sexta-feira, 30 de junho de 2017

HUMANITAS Nº 61 – JULHO DE 2017 – PÁGINA DOIS

EDITORIAL

UMA GREVE HISTÓRICA

Julho possui história própria no Brasil para o trabalhador. Tudo porque nesse mês e no ano de 1917 aconteceu a primeira greve geral em nosso país.
Um movimento espontâneo do proletariado paulista que se alastrou por toda a Nação sem interferência direta ou indireta de outros setores da sociedade.
Esse movimento paredista, ainda muito pouco conhecido pelas pessoas e até pelos trabalhadores atuais, começou em duas fábricas têxteis do Cotonifício Rodolfo Crespi, em São Paulo.
Após ganhar a adesão dos servidores públicos, a greve rapidamente se espalhou por toda a cidade, e depois por quase todo o país.
Estamos, neste Humanitas, dando um espaço para esse evento. Para que os trabalhadores de hoje saibam que a luta por melhores condições de vida começou há 100 anos e que, hoje, a classe proletária deve se unir, antes que seja tarde demais.
A Greve Geral de 1917 é o nome pela qual ficou conhecida a paralisação geral da indústria e do comércio do Brasil, em julho de 1917, como resultado da constituição de organizações operárias de inspiração anarcossindicalista aliadas à imprensa libertária.  Essa mobilização operária foi uma das mais abrangentes e longas que ocorreram no Brasil.
O contexto geral da greve nos remete ao período internacional de revoltas e motins que varreram o mundo na segunda parte do ano de 1917, particularmente crítico devido à estagnação causada pela Primeira Guerra Mundial.
No caso do Brasil, o movimento foi a reação operária a um período de aumento das horas de trabalho, da subida repentina dos preços e diminuição drástica dos salários, ou seja, de uma fortíssima piora do poder de compra e das condições de vida.
Como nos tempos atuais, o governo, controlado pelas elites, prendeu e humilhou os brasileiros que aderiram à greve, extraditou muitos estrangeiros, acusando-os de ideologia anarquista.
Hoje, como vemos, a história se repete. Um governo ilegítimo ataca a classe trabalhadora em todos os setores, retirando direitos conquistados a duras penas, com o apoio de parlamentares corruptos, fascistas e entreguistas.
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AFINIDADE
 Antônio Carlos Gomes Guarujá/SP

Afinidade é uma linguagem muda que conecta as pessoas, uma linguagem não presencial, sutil, totalmente sutil, que une os seres.
Se o amor gera a prole e a continuidade da espécie, a afinidade a mantém unida e coesa. O que une uma população independente de sexo é a afinidade. Afinidade prescinde de presença.
É uma linguagem puramente virtual, posso ter amizade com uma pessoa sem conhecê-la, só dos amigos me falarem dela, e ela agir do mesmo modo, ser um amigo desconhecido.
Quando num momento de aborrecimento uma frase proferida, dependendo da referência que tomamos e citada por estes contatos comuns, vai trazer calma e esclarecer o pensar. Não implica obrigatoriamente em conhecimento pessoal.
Ao ler os filósofos mesmo que não tenhamos conhecimento, a palavra deles nos consola, ainda que tenham morrido há séculos. Nossa sociedade muitas vezes confunde afinidade com amor. Afinidade é um amor sim, mas sem desejos sexuais, eróticos, de contato ou de reprodução.
É a forma de amor entre criaturas para que possam viver bem amparando-se mutuamente.
Afinidade é uma linguagem de outro amor.
Muitas vezes pessoas se afastam por não entenderem que a afinidade não tem sexo e o prazer do sexo.
O prazer dela é em outro nível, e também necessário para todos os viventes.
Afinidade não tem raciocínio, lógica, valores, sexo e nem espécie. A afinidade do agricultor com seu cão ou seu burrico; a calma que sente na presença do animal fala uma outra língua.
A afinidade une espécies. Vemos continuamente fotos postadas na internet de animais amamentando crias de outras raças, às vezes inimigas.
Isto é afinidade, o relacionamento da sociedade civilizada ou não, dando coesão a seus elementos para que a continuidade do amor se mantenha após o nascimento.
Amamos sim, nossos amigos e afins, conhecendo-os real, virtual ou só de ouvir falar. Isso é bom, pois aqueles que amamos também nos amam, e esta troca permite que a natureza continue jorrando vida.

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