quarta-feira, 27 de julho de 2016

HUMANITAS Nº 50 – AGOSTO 2016 – EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO – PÁGINA 4

O TERRORISMO CRISTÃO NO MUNDO (Parte 9)
Especial para o Humanitas

Pedro Rodrigues Arcanjo -  Olinda/PE

Semelhança com o atual fundamentalismo islâmico não
 é mera coincidência
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O Zentrum, partido católico na Alemanha, cujo líder era o prelado católico Prälat Ludwig Kaas, vota plenos poderes para o chanceler Adolf Hitler, em janeiro de 1933. Com essa ação, Hitler pôde atingir a necessária maioria de dois terços para suspender os direitos garantidos pela Constituição.
O bom prelado católico também aceita fechar os olhos para os procedimentos dos nazistas, como a prisão dos deputados comunistas antes da votação.
A seguir, a Igreja Católica negocia nova concordata com a Alemanha, sacrificando o Zentrum, que até aquele momento era o único partido significativo que os nazistas não proibiram. Na realidade, esse partido tinha ajudado Hitler a alcançar o poder.
No dia 5 de julho de 1933, o Zentrum é dissolvido sob solicitação da hierarquia católica, deixando o caminho livre para o NSDAP de Hitler, então partido único.
Hitler declara-se católico no Mein Kampf, livro onde ele anuncia seu programa político e nele também afirma que está convencido de ser um instrumento de deus na terra.
A Igreja Católica jamais colocou o Mein Kampf no seu Índex. Portanto, podemos acreditar que o programa antissemita do futuro chanceler alemão agradava à Igreja.
Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs e reintroduzindo a frase Gott mit uns (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.
No ano de 1938, as SS e SA hitleristas organizam a Noite de Cristal. Com trajes civis, os milicianos nazistas atacam sinagogas e lojas pertencentes a judeus. A população alemã fica horrorizada e aterrorizada.
O bispo católico de Freiburg, monsenhor Gröber, declara então, em resposta às perguntas sobre as leis racistas e os pogroms da Noite de Cristal: Não podemos recusar a ninguém o direito de salvaguardar a pureza da sua raça e de elaborar medidas necessárias a esse fim.
Mais além das terras alemãs, na Espanha, um general tenta um golpe de estado militar, que é abortado, mas termina por se transformar em uma guerra civil. Ele é apoiado pela Igreja de Roma e os padres e bispos benzem os canhões do general Francisco Franco Bahamonde, celebrando com muita pompa o Te Deum pelas suas vitórias contra o governo republicano legítimo.
Essa guerra civil enche as terras espanholas com mais de um milhão de mortos.
O general Franco fuzila todos os que foram feitos prisioneiros e depois mostra reconhecimento aos seus piedosos aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo.
A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica cristã.
Na França, já sob domínio alemão, a Igreja Católica Apostólica Romana declara, que desde 1940 Petain é a França, e os bispos e padres mostram horror ao termo Liberté-Égalité-Fraternité preferindo o termo fascista Trabalho-Família-Pátria.
Durante a 2a  Guerra Mundial, o Vaticano sabia do extermínio dos judeus. Só após o fim do conflito soube-se que o papa Pio XII se absteve de condenar o extermínio devido à sua comunistofobia, por considerar que uma vitória soviética seria muito pior.
Em 1948, o papa Pio XII declara que todo cristão que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido será excomungado. Essa medida dividiu as famílias, provocando exclusões socialmente intoleráveis para muitos, e levando numerosos comunistas a se tornarem clandestinos nas zonas rurais.
 Os prelados italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em fatos, pedindo que os católicos votassem no grande partido anticomunista (DC - Democrazia Cristiana). No futuro, o DC será desmoralizado, ao se afundar na corrupção generalizada dos anos 1990.

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