quarta-feira, 13 de agosto de 2014

HUMANITAS Nº 26 - AGOSTO/2014 - PÁGINA 6

De como uma máquina pode ter coração
Ana Maria Leandro – Belo Horizonte/MG

Era uma vez uma máquina. Melhor dizendo, não era apenas uma máquina; eram várias máquinas. Mas o coração era o mesmo. Porque se vocês não sabem, as máquinas às vezes, mas nem sempre, ganham coração. Não um coração próprio, é bom que isso seja esclarecido; mas o coração das pessoas que lidam com elas. Claro que isto depende muito da qualidade das pessoas. Porque pessoas de qualidade se sentem partes do organismo onde atuam; daí cederem fácil o coração às causas que abraçam. Empresas onde empregadores e empregados se dividem, como se estivessem em campos opostos, não conseguirão jamais ter máquinas que tenham coração.
Mas as máquinas aqui em pauta, como se verá a seguir tinham, portanto, um coração. E como todo coração que se preza, às vezes ele faz sofrer. Porque sofrimento também é forma de aprendizagem. Assim é que, às vezes, é preciso um aperto bem forte no coração, para que a gente se lembre de algumas coisas importantes desta vida.
Bem, dadas as explicações básicas sobre pessoas, máquinas e coração, vamos contar como aconteceu a descoberta, de que máquina pode ter coração.
Tudo começou quando uma máquina resolveu quebrar. Assim, tipo sem avisar, só pra levantar a questão.
E levantou mesmo! Foi um berro danado. Uns desesperavam; outros acusavam; a maioria criticava. Um alvoroço total. A máquina lá, parada, olhando para eles e se perguntando “o que é que afinal eles iam fazer para resolver”. Com aquela confusão não iam resolver nada!
Mas é assim mesmo: a princípio as pessoas não percebem que nada acontece por acaso. E que é melhor procurar a causa e não o culpado. Não é que no meio da confusão, outra máquina resolveu quebrar também?! Pasmos todos pensaram: “é uma onda de azar”.
Aliás, faço aqui um parágrafo à parte, me desculpe o caro leitor que quer é saber mais sobre a história, mas vamos analisar este negócio de azar. Muitos dizem que o azar vem sempre um atrás do outro. Claro; todo mundo pensando junto negativamente e emendando essa ideia! Há clima para dar sorte?! Todo mundo de mau humor. Todo mundo reclamando e tropeçando uns nos outros, criando clima para armar de fato um caos. Aí colocam a culpa na onda de azar; talvez em forças ocultas. Oculta está é a sorte, que só aparece quando há harmonia.
Voltando à história. Pensam que foi o fim para a empresa? Que nada! O que aconteceu foi espantoso! Emocionante! De repente alguém olhou para alguém e o chamou de irmão. Pediu e ofereceu a mão e uma corrente foi se formando. Todos disseram, sem muitas palavras, que palavras às vezes não se fazem necessárias: “irmãos estamos todos no mesmo barco. E se não remarmos juntos, para a mesma direção, este barco afunda”.
Alguns se assentaram e planejaram soluções; outros as operacionalizaram. Mas o importante é que todos ajudaram. Alternaram-se com a mente, os braços, o suor...
E até com a fé de cada um em si mesmo. Uma fé que remove montanhas, aquela que parte do empenho humano de realizar e muito própria das uniões em torno de um mesmo ideal.
Não é que neste clima todo, se esqueceram de fazer acusações recíprocas e encontraram soluções?
Pois o Ser Humano pode superar até a si mesmo, quando assim o quer. Trabalharam muito em equipe e como todos já sabemos isto é uma das mais fortes expressões do amor. Foi essa força, que solucionou todos os problemas.
Resultado: as máquinas, reativadas pela união gerada, ganharam a energia e a ação daquela gente. E produziram mais do que nunca!
Dizem que as máquinas trabalharam tanto, que até soltavam fumaça de tanto esforço. Que nada! Soltavam fumaça era de orgulho. Afinal, não é qualquer máquina que tem coração.
E para dizer bem francamente, não é qualquer pessoa, que põe coração em máquina.

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