O terrorismo cristão no mundo (Parte 6)
Especial para o Humanitas
Pedro Rodrigues Arcanjo - Olinda/PE
Semelhança com o atual fundamentalismo
islâmico não
é mera coincidência
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A cruz e a espada brandidas pelos cristãos
tiveram papel especial na subjugação do continente americano. Muitos indígenas
foram obrigados a se converter ou a morrer. Vejamos a conversão forçada dos
índios Pueblo, ocorrida no fim do Século XVI até o início do Século XVIII.
No território hoje
pertencente aos EUA, os exploradores espanhóis, com seus monges, entraram em
contato com esses índios ao subirem pela costa do Golfo do México.
As tribos dos Pueblo
viviam em aldeias (los pueblos) de casas de tijolos com dois ou três
andares, eram pacíficos e praticavam a agricultura, sendo muito diferentes dos
demais índios nômades das planícies do Norte e outros indígenas mais combativos,
que os espanhóis encontraram no México e na América do Sul
Os Pueblo possuíam uma
religião própria. Acreditavam no Pai do Céu e na Terra Mãe, temiam
os demônios - os Skinnwalkers -, acreditando que eles andavam pela
crista das montanhas ao pôr do sol, bem como veneravam os corvos como
reencarnação dos seus antepassados.
Possuíam um rico
templo de deuses semelhantes ao dos deuses gregos, sendo o seu deus principal a
mulher-aranha. As cerimônias eram celebradas em igrejas denominadas Kivas.
Estes pacíficos índios
agricultores logo se tornam objeto de atenção dos padres espanhóis, impacientes
por substituir o culto do Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se
bebe o sangue nas cerimônias.
Por tal motivo
resolvem ser piedosos e acusam os pajés índios de bruxaria, ordenando
que sejam executados.
Assim, as Kivas
são destruídas pelos espanhóis. Os cultos tradicionais dos índios são
proibidos, sob pena de mutilação e morte. Se por alguma fatalidade, índios
forem surpreendidos a celebrar uma cerimônia tradicional terão braços ou pés
decepados.
Porém, apesar dessas
ordens cristãs, alguns índios continuarão a realizar seus cultos, em segredo,
durante a noite. Os padres católicos usarão esse fato nos sermões, salientando
que os índios seguem a religião das trevas, pois os cultos eram sempre à noite
Esqueceram de dizer
que no cristianismo - religião da luz – come-se a carne e se bebe o sangue
do deus cristão em pleno dia.
Diversas revoltas
sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo. Essa perseguição religiosa só
cessará depois da anexação do território pelos EUA, em 1847.
Mas, na Europa, as
execuções por heresia não param. Em 1600, o cientista Giordano Bruno é queimado
vivo em Roma por ter ousado definir o Universo como infinito e admitido a hipótese
da existência de formas de vida fora da Terra.
Seu processo durou
oito anos, e durante esse tempo lhe são arrancadas confissões, sob tortura,
para depois ele ser condenado à morte como herege obstinado e ímpio.
Giordano se defende,
tentando mostrar que as suas ideias não estão em contradição com as doutrinas
cristãs, mas tudo foi em vão e ele terminou sendo queimado vivo, em público, no
Campo dei Fiori, em Roma.
Antes, os bondosos
prelados e inquisidores tiveram o cuidado de lhe cortar a língua antes de o
enviar ao local da execução, para evitar todo o risco de que as suas palavras
emocionassem a multidão que veio assistir ao espetáculo. Seu principal
acusador, o cardeal Bellarmino, será mais tarde canonizado e, em 1930,
proclamado Doutor da Igreja.
É interessante
observar que, no caso de Galileo Galilei (ocorrido no ano de 1633), a Igreja Católica
expressou seu arrependimento no fim do Século XX, reabilitando este cientista
no ano de 1992, mas nunca se arrependeu da execução de Giordano Bruno.
Pelo contrário, se opôs com veemência à instalação duma estátua de Giordano, em
1889. Em 1929, o papa pediu a Mussolini que destruísse essa estátua.
Depois de expulsar os
judeus da Espanha, a Santa Inquisição ficou quase sem ter o que fazer e então
resolveu caçar os mouros recém-convertidos ao cristianismo.
Em 1609 é lançada a
suspeita de que os mouros são falsos convertidos e a ordem é a de executar
todos os que se recusarem a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam
limpos demais. O Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens
periódicas.
A higiene nunca foi
tão perigosa como no Século XVII, na Espanha! A Inquisição consegue do rei a
expulsão dos mouros convertidos para o Norte da África. O número dos
expulsos é mal conhecido, no entanto, as estimativas variam entre 300 mil e três
milhões. Os convertidos expulsos são obrigados a irem para as terras islâmicas,
onde o Corão prevê a pena de morte para todos que renegaram Maomé.
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