segunda-feira, 30 de julho de 2018

HUMANITAS Nº 74 – AGOSTO DE 2018 – PÁGINA 4

ACREDITAR EM UM DEUS OU EM
DEUSES É PURA PERDA DE TEMPO
Décio Schoeter é escritor e colaborador do Humanitas. Atua em Porto Alegre (RS)

Antes da Teoria da Evolução, era compreensível crer na existência de um design inteligente na natureza, ou seja, um deus.
Hoje, podemos provar como surgiram formas de vida tão variadas e complexas.
A teoria  de Darwin é uma explicação muito melhor para isso de Deus.
Não precisamos mais nos render à tentação de acreditar em um ser superior que criou tudo. Essa ideia hoje é incoerente.
Não há razão para crer em fantasias do tipo que um super-homem veio para a Terra  há cerca de 530 milhões de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a famosa explosão de vida daquele período.
A explicação é mais fácil quando se conhece “as respostas da ciência”.
Depois que você se informa, a hipótese de um deus torna-se incrivelmente improvável. 
Com os conhecimentos científicos que temos neste começo do século XXI, ninguém é capaz de contrariar a ideia de que processos naturais, agindo ao longo de bilhões de anos, deram origem ao Universo, ao sistema solar, à Terra e à vida que existe nela. Não há provas de que um deus tenha interferido diretamente em nenhuma dessas etapas. O Universo funciona com base em leis que nada têm a ver com um deus ou com deuses.
Nós simplesmente fomos sortudos o suficiente para vir à existência num pedaço do Multiuniverso, um entre infinitos, que permitiu o surgimento de seres vivos, num Universo “viável”.
Só por isso que existimos e somos o que somos.
E digamos que sim, um ser projetista tenha dado “inicio” ao big-bang, e depois disso o que ele faz?
Senta a bunda na cadeira cósmica e fica assistindo a tudo?
Completamente um “deus ociusus”.
Mas, claro, você acredita na criação, no projetista inteligente etc, e em todas as suas experiências pessoais e em todas as profecias dos seus falsos profetas.
Mesmo que aceitássemos que o nosso universo simplesmente tinha de ser projetado por um “projetista”, isso não indicaria que esse projetista é o deus bíblico, nem que ele aprova o cristianismo.
Acreditar num ser superior, que mantém pessoas em absoluta servidão,  é mais do que uma simples perda de tempo: “pode ser uma irresponsabilidade”.
Em nome deste ou daquele deus, muita coisa errada acontece no mundo todos os dias - da proibição do uso de preservativos, à violação dos direitos humanos.
Por falta de informação científica, as pessoas encontram na fé o caminho mais curto (ou mais fácil) para driblar o sofrimento pessoal.
Quando sofrem, as pessoas acabam se apegando a fantasias.
 Diferentemente de outros tempos, quando foi fundamental para que os homens atingissem coesão social e pudessem dar sentido à própria existência, a crença em um deus ou em deuses perdeu suas funções positivas. Hoje, tal crença representa apenas uma barreira para a evolução e  o desenvolvimento humano.
A humanidade acredita em um deus e em deuses há milhares de anos. Só que, agora, já sabemos por quê.
Até aqui, foi natural o homem acreditar em algo divino, uma espécie da infância da evolução.
Mas nós nos tornamos “maiores do que um deus”.
Hoje eu sou um ateu militante, humanista, livre pensador e alguém que não acredita em milagres, mitos, no sobrenatural, e em deus(es).
Hoje sei mais sobre o mundo e sobre mim mesmo. Hoje sou mais feliz e menos torturado pela culpa.
Já não acredito num agente sobrenatural que responde às nossas preces ou supervisiona e guia a evolução das coisas.
Mais iluminado, estou satisfeito de ser o que sou e levo uma vida feliz e frutífera.
Antes levava uma vida "vigiada" por um Zeus, digo Deus, onisciente, onipotente, onipresente  e, sobretudo, autossuficiente e responsável pelo “bem” e pelo “mal” do planeta Terra.

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