REFÚGIO POÉTICO
MARCAÇÃO LOUCA
Rafael
Rocha – Recife/PE
Pássaros
no espaço voejam
Com
destino a qualquer lugar
As
plantas nocivas vicejam
Em
conluio com a cor do ar
O
relógio marca apenas horas
Na
estrada da vida a passar
O
copo de cerveja perde o gelo
E
o cigarro começa a se apagar
De
tudo restam cinzas ou degelo
No
rastro dos pássaros no ar
Uma
palavra faz um só apelo
A
este escrevinhar
Dizem
restar amor nos solos
Dizem
restar cantos no ar
Dizem
acabar gelo dos pólos
Dizem
tudo quase sem pensar
Nesses
dizeres alguém ainda grita
Sonhos
sem rotas concretas
Sonhar
é a ideia perdida
Nas
mentes loucas dos poetas
Onde
a cor da palavra se agita
Onde
a dor do amor anda a ver
A
atitude de pressentir a vida
Quando
escrever
As
plantas nocivas vicejam
Em
conluio com a cor do ar
Tanto
como metáforas ensejam
Passar
e viver. Viver e passar.
Minutos
também são de relógios
Marcam
instantes ao relembrar
Recriando
outros mil imbróglios
Vendo
o cigarro a se apagar
Pássaros
no espaço voejando
Segundos
também vão se marcar
Cinzas
e degelos vão restando
Neste
poema a se findar
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O TREM
Valdeci Ferraz – Caruaru/PE
Lá vem o trem arrastando a cidade.
O apito é um guizo perfurando
a tarde.
Não ponham pedras nos trilhos!
Lá vem o trem carregado de saudade.
Lá vem o trem escrevendo um poema
Sobre as linhas paralelas de aço.
As estações são vírgulas obrigatórias
Onde se dão as despedidas doídas.
Lá vem o trem beijando a chuva.
Lambendo o vento.
Um lamento escorre atrasado:
Alguém deixou para trás um grande amor.
Lá vem o trem cortando o rio.
Cortando a mata e a estrada,
Rompendo a parede do sonho
Para brincar com meninos abandonados.
Lá vai o trem levando a minha alma
À última parada
Ao ponto final.
....................................
TRIBUTO A MANUEL BANDEIRA
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. Escreveu
seus primeiros versos livres em 1912. Em 1917 publicou seu primeiro livro: “A
cinza das horas”, edição de 200
exemplares custeada pelo autor. Em 1919 publica seu segundo livro, “Carnaval”,
também em edição custeada pelo
autor.
Em 1924 publica, às suas expensas, “Poesias”,
que reúne “A Cinza das Horas”, “Carnaval”
e um novo livro “O Ritmo
Dissoluto”. A partir de 1926 inicia
uma colaboração semanal de crônicas no “Diário Nacional”, de São Paulo, e em “A Província”,
do Recife.
O ano de 1930 marca a publicação de “Libertinagem”,
em edição como sempre custeada pelo
autor.
Em 1940 é eleito para a Academia Brasileira
de Letras, na vaga de Luís Guimarães Filho. Toma posse em 30 de novembro.
No ano de 1954 publica “Itinerário de Pasárgada” e “De Poetas e de Poesia”. Faz 80 anos em 1966 e recebe muitas
homenagens.
Faleceu
no dia 13 de outubro de 1968.
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