A SUPERAÇÃO PELO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Especial do HUMANITAS
A ciência desafia, guia, conquista. A
ciência liberta.
O conhecimento abre portas e ajuda a
superar as situações mais difíceis.
O baiano Theodoro Sampaio talvez seja o
maior exemplo de como a educação e a curiosidade promovem uma transformação
positiva. Ele nasceu em uma senzala, em 7 de janeiro de 1855, filho de uma
escrava, Domingas da Paixão do Carmo, no Engenho Canabrava, no município baiano
de Santo Amaro da Purificação. Veio a se tornar um dos engenheiros mais
importantes do Brasil de sua época.
Adotado por um padre, o jovem teve acesso a
uma boa educação e, aos 16 anos, já dava aulas de matemática, geografia e
latim. Anos mais tarde, tornou-se engenheiro e participou do mapeamento do rio
São Francisco até sua foz. Por ser negro, entretanto, não recebeu os créditos
pela empreitada.
Ele contribuiu de
forma importante para o ciclo desenvolvimentista do Brasil da segunda metade do
século XIX e início do século XX. Foi engenheiro civil, geólogo, geógrafo,
historiador, político, cartógrafo e urbanista.
No Rio de Janeiro,
estudou humanidades no Colégio São Salvador e diplomou-se em engenharia civil
pela Escola Politécnica, em 1876.
Em 1879, fez parte da
Comissão Hidráulica do Império. Projetou os melhoramentos do Porto de Santos,
estudo publicado em um artigo na Revista de Engenharia, de 10 de agosto do
mesmo ano.
Em 1883, foi nomeado
primeiro engenheiro da Comissão de Melhoramentos do Rio São Francisco.
Em 1886, fez o
levantamento para a carta geológica de São Paulo. Em 1898, foi nomeado diretor
e engenheiro-chefe do Saneamento do Estado de São Paulo, onde permaneceu até
1903. Suas ideias sobre o desenvolvimento urbano das grandes cidades foram
contribuições importantes para a época.
Retornou à Bahia, em
1904, onde desenvolveu e publicou vários estudos científicos. Escreveu os
livros “História da Fundação da Cidade da Bahia” e o “Tupi
na Geografia Nacional”, obras que, ainda hoje, são referências
bibliográficas importantes em ciências humanas. Foi fundador e presidente do
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Eleito deputado federal, em 1927.
Foi um dos
integrantes da Comissão Hidráulica que, no final do século XIX, empreendeu uma
viagem de 3 mil quilômetros pelo interior do Brasil. Boa parte da expedição
aconteceu em navegações pelo rio São Francisco, desde sua foz, no oceano
Atlântico, até a cidade de Pirapora (MG).
O retorno ocorreu por
terra, pelas veredas da Chapada Diamantina.
Sampaio descreve as
cidades e sua gente, as condições da viagem e os elementos naturais dos estados
de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.
Seus apontamentos
apareceram pela primeira vez em capítulos na revista mensal “Santa Cruz”, entre 1900 e 1903.
Também foi
responsável pela exploração dos rios Itapetininga e Paranapanema, no estado de
São Paulo.
Teodoro possuía inúmeras inquietações
intelectuais, que o levaram a realizar diversos estudos sobre os índios
brasileiros e sua língua, posteriormente publicados como “O Tupi na Geografia Nacional” (1901).
Seus conhecimentos sobre História do Brasil
renderam-lhe reconhecimentos por parte de estudiosos como Gilberto Freyre.
De acordo com ele, os escravos não eram
tratados como seres humanos e lamentava o papel da igreja católica, que fechava
os olhos à escravatura:
“A
nossa religião é um sistema de superstições e de abusos antissociais; nosso
clero, na maior parte ignorante e corrompido, é o primeiro que se serve dos
escravos, e os acumula para enriquecer e para formar muitas vezes, com as
desgraçadas escravas, um harém”.
Theodoro Sampaio morreu no dia 11 de outubro
de 1937, aos 82 anos, no Rio de Janeiro. Sua vida e a sua obra
certificam que o conhecimento científico faz o homem superar as adversidades.
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