sexta-feira, 27 de maio de 2016

HUMANITAS Nº 48 – JUNHO DE 2016 – PÁGINA QUATRO

O terrorismo cristão no mundo (Parte 5)
Especial para o Humanitas

Pedro Rodrigues Arcanjo - /PE

Semelhança com o atual fundamentalismo islâmico não
 é mera coincidência
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As tragédias e as matanças em nome do deus cristão continuam. Era necessário cada vez mais incrementar o medo através do terror e da morte de infiéis, hereges e demais seres humanos que não professavam a ideologia de amor ao próximo da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Portugal, que tal e qual a Espanha, era uma nação de carolas e de subservientes a essa ideologia, após incitação feita por bispos e padres, trucidou 3 mil judeus no ano de 1506, no conhecido pogrom de Lisboa,
Vale salientar agora uma frase especial dita por nada mais e nada menos que o papa Júlio II nos primórdios do Século XVI.
Esse representante do deus católico no planeta Terra era um hábil chefe militar e sempre vestia uma armadura quando celebrava a missa.
Ocorreu que um monge disse a ele que o traje não era conveniente e ele respondeu na mosca, com a frase que passou à História. Quando se trata de conquistar terras, deus não faz questão do traje, mas da fé do seu servidor.
Realmente, o bondoso deus católico permitiu, de fato, que ele conquistasse a cidade de Bolonha, que foi, como deveria ser, posta a saque e teve a população trucidada.
Mas não são apenas os católicos nem o papa a fazer das suas estripulias. No ano de 1521, sob a inspiração do divino Espírito Santo (que aparentemente não tinha o que fazer), um monge alemão, Martinho Lutero, traduz a Bíblia do latim para o alemão em algumas semanas.
Logo após essa realização milagrosa ele é tentado pelo demônio e para se defender lança sobre o chifrudo um tinteiro, que suja a parede.
Essa mancha está religiosamente preservada para os turistas no castelo de Wartburg.
Assim, Lutero consegue inaugurar o maior cisma da cristandade. Durante os séculos seguintes, os cristãos vão se massacrar mutuamente com mais entusiasmo do que quando matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos.
Martinho Lutero, em seus escritos, salienta com veemência a necessidade de queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades. Portanto, manteve a tradição piedosa da Igreja Católica, que terá continuidade até o Século XIX através da Santa Inquisição e depois no século XX, através dos seguidores de Mussolini.
No ano de 1527, os protestantes entram em ação e saqueiam Roma. A população romana (umas 40 mil pessoas) é massacrada. A cidade sofre grande pilhagem, mas o papa é salvo pelos guardas suíços. Os suíços ganham assim fama profissional no estrangeiro, perpetuada até hoje.
O poder religioso cristão sobre o homem e a mulher vem através do terror, não importa que seja católico ou protestante, o medo é a arma fundamental.
No ano de 1553, o livre pensador e médico Michel Servet, descobridor da circulação sanguínea, é considerado blasfemo e torna-se um dos 15 hereges a ser morto pelo líder protestante João Calvino, ditador de Genebra.
Para justificar essa execução, Calvino declarou em livro e em atas que não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, será para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória.
Calvino proibiu os jogos, as danças, as músicas e o canto que não estivessem ligados à igreja protestante, e seus adeptos, bem como os suspeitos de bruxaria eram queimados vivos nas fogueiras.
As guerras religiosas incendeiam as cidades, matam seres humanos para que aceitem a palavra de um ou de outro lado. Católicos e protestantes se digladiam em nome do deus único na França entre 1547 e 1593. Acontece uma guerra civil sem limites de crueldade que é interrompida, às vezes, com algumas tréguas temporárias.
Durante uma dessas tréguas, teve lugar em uma só noite, em Paris, o massacre de 20 mil protestantes, homens, mulheres e crianças. Noite que ficou inscrita na história como a famosa Noite de S. Bartolomeu ou Matança dos Huguenotes (24 de agosto de 1572). 
Antes, em 1571, logo após o surgimento da imprensa através de Gutemberg, algumas pessoas começam a se informar melhor. Mas a Igreja Católica reage, proibindo livros e criando o Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum) para editar regularmente a lista dos livros proibidos. A última edição do Índex foi publicada em 1961.

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