sexta-feira, 24 de junho de 2016

HUMANITAS Nº 49 – JULHO DE 2016 – PÁGINA OITO

O DESENVOLVIMENTO ERÓTICO HUMANO
Texto de Rafael Rocha. Jornalista, poeta e editor-geral deste Humanitas

Na história humana, algumas práticas e costumes sexuais são vistas como libertinagem, erotismo e pornografia. A hipocrisia social é grande demais pra suavizar esses termos e diferenciar conceitos.
São muitas as dificuldades para definir o erótico e a obscenidade corporal. Um e outro são coisas complexas e possuem circunscrição em qualquer vivência social.
No fim do Século XIX a palavra libertinagem era basicamente um adjetivo e significava desregramentos dos costumes e dos hábitos, bem como a ação daqueles que não gostam de ficar sujeitos às leis da religião.
Para os libertinos os desejos são insaciáveis logo que se tornam realidade, o que foge do contexto de igualdade com o erótico.
O termo pornografia foi utilizado em livro pela primeira vez no ano de 1899, quando Cândido de Figueiredo o dicionarizou, sendo empregado para dissertar sobre as pinturas que retratavam temas obscenos.
Erotismo é um termo derivado de Eros, deus grego do amor (Cupido na mitologia romana) e nunca teve a carga negativa das palavras derivadas de pornô.
No campo da indústria cultural nunca será pacífica a fronteira entre erotismo e a pornografia quando sabemos que se costuma definir cenas eróticas em sexo explícito e não explícito. Critério enganoso: se o erótico pode ser explícito, nem sempre o pornográfico o é. Na verdade, o que é erótico para uma pessoa pode ser – e frequentemente é – pornográfico para outra.
Vivemos uma época social ávida por sexo e imaginamos épocas passadas quando o sexo era marginalizado de maneira hipócrita. É um fato concreto dizer que, hoje, gozar tornou-se algo a ser realizado com intensidade.
O cristianismo conseguiu fazer com que as mulheres entre os séculos XVII a XIX fossem vistas como seres traiçoeiros. Bastava utilizar o exemplo de Eva, na Bíblia, por ter comido o fruto proibido. E mais ainda: por não conseguirem adentrar os mistérios da fisiologia feminina como menstruação e outras secreções corporais.
Seguindo um caminho mais rápido, vemos que o adultério era prática comum no Século XIX e os exemplos vinham das camadas mais altas, mas em tese era restrito aos homens porque as mulheres casadas, sempre submissas, esperavam o retorno dos maridos em casa. Isso, porém, não impedia que algumas – em conluio com amigas e empregados alcoviteiros – também cometessem adultério.
Os homens só tinham relações sexuais com a esposa para terem descendentes. O prazer era buscado com a outra”. Isso alcançou o apogeu no século XIX o chamado “século da hipocrisia”. Nessa época, surgiram no Brasil, as casas de prostituição, novidade importada da Europa.
Os primeiros nus no teatro, filmes e revistas eróticas surgiram no início do século XX, até culminar com o biquíni sempre a ficar cada vez mais curto e com a revolução sexual nas décadas de 1960 e 1970.
Erotismo e pornografia estiveram presentes em figuras desenhadas por artistas homens e mulheres durante os séculos aqui assinalados. A sociedade hipócrita, vitimada por leis religiosas arcaicas e cheias de preconceito não as apresentavam como elas hoje são apresentadas em filmes, nas TVs e em revistas.
Ao longo do tempo ocorreram mudanças na forma de sentir e ver a sexualidade e a noção de intimidade ambas influenciadas por questões econômicas, políticas e sociais. A mulher hoje já se expõe de corpo malhado em academias de ginástica e vestindo roupas sensuais.
Cada vez mais as mulheres estão conscientes do real poder feminino, utilizando a liberdade de expressão e direitos.
Mulheres comuns estão exibindo a nudez e participando de ensaios de fotos sensuais para presentear maridos ou namorados. A liberdade sexual alcançada nas últimas décadas incentiva todas elas a assumirem a sensualidade, sem constrangimentos.

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