EDITORIAL
UMA
GREVE HISTÓRICA
Julho possui história própria no Brasil para o trabalhador.
Tudo porque nesse mês e no ano de 1917 aconteceu a primeira greve geral em
nosso país.
Um movimento espontâneo do proletariado paulista que se
alastrou por toda a Nação sem interferência direta ou indireta de outros
setores da sociedade.
Esse movimento paredista, ainda muito pouco conhecido pelas
pessoas e até pelos trabalhadores atuais, começou em duas fábricas têxteis do
Cotonifício Rodolfo Crespi, em São Paulo.
Após ganhar a adesão dos servidores públicos, a greve
rapidamente se espalhou por toda a cidade, e depois por quase todo o país.
Estamos, neste Humanitas,
dando um espaço para esse evento. Para que os trabalhadores de hoje saibam que
a luta por melhores condições de vida começou há 100 anos e que, hoje, a classe
proletária deve se unir, antes que seja tarde demais.
A Greve Geral de 1917 é o nome pela qual
ficou conhecida a paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em
julho de 1917, como resultado da constituição de organizações operárias de
inspiração anarcossindicalista aliadas à imprensa libertária. Essa
mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas que ocorreram no
Brasil.
O contexto geral da greve nos remete ao período internacional
de revoltas e motins que varreram o mundo na segunda parte do ano de 1917,
particularmente crítico devido à estagnação causada pela Primeira Guerra
Mundial.
No caso do Brasil, o movimento foi a reação operária a um
período de aumento das horas de trabalho, da subida repentina dos preços e
diminuição drástica dos salários, ou seja, de uma fortíssima piora do poder de
compra e das condições de vida.
Como nos tempos atuais, o governo, controlado pelas elites,
prendeu e humilhou os brasileiros que aderiram à greve, extraditou muitos
estrangeiros, acusando-os de ideologia anarquista.
Hoje, como vemos, a história se repete. Um governo
ilegítimo ataca a classe trabalhadora em todos os setores, retirando direitos
conquistados a duras penas, com o apoio de parlamentares corruptos, fascistas e
entreguistas.
................................
AFINIDADE
Antônio
Carlos Gomes Guarujá/SP
Afinidade
é uma linguagem muda que conecta as pessoas, uma linguagem não presencial,
sutil, totalmente sutil, que une os seres.
Se o amor gera
a prole e a continuidade da espécie, a afinidade a mantém unida e coesa. O que
une uma população independente de sexo é a afinidade. Afinidade prescinde de
presença.
É uma linguagem
puramente virtual, posso ter amizade com uma pessoa sem conhecê-la, só dos
amigos me falarem dela, e ela agir do mesmo modo, ser um amigo desconhecido.
Quando num
momento de aborrecimento uma frase proferida, dependendo da referência que
tomamos e citada por estes contatos comuns, vai trazer calma e esclarecer o
pensar. Não implica obrigatoriamente em conhecimento pessoal.
Ao ler os
filósofos mesmo que não tenhamos conhecimento, a palavra deles nos consola,
ainda que tenham morrido há séculos. Nossa sociedade muitas vezes confunde
afinidade com amor. Afinidade é um amor sim, mas sem desejos sexuais, eróticos,
de contato ou de reprodução.
É a forma de
amor entre criaturas para que possam viver bem amparando-se mutuamente.
Afinidade é uma
linguagem de outro amor.
Muitas vezes
pessoas se afastam por não entenderem que a afinidade não tem sexo e o prazer
do sexo.
O prazer dela é
em outro nível, e também necessário para todos os viventes.
Afinidade não
tem raciocínio, lógica, valores, sexo e nem espécie. A afinidade do agricultor
com seu cão ou seu burrico; a calma que sente na presença do animal fala uma
outra língua.
A afinidade une
espécies. Vemos continuamente fotos postadas na internet de animais amamentando
crias de outras raças, às vezes inimigas.
Isto é
afinidade, o relacionamento da sociedade civilizada ou não, dando coesão a seus
elementos para que a continuidade do amor se mantenha após o nascimento.
Amamos sim, nossos amigos e afins, conhecendo-os real,
virtual ou só de ouvir falar. Isso é bom, pois aqueles que amamos também nos
amam, e esta troca permite que a natureza continue jorrando vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário