De como uma
máquina pode ter coração
Ana Maria Leandro – Belo
Horizonte/MG
Era
uma vez uma máquina. Melhor dizendo, não era apenas uma máquina; eram várias
máquinas. Mas o coração era o mesmo. Porque se vocês não sabem, as máquinas às
vezes, mas nem sempre, ganham coração. Não um coração próprio, é bom que isso
seja esclarecido; mas o coração das pessoas que lidam com elas. Claro que isto
depende muito da qualidade das pessoas. Porque pessoas de qualidade se sentem
partes do organismo onde atuam; daí cederem fácil o coração às causas que
abraçam. Empresas onde empregadores e empregados se dividem, como se estivessem
em campos opostos, não conseguirão jamais ter máquinas que tenham coração.
Mas as máquinas aqui em pauta,
como se verá a seguir tinham, portanto, um coração. E como todo coração que se
preza, às vezes ele faz sofrer. Porque sofrimento também é forma de
aprendizagem. Assim é que, às vezes, é preciso um aperto bem forte no coração,
para que a gente se lembre de algumas coisas importantes desta vida.
Bem, dadas as explicações básicas sobre
pessoas, máquinas e coração, vamos contar como aconteceu a descoberta, de que
máquina pode ter coração.
Tudo começou quando uma máquina resolveu
quebrar. Assim, tipo sem avisar, só pra levantar a questão.
E levantou mesmo! Foi um berro danado. Uns
desesperavam; outros acusavam; a maioria criticava. Um alvoroço total. A
máquina lá, parada, olhando para eles e se perguntando “o que é que afinal eles iam fazer para resolver”. Com aquela
confusão não iam resolver nada!
Mas é assim mesmo: a princípio
as pessoas não percebem que nada acontece por acaso. E que é melhor procurar a
causa e não o culpado. Não é que no meio da confusão, outra máquina resolveu
quebrar também?! Pasmos todos pensaram: “é
uma onda de azar”.
Aliás, faço aqui um parágrafo à parte, me
desculpe o caro leitor que quer é saber mais sobre a história, mas vamos
analisar este negócio de azar. Muitos dizem que o azar vem sempre um atrás do
outro. Claro; todo mundo pensando junto negativamente e emendando essa ideia!
Há clima para dar sorte?! Todo mundo de mau humor. Todo mundo reclamando e
tropeçando uns nos outros, criando clima para armar de fato um caos. Aí colocam
a culpa na onda de azar; talvez em forças ocultas. Oculta está é a sorte, que
só aparece quando há harmonia.
Voltando à história. Pensam
que foi o fim para a empresa? Que nada! O que aconteceu foi espantoso!
Emocionante! De repente alguém olhou para alguém e o chamou de irmão. Pediu
e ofereceu a mão e uma corrente foi se formando. Todos
disseram, sem muitas palavras, que palavras às vezes não se fazem necessárias: “irmãos estamos todos no mesmo barco. E se
não remarmos juntos, para a mesma direção, este barco afunda”.
Alguns se assentaram e
planejaram soluções; outros as operacionalizaram. Mas o importante é que todos
ajudaram. Alternaram-se com a mente, os braços, o suor...
E até com a fé de cada um em
si mesmo. Uma fé que remove montanhas, aquela que parte do empenho humano de
realizar e muito própria das uniões em torno de um mesmo ideal.
Não é que neste clima todo, se
esqueceram de fazer acusações recíprocas e encontraram soluções?
Pois o Ser Humano pode superar
até a si mesmo, quando assim o quer. Trabalharam muito em equipe e como todos
já sabemos isto é uma das mais fortes expressões do amor. Foi essa força, que
solucionou todos os problemas.
Resultado: as máquinas,
reativadas pela união gerada, ganharam a energia e a ação daquela gente. E
produziram mais do que nunca!
Dizem que as máquinas
trabalharam tanto, que até soltavam fumaça de tanto esforço. Que nada! Soltavam
fumaça era de orgulho. Afinal, não é qualquer máquina que tem coração.
E
para dizer bem francamente, não é qualquer pessoa, que põe coração em máquina.
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