Deus ou
escravização divina?
Jorlando Natalino Durante – São Paulo/SP
Ainda
tento entender como a humanidade ainda vive sob a escravização divina. A
maioria absoluta diz que acredita em um deus. Mas ao serem questionados por que
acreditam, as respostas são diferentes, mas tão diferentes, que se deus existe,
até ele duvidaria de tal crença.
Está mais que na cara que deus é algo
plantado nas mentes das crianças, quando estas ainda estão no ventre. Basta
perguntarmos a uma grávida como está indo sua gravidez, e a resposta sem sombra
de dúvida será a seguinte: “Graças a deus
está tudo bem”. Observaram? A criança ainda nem conhece o mundo e já está
ouvindo falar em deus.
E assim que termina o parto, seja ele
normal ou cirúrgico, a primeira expressão da mãe é a seguinte: “Graças a deus!”, observaram novamente?
A criança mal acabou de chegar ao mundo e já ouviu a palavra deus algumas
vezes.
E assim vai até os últimos dias de sua
vida. Chega uma hora em que as pessoas são obrigadas a acreditar em deus porque
a sociedade impõe. Não precisa ir muito longe: as próprias famílias impõem isso
aos filhos. Tanto que ao completar sete anos, se forem católicos, são
encaminhados para o catecismo.
Ali começa o ritual de adestramento. E se
forem evangélicos também são obrigados a acompanhar os pais aos cultos. E o
adestramento continua.
Eu pergunto: por que os indivíduos não
perguntam para si por que acreditar em deus, isto é, perguntarem:
- Por que acredito em deus?
Sugiro as questões:
1) De onde veio deus, qual sua procedência e
origem?; 2) O que havia antes de deus?; 3)
Como tomei conhecimento da existência de deus?; 4) Por que
devo acreditar nisso?; 5) Se não acreditasse, o que mudaria em
minha vida? Essas perguntas gostaria que cada um fizesse para si.
Ocorre o seguinte: o ser humano desde o
nascimento até seus dias derradeiros tem por natureza um fenômeno íntimo que
chamo de Fraqueza Humana, isto é, uma dependência íntima. E essa
dependência ultrapassa os limites da anatomia e também da autonomia humana. O
último recurso para os fracos é se entregar a deus. Daí para a depressão é um
pulo, porque deus não lhes dará o resultado esperado e seu único recurso é se
entregar à própria morte.
Certa vez estava eu discutindo com uma senhora que não se conformava em
saber que eu era ateu.
Ela não entende como um ser humano gozando
de perfeita saúde como eu, não acredite em deus. A certa altura perguntou: mas
de onde vem o vento? E eu tentando lhe explicar que o vento é decorrente da
velocidade da terra, adicionado à temperatura e ao vapor ambiente. Ela não
contente continuou a pergunta: mas de onde vem a Terra? E eu continuando
a explicar, e vendo que suas perguntas não teriam um final, então comecei a
perguntar. Primeira pergunta: Por que a
senhora acredita em deus? A resposta foi confusa: Ora disse que alguém
havia de ter criado tudo isso (mundo), ora disse que seus pais também
acreditavam, enfim, não contente com a resposta, tornei a lhe perguntar: de onde veio deus? E ela toda confusa, toda
atrapalhada, disse tantas, mas tantas opções da origem de deus, que ao final me
respondeu assim: ora, meu filho, antes de deus não havia nada. Aí deu
pra se chegar à seguinte conclusão: uma
coisa que vem do nada, certamente também é nada.
Deus só existe para as mentes
enfraquecidas. E todos os fracos usam a chamada “energia” dizendo que
deus é uma energia para justificar suas fraquezas. Quanto mais fraco é o ser
humano, mais forte é deus para este ser humano.
Muitas pessoas têm medo de dizer que não acreditam
em deus porque o custo social será muito alto. Então preferem se entregar à
filosofia de Jean Batista Molière que dizia lá no século XVII: "é melhor dar uma de alienado, do
que querer dar uma de esperto e acabar isolado". A maioria
absoluta tem medo de encarar a realidade. E na dúvida prefere acreditar. Para tais
pessoas é melhor acreditar do que encarar a pressão social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário