Reconhecimento é a busca de todo ser humano
Texto de Antônio Carlos Gomes – Guarujá/SP
Costumamos
falar que de nada adianta toda imponência que pode possuir um determinado ser
humano, se este vai igual a todos os demais para baixo da terra, em destino
comum.
Não me agrada tal assertiva, o mais correto
seria tentar ver o que realmente adianta e o que estamos fazendo aqui nesta
superfície em constante transformação, que chamamos Terra.
O ser no mundo é um ser individualista.
Todos os atos giram exatamente em torno de suas atitudes; como é um ser social,
tudo que planeja tem um único fim: o reconhecimento.
Cada época da humanidade o reconhecimento
se faz de uma maneira: pode ser reconhecido como guerreiro eficaz, que mata
seus componentes; como crédulo penitente a seu deus; como pai exemplar que é
justo com seus filhos, ou atualmente, como homem possuidor de riquezas que seja
invejado pelos que não as tem.
Resumidamente a vida baseia-se em olhar o
outro e ser olhado por este outro, num jogo de alteridades onde espelha e se
espelha no conjunto de humanos que o rodeiam.
Será que o único objetivo do ser individual
jogado na natureza é se mostrar e se comparar com o vizinho? Será que este
manancial de objetos transformados ou a serem manipulados, que encontramos
quando nascemos e deixaremos aqui, sem saber para quem, pode ter uma posse tão
desproporcional, onde uns têm muito e outros nada? Será que nascemos diferentes
em capacidade de posse apesar de ser comprovado que a inteligência e a
capacidade de adaptação são iguais em todos os seres humanos?
O que importa é definir qual a função do
homem no planeta. Se nos conformarmos em manter-nos vivos e espalharmos genes
num delírio de buscar sexo ininterruptamente, não justificaria a sociedade que
habitamos, e o valor seria dado pelo número de descendentes. Por querermos algo
mais, tentamos viver eticamente, com uma eticidade que se modifica a cada nova
transformação do grupo, tentando manter tanto a harmonia entre os membros, como
propiciar o bem-estar de cada um.
Temos que notar que a tentativa não é
individual. Tentamos, prestigiando o nosso grupo, diminuir nossa
individualidade para um bem comum.
Domar o individual para o bem do coletivo,
gerando um ideal comum onde este bem-estar atingisse todos. Se olharmos com
atenção é o que ocorre desde o início de cada grupamento social de humanos.
Certamente estaremos diante de uma busca
sem fim, o universo é Vontade, caminha sempre.
A ordem de hoje será desordem amanhã para
uma nova organização, que será reformada novamente.
A ordem dentro da Natureza representa a estagnação
e o fim. A Natureza exige movimento contínuo e ininterrupto. A quebra é ceder
lugar para outro grupo em evolução.
Neste difícil raciocínio de cada um se
encontrar participando do todo, nos assemelhamos a um cardume de peixes com
suas evoluções conforme a situação: reprodução, caça e defesa. Deste modo
devemos achar nosso lugar.
Tal qual o exemplo do cardume, que cada um
tenha um lugar que possa lhe proporcionar certa independência de movimentos,
como exige o ser jogado no mundo, sem perder sua função na dança do todo que
mantém a harmonia da vida em movimento.
Só com
uma noção de um lugar perante o todo, poderemos conter o desejo desenfreado que
atualmente o capitalismo induz, e reconhecer o outro, e ser, portanto,
reconhecido, já que todos estarão vivendo e dançando da melhor maneira
possível, num mesmo lugar, num mesmo grupo, a mesma dança e mantendo a
individualidade que a natureza lhe deu.
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