O TERRORISMO CRISTÃO NO MUNDO (PARTE 8)
Especial para o Humanitas
Pedro Rodrigues Arcanjo - Olinda/PE
Semelhança com o atual fundamentalismo islâmico não
é mera coincidência
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Uma “rica
tradição cristã” teve fim no ano de 1826, quando o último herege foi assado
vivo pela Inquisição espanhola.
A partir de então, a Igreja Católica vai
recorrer a meios mais sutis para matar.
Entre esses meios, ainda hoje vigentes,
incluem-se a proibição de assistência às mulheres que fazem aborto, sabotagem
do planejamento familiar nos países pobres, proibição de preservativos
(camisinhas) como modo de lutar contra a gravidez e a Aids etc.
No ano de 1847, a Suíça é devastada
por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito
influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar, o
Sonderbund, que exige a anexação das regiões majoritariamente protestantes.
Os jesuítas pedem ajuda aos monarcas
católicos da Áustria, mas uma vitória rápida das tropas protestantes consegue
evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão
europeia.
Os protestantes então iniciam uma feroz “caçada
aos católicos”, expulsando da Suíça os jesuítas, considerados responsáveis
pela guerra.
Em 1848, a população de Roma entra em choque contra
o papa e o expulsa da cidade.
Isso durou pouco tempo, pois com a ajuda
das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, primeiro presidente
da Segunda República francesa e depois Imperador dos Franceses no Segundo
Império Francês, o papa retorna ao poder no ano seguinte (1849).
A primeira das “piedosas” ações
cristãs após o retorno do pontífice é a de fuzilar os opositores, fazendo com
que o Estado da Igreja volte a ser uma monarquia absoluta, tendo o papa como
soberano. Nos anos posteriores quem participar de qualquer eleição no estado
italiano é classificado como um ser diabólico e excomungado pela “bondosa”
Santa Madre Igreja. Isso foi decretado no ano de 1871.
Os
cristãos ortodoxos não fazem por menos quando é para impor na cabeça das pessoas
uma crença ou apenas aterrorizar. No ano de 1881 começam os “pogroms”
russos, sob a incitação dos prelados da Igreja Ortodoxa. Para tomar os bens dos
judeus, eles difundem o boato de que o Czar Alexandre II teria sido assassinado
por um judeu, fazendo com que
multidões se juntem em mais de duzentas cidades russas e destruam o patrimônio
e roubem os bens deles.
A ortodoxa Rússia Czarista torna comum os “pogroms”,
sobretudo entre os anos de 1908 e 1917. O mais violento ocorreu em Kishinev, em
1913, quando a multidão foi incitada pelos prelados ortodoxos para atacar
violentamente os judeus. Durante dois dias são assassinados 45 judeus, mais de
600 ficam feridos e 1.500 casas são saqueadas, na defesa da cristandade
ortodoxa.
No ano de 1889, foi
erguida e inaugurada, em Roma, no dia 9 de junho, a estátua em homenagem a
Giordano Bruno, no Campo di Fiori. Enraivecido, o papa Leão XIII passa o dia
inteiro em jejum aos pés da estátua do apóstolo Pedro.
A imprensa católica aproveita a ocasião para atacar
essa ação, dizendo que tudo aquilo se tratava de “orgia satânica”.
Aproveita e descreve a festa da inauguração, como sendo o “triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do
liberalismo demagógico, o máximo da ignorância e da malignidade anticlerical”.
Entre
os anos de 1918 a
1945, a
Igreja Católica Romana entra em compromisso com o fascismo europeu, apoiando ativamente o crescimento do
totalitarismo na Europa.
Na Itália, a Igreja firma com o regime
fascista uma concordata que faz do catolicismo religião de estado.
Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado
a concordata dita “Patti Lateranensi”,
é qualificado pelo papa como “o homem da providência”.
Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa
a Ordem da Espora de Ouro, a mais alta distinção concedida pelo Estado do
Vaticano.
Mas a estátua de Giordano Bruno volta a
criar nova tensão. O papa aproveita a concordata para pedir ao amigo ditador
que destrua a estátua erguida em 1889.
O ditador, que tem um filho chamado Bruno,
toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara dos Deputados que a “estátua de Giordano Bruno, melancólica
como o destino desse monge, ficará onde ela está. Tenho a impressão que seria
se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no
entanto já pagou”. Para mostrar que não se arrepende de nada a Igreja
canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de Giordano Bruno, nomeando-o “Doutor
da Igreja”.
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