Abril faz
história: Golpe agora é impeachment
Especial do Humanitas
Aconteceu
em abril. No dia 17 de abril do ano de 2016. Outra data de triste memória para
a democracia brasileira.
Outra
data em que a Carta Magna foi estuprada até mesmo pelos que a deviam defender,
no caso o Supremo Tribunal Federal.
O
novo Golpe de Estado derruba
uma mulher eleita para o cargo de presidente da República com mais de 54
milhões de votos.
E
dão a isso o nome de impeachment.
Tudo para fornecer cores de democracia ao ato.
Na
ocasião, a Câmara dos Deputados tornou-se um circo.
Foram
367 votos a favor do Golpe,
com os deputados golpistas agradecendo a Deus, aos seus cachorros, aos pais,
filhos, esposas, aos gatos e até ao Papai Noel.
Depois,
o Senado sancionou o Golpe,
também votando a favor e passando o poder ao vice Michel Temer, acusado desde o
final de 2015 de receber R$ 5 milhões do presidente da Câmara, o deputado
Eduardo Consentino da Cunha, que também teria recebido R$ 52 milhões parcelados
em 36 vezes, de acordo com uma das inúmeras delações.
O
processo contra a presidente Dilma Rousseff foi eivado de falácias e de
acusações descabidas. Nada ficou provado contra ela até hoje. Não houve
enriquecimento ilícito. Utilizaram o termo “pedaladas
fiscais” para enquadrá-la como criminosa.
Tudo
foi um Golpe de Estado muito
bem orquestrado por juristas como Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e
Miguel
Reale Júnior, com o apoio da Grande Mídia e de setores
retrógados da direita.
A
história se repete novamente em um mês de abril. No dia da mentira, em 1º de
abril de 1964, a
democracia também foi estuprada por civis e militares, utilizando a mentira de
salvaguardar as instituições brasileiras do perigo do comunismo.
Tanto
que no dia 17 de abril de 2016, o deputado Jair Bolsonaro, ao dar seu voto a
favor do golpe branco, chegou
a defender como herói o torturador militar Brilhante Ustra, que colocou ratos
na vagina de uma mulher em um processo de tortura ocorrido no regime ditatorial
de 1964/1985.
A
mentira retornou novamente. O ódio foi disseminado pela Grande Mídia na cabeça
de uma parcela da população. Mesmo sem ter provas concretas e cabais, essa
parcela da população acha que a presidente eleita por mais de 54 milhões de
votos roubou os cofres públicos e devia perder o cargo.
Hoje,
vemos encerrado o ciclo Lula/Dilma. Encerrado por meio de um golpe branco. E com o Partido
dos Trabalhadores (PT) também tendo grande parcela de culpa, porque se
distanciou do progressismo que caracterizou sua história e mergulhou em
alianças espúrias com partidos traiçoeiros, como o PMDB, e com políticos nada
confiáveis como Paulo Maluf, Collor de Mello e José Sarney.
No
dia 31 de agosto de 2016 o plenário do Senado concretizou o golpe branco, afastando a
presidente eleita.
Defendendo-se
no Senado, a presidente Dilma Rousseff disse que não praticou irregularidades
no exercício do cargo e que o dito impeachment
é, na verdade, um Golpe de Estado
por ser motivado por razões políticas e por não ter existido crime de
responsabilidade em seu governo.
A
ação movida contra a presidente e os discursos dos políticos na Câmara dos
Deputados, em Brasília, tornaram-se piada e ganharam manchetes em jornais do
mundo inteiro. Veículos internacionais da Mídia questionaram a legitimidade dos
golpistas.
O
jornal espanhol El Pais classificou o
impeachment em editorial como
um “Golpe baixo no Brasil” O britânico The Guardian publicou que “A queda de Dilma não irá curar todos os problemas do Brasil”.
No
mês de julho/2016, em Paris, o Senado francês também havia se manifestado em
manifesto publicado pelo jornal Le Monde
contra o iminente impeachment
da presidente Dilma Rousseff. “Assistimos à tomada de poder, sem
legitimidade popular, por aqueles que perderam a disputa presidencial, com o
intuito de colocar em prática seus programas rejeitados pelas urnas”.
No mesmo documento, os senadores franceses comentam
que “estamos também preocupados com o envolvimento (no
golpe de Estado) da grande mídia brasileira pertencente a
grandes grupos financeiros, por uma campanha extremamente violenta a favor da
destituição e criminalização da esquerda. Essas mesmas mídias brasileiras apoiaram
o golpe de Estado Militar de 1964 a partir do qual construíram verdadeiros impérios
midiáticos“.
Nenhum comentário:
Postar um comentário