terça-feira, 1 de agosto de 2017

HUMANITAS Nº 62 – AGOSTO DE 2017 – PÁGINA 6

Humanismo? A escolha é sua
Décio Schroeter é escritor e colaborador do Humanitas. Mora em Porto Alegre/RS

Você não precisa responder nem sim nem não. Pois essa não é uma proposição de “ou isso ou aquilo”.
O Humanismo está à sua disposição – você pode adotá-lo ou recusá-lo. Pode pegar um pouquinho ou pegar bastante. Ou até continuar acreditando na grande estupidez de que o mundo – o cosmos inteiro - tem 6 mil anos de idade, que os dinossauros sobreviveram aos pares na arca de Noé, que o homem foi modelado a partir do barro e do hálito divino em um jardim com uma cobra falante, pela mão de um deus imaginário invisível, e na volta (prestes a acontecer) de um mitológico Jesus Cristo para julgar os vivos e os mortos.
Cada indivíduo precisa encontrar a verdade e as mudanças por si mesmo. A liberdade de escolha é sua.
Isso é com você!
É possível explicar, em termos claros o que é exatamente a filosofia Humanista Moderna.
É fácil resumir as ideias básicas sustentadas em comum tanto pelos humanistas seculares como pelos humanistas religiosos.
O Humanismo é uma daquelas filosofias para pessoas que pensam por si mesmas.
Não existe área do pensamento em que um humanista tenha receio de desafiar e explorar. Essa filosofia se concentra nos meios de compreender a realidade.
Os humanistas não afirmam possuir ou ter acesso a um suposto conhecimento transcendental. É uma filosofia de razão e ciência em busca do conhecimento.
Quando se coloca a questão de qual é o meio mais válido para se adquirir conhecimento sobre o mundo, os humanistas rejeitam a fé arbitrária, a autoridade, a revelação e os estados alterados de consciência.
Eles reconhecem que sentimentos intuitivos, especulação, centelhas de inspiração, pressentimentos, emoção, estados alterados de consciência, e até “experiência religiosa”, embora não válidos como meios de se adquirir conhecimento, são fontes úteis de ideias. Essas ideias depois de racionalmente acessadas por sua utilidade, podem em seguida ser postas para funcionar, geralmente como abordagens alternativas para a solução de problemas.
O Humanismo é uma filosofia para o aqui e agora. Os humanistas encaram os valores como tendo sentido apenas no contexto da vida humana, mais do que na promessa de uma suposta vida após a morte. O Humanismo é uma filosofia de compaixão.
A ética humanista preocupa-se em atender às necessidades humanas e em responder aos problemas humanos – do indivíduo e da sociedade – e não dedica atenção à satisfação dos desejos de supostas entidades teológicas.
O Humanismo é uma filosofia realista. Os humanistas reconhecem a existência de dilemas morais e a necessidade de cuidadosa consideração sobre as consequências imediatas e futuras na tomada moral das decisões.
O Humanismo está em sintonia com a ciência de hoje.
Os humanistas reconhecem que vivemos em um universo natural de grande tamanho e idade, que evoluímos neste planeta no decorrer de um longo período de tempo.
Que não existe uma evidência premente de “alma” dissociável, e que os seres humanos têm determinadas necessidades inatas que formam efetivamente a base de qualquer sistema de valores orientado para o homem.
Humanistas são compromissados com as liberdades civis, os direitos humanos, a separação entre Igreja e Estado, a extensão da democracia participativa, não só no governo, mas no local de trabalho e na escola, uma expansão da consciência global e permuta de produtos e ideias internacionalmente, e uma abordagem aberta para a resolução dos problemas sociais, uma abordagem que permita a experiência de novas alternativas.
O Humanismo está em sintonia com novos avanços tecnológicos.
Os humanistas têm boa vontade em participar de descobertas científicas e tecnológicas emergentes, de modo a exercerem sua influência moral sobre essas revoluções à medida que surgem especialmente no interesse de proteger o meio ambiente.
O Humanismo, em suma, é uma filosofia para aqueles que amam a vida.

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