EDITORIAL
É Carnaval! É festa!
O Carnaval chegou!
No centro de tantas perspectivas inquietantes para o Brasil e para o
mundo, o povo vai ter agora a oportunidade de substituir a tristeza pela
alegria, nas ruas e nas avenidas, ao som do frevo, do samba, dos maracatus.
O Carnaval trará uma pausa refrescante, suada, sexual e etílica
para que a população possa esquecer, nesses dias, o governo ou o desgoverno que
tomou o poder através de um golpe de Estado judiciário/midiático.
O que se espera para este ano, logo depois que o Carnaval acabar,
são coisas “para assustar frade de pedra”.
Porque, no Brasil, só depois do Carnaval é que as coisas começam
a tomar formatos reais e, essas coisas, hoje, são horripilantes!
O Recife, Olinda e Pernambuco inteiro, porém, estão a postos para fazer
com que tais sustos deem lugar às alegrias e às esperanças de renovação e que
esse governo que não nos representa (porque não possui origem popular),
seja defenestrado e enterrado sem honras, sem choros, sem velório.
É Carnaval!
Quem quer saber de governo ou desgoverno agora? Ainda que tal governo ou
desgoverno esteja representado por traíras e salafrários da marca maior, a hora
é de esquecer os problemas e de se entregar à folia.
Ninguém é de ferro!
O “Galo da Madrugada”, o “Homem da
Meia-Noite”, “A Mulher do Dia”, os maracatus, os frevos, os sambas estão a
postos no Recife, em Olinda e em todo Pernambuco, enaltecendo a vida.
Quando acabar a festa, voltaremos a nos preocupar com as coisas que
estão a nos afetar.
Hoje, o Rei Momo é nosso governante!
Apareçam as ninfas dos amores casuais! Abram-se as garrafas de cervejas!
Preparem as bocas para os beijos molhados e lúbricos!
Vamos frevar e sambar!
Carpe diem!
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Ensinamento imoral
Christopher Hitchens (1949/2011) -
Jornalista
Para ser um
cristão você precisa acreditar que por 100 mil anos a espécie humana sofreu e
morreu; muitas crianças morreram no parto, e outros seres humanos morreram
vítimas da fome, das doenças e nas guerras.
Tudo isso durante 100 mil anos, “enquanto o CÉU observava em
completa indiferença”. Então, há dois mil e poucos anos, o CÉU
decidiu: “já chega disso, acho que é hora de fazermos algo”.
A melhor maneira de fazer algo seria condenar
alguém a um sacrifício humano em algum lugar da região menos instruída do
Oriente Médio. “Nada de alcançar os chineses. Na China, as pessoas sabem
ler, estudar evidências e são civilizadas. Vamos ao deserto e façamos uma
revelação lá”.
Então, inventaram um Cristo e fizeram o
sacrifício humano para salvar o homem dos seus pecados.
Isso não faz sentido. Alguém que saiba pensar
não pode ser partidário das ideias criadas pelos cristãos. O ensinamento do
cristianismo é o mais imoral de todos: “o da redenção vicária”.
Você pode jogar os seus pecados em outra
pessoa, o que é vulgarmente conhecido como ter um bode expiatório. Eu posso
pagar a sua dívida se eu amo você. Eu posso ir para a prisão no seu lugar se eu
lhe amar muito. Eu posso me voluntariar a isso.
“Mas eu
não posso lhe redimir dos seus pecados, porque eu não posso abolir a sua
responsabilidade, e eu não deveria me oferecer para fazer isso”.
A sua responsabilidade precisa permanecer com
você. Não existe redenção.
Isso consegue até poluir a questão central, a
palavra que eu acabei de usar, a palavra mais importante de todas: a palavra amor,
ao tornar o amor compulsório, ao dizer que você tem que amar.
Você tem que amar ao seu vizinho como a si
mesmo, algo que você na verdade não consegue fazer. “Você sempre acabará
falhando, então sempre poderá ser considerado culpado”. O
cristianismo também diz que você tem de amar alguém a quem você também precisa
temer.
Esse alguém é um ser supremo, um pai eterno,
alguém de quem você deve ter medo, mas também deve amar. E se você falhar nessa
tarefa é um pecador imundo.
Isso não é sadio. “É um sistema
totalitário”. Existindo um deus eterno e imutável, que possa fazer e exigir
tais coisas, então viveríamos sob uma ditadura.
Uma ditadura que nunca desaparecerá. Uma ditadura
que sabe tudo o que pensamos e que pode nos condenar por crimes de pensamento e
a uma punição eterna por ações que nós estamos fadados a tomar desde que
nascemos.
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