quinta-feira, 22 de outubro de 2015

HUMANITAS Nº 41 – NOVEMBRO DE 2015 – PÁGINA 3

CARTAS DOS LEITORES
Um jornal especial que dá gosto de ler. Maria do Carmo Oliveira – Salvador/BA
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A verdade que o HUMANITAS propaga vem do sangue pernambucano. João Marcus – Recife/PE
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Uma sugestão: cinema. Falem algo sobre filmes antigos. Maria Clara Arcanjo – Olinda/PE
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O HUMANITAS representa uma resistência em tempos em que muitos confundem o ser politicamente correto com o ser conveniente omisso. Perimar Moura – Ilhéus/BA
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Imprevisto
Rafael Rocha – Recife/PE
Do livro Meio a Meio/1981

Veio o amor como uma roupa nova
Que posta à prova
Viu-se maior que meu esqueleto

Veio o amor como um sapato novo
Que depois de calçado
Sobrava espaço a mais dedos

Enviei tudo para conserto às pressas
Às pressas, pois necessitava pôr-me
Em plenas vestes novas

Esqueci nessa prontidão
Que nunca fui sapateiro
E muito menos alfaiate
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O poema que não fiz
Valdeci Ferraz
Caruaru/PE

O poema que não fiz andou me cutucando,
Ameaçou paralisar o tempo
Para que as flores não brotassem,
Espalhou tachinhas no leito
Para atiçar um sentimento adormecido.
Pela manhã tingiu o céu com uma cor cinzenta
E inspirou um canário sonolento.

O poema que não fiz se fez surdo
Para não me deixar ouvir um pranto,
E envolveu minhas lembranças
Com uma fita de saudade,
Na intenção de provocar meu verso. 
Como um menino mau 
Escondeu todas as minhas rimas
Por fim sentou-se à janela de minh’alma
E se banhou na primeira lágrima que surgiu
Ouvi a sua risada rasgar a noite
E vi algumas mulheres na sua companhia
Cada uma levando consigo pedaços do meu tempo.
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Ilusões passadas
Antonio Carlos Gomes
Guarujá/SP

Ouço o mar
Ao longe
Cantando na enseada
Murmúrio
Lânguido
Dor do adeus
À amada.

Ouço o vento
Soprando
No nunca esquecer.
São poeiras de sonho
Jamais do viver.

Ouço a vida
Dançando,
É descompensada:
Sempre dança assim
Enfastiada
Nas isoladas
Ruas das madrugadas.
E tudo se perde
Em cinzas...
Ilusões passadas...
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“Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse: Não tenho medo de vivê-la”. Augusto Cury
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POETA DO MÊS DE NOVEMBRO

Micheliny Verunschk mora em São Paulo/SP. É poeta e escritora.
Escreveu Geografia Íntima do Deserto, O Observador e 
o Nada e A Cartografia da Noite.

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