felicitaciones por un año más de vida, Humanitas! Carmén Vazquez – Barcelona/Espanha

HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 2

EDITORIAL

Terceiro aniversário

O Humanitas comemora seu terceiro aniversário com esta edição de nº 38. Um pequeno e jovem jornal de livre pensar, cujo propósito é o de oferecer a todos seus leitores textos qualificados e significativos em ligação direta com a dignidade humana.
Na capa desta edição, homenageamos aqueles que ajudam o jornal a existir no âmbito do Brasil, da América Latina, de Portugal e Espanha. Desde o número 00, agosto de 2012 (cujo texto principal foi da autoria do professor Perimar Moura) que o Humanitas continua em sua luta no sentido de levar conhecimentos aos seus leitores, deixando de lado e combatendo as mentiras, visões e fantasias criadas pela mídia tendenciosa e pelo poder religioso. Nosso principal objetivo é o de oferecer força a um novo tipo de sociedade - a sociedade do conhecimento - auxiliando a raça humana nas mudanças e nas inovações e buscando dirimir as dúvidas sobre acontecimentos e culturas.
O homem é e será sempre a medida de todas as coisas. Eis o nosso lema. Dele não fugiremos um só milímetro. Não temos ligação com o que se convenciona chamar de humanismo religioso porque não cremos que religião seja algo conveniente à grandeza da humanidade. A religião aliena o homem. Religião compromete o crescimento da consciência do homem como ser pensante e na sua busca pela verdade.
Infelizmente, nos tempos atuais, muitas pessoas colocam suas vidas em jogo, atrelando-as às manipulações de uma mídia tendenciosa, dos sacerdotes, pastores e outros aiatolás da fé. O Humanitas não faz isso. Este pequeno e jovem jornal valoriza o ser humano em todas as suas construções culturais, principalmente na luta contra a ignorância e a farsa. 
O maior presente que o Humanitas pode ganhar nesta data é ser reconhecido e admirado. Para conseguir isso nossa linha editorial é a de fazer com que esta publicação seja cada vez mais atuante, sem fugir da linha do livre pensar.
Aproveitamos para agradecer aos nossos colaboradores pela importante e intensa participação nesse projeto humanístico durante todos os meses destes três anos. Para o prazer de todos, eis aqui a nossa 38ª edição. Boa leitura!
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DEPOIMENTOS

Parabéns por essa grande conquista editorial! Acompanho o Humanitas desde o primeiro exemplar e tenho lembrança de vários artigos memoráveis publicados nesse diferenciado veículo de comunicação e informação. Continuem com este valioso trabalho jornalístico e saibam que essa publicação é uma excelente alternativa que se contrapõe à grande mídia comercial. Paulo Gualberto – Recife/PE
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Parabéns ao Humanitas! Para que este jornal ganhe maior penetração no Brasil e até mesmo em outras plagas, necessário se faz que o público ledor esteja interessado em conhecer a Verdade. Não há veículo mais apropriado para isso que o Humanitas. Jorge Oliveira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
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O Humanitas criou para mim um espaço para divulgar minhas opiniões e estou muito feliz com isso. Parabéns pelo aniversário! Pedro Rodrigues Arcanjo – Recife/PE
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Parabéns para o Humanitas no seu 3º ano de vida. Um jornal independente, ousado, que preza a liberdade em toda a plenitude, mostrando com seus textos que só o homem é responsável pelo aperfeiçoamento da humanidade. Valdeci Ferraz - Caruaru/PE
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Em tempos de globalização e homogeneização em que até a mídia parece um eco sem fim da mesma notícia, o jornal Humanitas é um achado que pode conjugar diferentes olhares e fases da vida humana sem ser maçante. Novos focos para os temas que nos afetam, pessoas com grande sensibilidade expondo seus pontos de vista que permitem expandir o horizonte da reflexão e da direção que damos a nossas vidas e nossas ações. Poesia, sim, poesia nascida das vivências de pessoas diferentes, que podem captar o sentir e o que experimentam, refletindo os sentires de outras pessoas. Humanitas é um jornal posto à sua disposição, à minha disposição, à disposição de todos que tenham algo a comunicar, e que, longe de visar lucro, visa pessoas! Parabéns! Cristina Obredor – Rio de Janeiro/RJ
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Muito bom o Humanitas. Todos os textos são ótimos com conteúdos atuais e históricos, envolvendo nossa cultura e vários temas. O espaço de poesias é muito bom. Obrigado a todos que fazem do Humanitas uma realidade! Romildo Raimundo - Jaboatão dos Guararapes/PE
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Com orgulho vejo os meus textos publicados no Humanitas. Vida longa a este jornal! Anne Christine Mendes – Olinda/PE

sexta-feira, 24 de julho de 2015

JORNAL HUMANITAS Nº 38 - AGOSTO/2015 - EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO

Três anos já se passaram e o Humanitas continua firme em sua luta defendendo a pessoa humana, a diversidade, a verdade e o real caminho que se deve tomar para que a vida traga benefícios aos homens.
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MAIS

Nesta edição apresentamos textos especiais dos nossos colaboradores Antonio Carlos Gomes (página 4); Perimar Moura (página 5), Ana Maria Leandro (página 6)  e Araken Vaz Galvão Sampaio (página 8)