segunda-feira, 27 de julho de 2015

JORNAL HUMANITAS Nº 38 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – AGOSTO 2015 – PÁGINA 6

A MARCHA FASCISTA EM CURSO:
POLÍTICA, MÍDIA, JUDICIÁRIO E RELIGIÃO

Cláudio Ribeiro - Autodidata
Rio de Janeiro/RJ

O poderoso aparato midiático judicial e político montado para criminalizar a esquerda e atacar direitos de grupos sociais, LGBT e negros, por exemplo, aponta para um caminho de acirramento radical entre defensores de uma nociva agenda conservadora e progressistas acuados.
Soma-se a estes, lideranças religiosas obscuras, mas populares em seus nichos, que despejam combustível no círculo retrógrado que marcha sobre aqueles que não se dobram às suas ideias propostas, baseadas em uma rala mistureba política/judiciária/religiosa, feita para confundir a opinião pública, colocando no mesmo caldeirão fatos isolados e manifestações sociais como rótulos fora do contexto daquilo que combatem, com ódio e pouca informação.
Para isso dar certo, empenham uma ação coordenada entre políticos, juízes, pastores e mídia, repetindo uma mesma tecla ideológica para gerar estereótipos e marcar àqueles que atacam, como inimigos da família e dos valores cristãos.
Os episódios do comercial da Boticário e da Marcha para Jesus (maio e junho de 2015) mais se assemelharam a uma espécie de marcha para o fascismo, quando representantes da defesa da redução da maioridade penal, da pena de morte e da justiça com as próprias mãos, foram saudados efusivamente pelo mar de religiosos dirigidos por seus líderes carismáticos.
Tais marchas são grotescas evidências que não podem ser desprezadas. Sem tempo para refletir, as massas estão sendo confundidas por impostores que buscam a ruptura social.
Há um grande agrupamento neofascista em movimento, em que setores mais retrógrados do Judiciário desempenham papel importante para criminalizar lideranças políticas de esquerda e poupar políticos de direita de seus crimes de corrupção.
A mídia transmite propaganda anticorrupção contra integrantes do PT e do governo, mas pouco ou quase nada fala de escândalos que envolvem seus aliados.
A manipulação do noticiário é escandalosa e nunca antes vista em nossa história, em tamanha intensidade e impostura.
A grande imprensa engajou-se, com todos os seus recursos, em uma cruzada política e ideológica conservadora.
Até alguns anos seria inimaginável que a Rede Globo, um braço forte do catolicismo brasileiro, dispusesse de generoso espaço para que Silas Malafaia, bitolado líder evangélico, faça suas pregações fascistas em rede nacional.
O partidarismo exacerbado do Judiciário e da mídia e o avanço de lideranças religiosas para o mesmo palco, não deixam dúvidas de que há um forte arranjo para a tomada do poder neste momento.  
A tentativa golpista também se dá pela via parlamentar, onde o governo Dilma é frágil, ao mesmo tempo em que conquistam vitórias para suas agendas fundamentalistas, propagam em alto e bom som seus ditames na mídia, com grande destaque para a Rede Globo e Folha de São Paulo.
A mistura de carismáticas lideranças religiosas, com um noticiário propagandista que repete ideias pré-concebidas à exaustão, como ensinado por Joseph Goebbels na Alemanha nazista, e políticos de passado e presente condenáveis, como Roberto Jefferson, Aécio Neves, Jair Bolsonaro etc, posando de bons moços e defensores da família, da moral e dos bons costumes, fecham este ciclo pré-fascismo.
Se terão sucesso nesta empreitada, só a sociedade e os grupos progressistas poderão impedir e dizer. O tempo já corre contra as liberdades de expressão, religiosa, de gêneros e contra a democracia. As atuais marchas são cópias vulgares dos exercícios de Mussolini, Hitler e da atual Ucrânia.
Está cada vez mais perigoso contrapor a bestialidade desta aliança decadente. Apesar de maioria, a timidez das reações a esses ataques aos direitos dos cidadãos pode favorecer a tirania do retrocesso.
Não é apenas o governo Dilma que está a perigo, é toda uma rede de conquistas e liberdade alcançadas, com muita luta, ao longo da história, que está em jogo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário