quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

HUMANITAS Nº 43 – JANEIRO DE 2016 – PÁGINA 5

(continuação do texto da página 4) Esse é o sentimento que motivou a criação de uma célula sunita, formada por muçulmanos radicais e influenciada por grupos terroristas, que pegaram em armas para demonstrar sua insatisfação com a política local. Como diria Max Weber: Não existe vácuo de poder e, não me parece surpreendente que apareça, dentro desse contexto, uma célula extremista que ficou conhecida como ISIS.
Para dizer o óbvio, é importante sublinhar que nem todos da maioria Sunita são muçulmanos radicais. Nem todos os muçulmanos são radicais. E, por fim, nem todos os radicais fazem parte da criação do chamado Estado Islâmico. E, agora, chegamos aos dias atuais. Os países que apoiam o regime de Bashar al-Assad são Rússia, Irã e China. A oposição é apoiada pela Turquia, Arábia Saudita, Reino Unido, Estados Unidos e França.
Nesse contexto, Rússia e França fazem mais um dos seus acordos secretos, determinando, dessa vez, suas zonas de bombardeamento para que uma não atrapalhe os ataques da outra. Esses bombardeios acontecem livremente em diferentes áreas do país e são noticiados em meio a várias outras pílulas midiáticas, com um ar de cotidiano, como se não fossem importantes.
As potências justificam os bombardeios, dizendo que estão caçando terroristas da célula radical, mas esquecem de noticiar as mortes de civis que ainda estão perdidos dentro dessa bomba relógio.
Uma pergunta que precisa ser feita é: de onde vêm as armas, as munições e o resto do material bélico usado pelo exército e pelos rebeldes na Síria? Quem fornece? Quem manda entregar lá?
Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos dirigiram uma campanha contra Assad, levando ajuda financeira para os rebeldes que lutavam no país.
Repito: se nos negarmos a refletir essas questões, estaremos fazendo parte da massa de manobra que apoia uma guerra perversa que matou, mata e matará muitos outros inocentes.
Muito falamos dos refugiados sírios, mas não falamos que quem consegue chegar na Europa é uma parte ínfima dessa população.
A grande maioria civil continua presa nos rincões do país ou nos campos das fronteiras terrestres.
Todas as estatísticas, aqui, são completamente abomináveis.
Os refugiados são pessoas que fogem desses mesmos inimigos e que tiveram sua vida marcada pela ação de terroristas.
Refugiados são as vítimas da ambição de países que desenham, recortam e dividem territórios no papel, esquecendo que neles, vivem seres humanos.
Os parisienses não foram as primeiras vítimas desse conflito e não serão as últimas.
É preciso pensar em soluções, relembrando as experiências desse passado recente.
Não, a Europa não está em guerra!
A França foi atacada por sete indivíduos, ao passo em que existem mais de 250 mil mortos na Síria em nome de uma política ocidental delirante.
É preciso pensar em ações que não se limitem à mera troca de bombardeios e que queiram levar a paz para uma região que, historicamente, só conhece a guerra que lhes foi imposta.
Mas será que essa é a vontade daqueles que detêm o poder? Será que a paz é o que as grandes nações de fato querem?

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