MCCARTHY E MACARTISMO – A PERSEGUIÇÃO
Araken Vaz Galvão é
escritor e membro da Academia de Artes
do Recôncavo. Mora em Valença/BA
Senador
pelo estado de Wisconsin (EUA), Joseph Raymond McCarthy (1908-1957) ou Joseph
McCarthy, como era mais conhecido, foi um político obscurantista, de
extrema-direita, surgido nos Estados Unidos, e que teve seu auge paranóico
entre os anos de 1950 a
1954.
Foi ele quem moveu uma sistemática campanha
de perseguição – caracterizada pela intimidação para incentivar a delação –,
sobretudo contra artistas, intelectuais e cientistas, os quais eram acusados de
“atividades anti-americanas”.
Esse fenômeno, fruto da histeria
anticomunista, filha direta da guerra-fria, teve também uma forte composição de
oportunismo político e exploração da histeria coletiva frente ao comunismo,
desencadeando uma verdadeira caça às bruxas, isto é, a qualquer pessoa que
fosse acusada de comunistas, simpatizante do comunismo ou simplesmente
indivíduos denunciados sem qualquer base concreta.
Passado o período negro, depois que
centenas de técnicos a artistas foram impedidos de trabalhar, ou seja, depois
de atingidos os seus principais objetivos, o macarthismo entrou em declínio,
entretanto um dos principais aliados de McCarhty naquela campanha, Richard
Nixon, chegou mais tarde à presidência dos Estados Unidos, com as consequências
que todos conhecemos.
Foram muitas as vítimas do “Macartismo” (inglês McCarthyism)
entre o pessoal de cinema, os casos mais divulgados foram os de Charles Chaplin
(1889-1977), os diretores Joseph Losey (1909-1984), Jules Dassin (19911-1980) e
Abraham Polonky (1910-1980), o escritor Dashiell Hammett (1894-1961), já
citado. Há ainda o caso de Carl Foreman, o roteirista de “Matar ou Morrer”. E tantos outros.
Esses nomes, porém, foram daqueles que não
se dobraram. Casos houve como o de Elia Kazan (1909-2004), diretor de cinema e
de teatro, de origem turca, embora sua família fosse grega, naturalizado
americano cujo nome era Elia Kazanjoglous, autor de algumas obras-primas que
criticavam, com certo rigor, os privilegiados da sociedade americana. Elia
Kazan foi transformado – pelo “Macartismo”
– no maior dedo-duro da história do cinema americano.
Levado ao ápice do terror, Kazan, por medo
ou por ser crápula, chegou ao cúmulo de pagar um anúncio nos meios de
comunicação afirmando que não era comunista. Mas não ficou só nisso, denunciou
de público seus companheiros da juventude. Kazan morreu com a indelével marca
de delator.
Entre o pessoal de Hollywood que esteve na
prisão – conhecido como os “dez de
Hollywood” –, principalmente por terem se negado a denunciar colegas,
estão os diretores Herbert Biberman; o produtor Adrian Scott; os roteiristas
Lester Colem, Albert Maltz, Samuel Ornitz, Dalton Trumbo, Ríng Lardner Jr.,
John Howard Lawson e Alvah Bessie, os quais pegaram penas de até um ano(*).
Vários fugiram para Europa para escaparem
da prisão. O diretor Edward Dmytryk, apesar de ter “colaborado”, isso é, denunciado colegas, foi também
condenado.
Outro que também denunciou companheiros foi
o ator Sterling Hayder, que fez o papel do capitão da polícia de Nova Iorque,
corrupto, e que é assassinado pelo personagem interpretado por Al Pacino no
filme “Poderoso Chefão I”.
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NOTA DO EDITOR
* -
A "caça às bruxas" perdurou até que a opinião pública
americana ficasse indignada com as violações dos direitos individuais, graças
em grande parte à atuação corajosa do jornalista Edward R. Murrow na rede
americana de televisão CBS, o que levou McCarthy ao ostracismo e à decadência.
McCarthy morreu em 1957, totalmente desacreditado e considerado como uma figura
infame e uma vergonha para os americanos. Muitos filmes foram produzidos sobre
esse período, todos retratando McCarthy e seus seguidores como figuras
desprezíveis. Dentre os filmes destacamos “Boa
Noite e Boa Sorte” dirigido por George Clooney e estrelado por David
Strathaim, no papel do jornalista Edward R. Murrow. O filme narra os embates entre
o jornalista e o senador McCarthy, durante os anos 1950, que contribuíram para
a decadência do senador.
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