sexta-feira, 24 de junho de 2016

HUMANITAS Nº 49 – JULHO DE 2016 – PÁGINA CINCO

O TERRORISMO CRISTÃO NO MUNDO (PARTE 8)
Especial para o Humanitas
Pedro Rodrigues Arcanjo - Olinda/PE

Semelhança com o atual fundamentalismo islâmico não
é mera coincidência
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Uma “rica tradição cristã” teve fim no ano de 1826, quando o último herege foi assado vivo pela Inquisição espanhola.
A partir de então, a Igreja Católica vai recorrer a meios mais sutis para matar.
Entre esses meios, ainda hoje vigentes, incluem-se a proibição de assistência às mulheres que fazem aborto, sabotagem do planejamento familiar nos países pobres, proibição de preservativos (camisinhas) como modo de lutar contra a gravidez e a Aids etc.
No ano de 1847, a Suíça é devastada por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar, o Sonderbund, que exige a anexação das regiões majoritariamente protestantes.
Os jesuítas pedem ajuda aos monarcas católicos da Áustria, mas uma vitória rápida das tropas protestantes consegue evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão europeia.
Os protestantes então iniciam uma feroz “caçada aos católicos”, expulsando da Suíça os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra.
Em 1848, a população de Roma entra em choque contra o papa e o expulsa da cidade.
Isso durou pouco tempo, pois com a ajuda das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, primeiro presidente da Segunda República francesa e depois Imperador dos Franceses no Segundo Império Francês, o papa retorna ao poder no ano seguinte (1849).
A primeira das “piedosas” ações cristãs após o retorno do pontífice é a de fuzilar os opositores, fazendo com que o Estado da Igreja volte a ser uma monarquia absoluta, tendo o papa como soberano. Nos anos posteriores quem participar de qualquer eleição no estado italiano é classificado como um ser diabólico e excomungado pela “bondosa” Santa Madre Igreja. Isso foi decretado no ano de 1871.
Os cristãos ortodoxos não fazem por menos quando é para impor na cabeça das pessoas uma crença ou apenas aterrorizar. No ano de 1881 começam os “pogroms” russos, sob a incitação dos prelados da Igreja Ortodoxa. Para tomar os bens dos judeus, eles difundem o boato de que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, fazendo com que multidões se juntem em mais de duzentas cidades russas e destruam o patrimônio e roubem os bens deles.

A ortodoxa Rússia Czarista torna comum os “pogroms”, sobretudo entre os anos de 1908 e 1917. O mais violento ocorreu em Kishinev, em 1913, quando a multidão foi incitada pelos prelados ortodoxos para atacar violentamente os judeus. Durante dois dias são assassinados 45 judeus, mais de 600 ficam feridos e 1.500 casas são saqueadas, na defesa da cristandade ortodoxa.

No ano de 1889, foi erguida e inaugurada, em Roma, no dia 9 de junho, a estátua em homenagem a Giordano Bruno, no Campo di Fiori. Enraivecido, o papa Leão XIII passa o dia inteiro em jejum aos pés da estátua do apóstolo Pedro.

A imprensa católica aproveita a ocasião para atacar essa ação, dizendo que tudo aquilo se tratava de “orgia satânica”. Aproveita e descreve a festa da inauguração, como sendo o triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico, o máximo da ignorância e da malignidade anticlerical”.

Entre os anos de 1918 a 1945, a Igreja Católica Romana entra em compromisso com o fascismo europeu, apoiando ativamente o crescimento do totalitarismo na Europa.
Na Itália, a Igreja firma com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo religião de estado.
Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita Patti Lateranensi”, é qualificado pelo papa como “o homem da providência”.
Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa a Ordem da Espora de Ouro, a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.
Mas a estátua de Giordano Bruno volta a criar nova tensão. O papa aproveita a concordata para pedir ao amigo ditador que destrua a estátua erguida em 1889.
O ditador, que tem um filho chamado Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara dos Deputados que aestátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está. Tenho a impressão que seria se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no entanto já pagou”. Para mostrar que não se arrepende de nada a Igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de Giordano Bruno, nomeando-o “Doutor da Igreja”.

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