UM PRESIDENTE ELEITO TRAÍDO POR UM GENERAL
ESPECIAL DO HUMANITAS
No
dia 11 de setembro de 1973 - há 44 anos - começou uma das ditaduras mais longas
e sangrentas da história da República do Chile. Neste dia, o general Augusto
Pinochet liderou o golpe militar que derrubou o presidente socialista Salvador
Allende, eleito três anos antes.
Salvador Allende Gossens foi um
médico e político marxista chileno. Fundador do Partido Socialista e governou o
Chile de 1970 a
1973.
Ele foi o primeiro presidente de
república e primeiro chefe de estado socialista marxista eleito
democraticamente na América Latina.
Suicidou-se com um tiro no
palácio presidencial, o La Moñeda, que estava cercado por tropas do Exército
chileno.
Os EUA tiveram participação
intensa no golpe de estado ao submeter o Chile a um bloqueio econômico informal,
que impedia o país de obter empréstimos internacionais ou bons preços para o
cobre, seu principal produto de exportação.
Isso foi denunciado por Salvador
Allende em dramático discurso na ONU.
O historiador Moniz Bandeira salienta em
seu livro “Fórmula para o Caos”, sobre a experiência socialista
do Chile, dizendo que "a proposta da
Unidade Popular estava destinada ao fracasso. Karl Marx dizia que o socialismo
é inviável como via de desenvolvimento, sobretudo num país atrasado como o
Chile, em que 70% da produção era de cobre e 70% dos alimentos tinham de ser
importados. Era um país vulnerável, ainda mais na esfera de influência dos EUA
(…)".
O
general Augusto Pinochet, não foi um militar qualquer. Era chefe do Exército
nomeado duas semanas antes pelo presidente, que o considerava um militar leal a
seu governo.
Apesar de nunca ter tido uma
atuação de destaque em sua carreira militar, ele substituíra o general Carlos
Prats, que deixou o cargo para assumir o Ministério do Interior em 23 de agosto
de 1973.
Pinochet assumiu o comando do Exército dois
dias depois, indicado pelo próprio Carlos Prats.
Sua maior credencial era, aparentemente,
não participar dos planos para derrubar Allende, que circulavam no interior do
Exército.
"Eu
acreditava honestamente que este general compartilhava com sinceridade de minha
profunda convicção de que a caótica situação chilena deveria ser resolvida
politicamente, sem golpe militar, já que esta seria a pior solução",
escreveu Prats em suas memórias.
O analista político Patricio Navia explicou
que Pinochet foi nomeado para o cargo porque "não fazia parte dos golpistas nem era parte dos que poderiam
isolar o general Prats. Era um
candidato de consenso porque não brilhava. Acreditava-se que ele seria leal ao
governo porque não tinha grandes idéias nem iniciativas", afirmou. “Aos olhos do presidente, Pinochet era um
homem leal”, recordou o ex-ministro da Economia de Allende, José
Cademártori.
Cademártori acrescentou que o presidente,
inclusive, quis entrar em contato com ele quando apareceram as primeiras
notícias do golpe, na manhã da terça-feira, 11 de setembro de 1973.
"Chamem
o Augusto, que é um dos nossos", teria dito Allende naquele dia,
segundo relatos dos que o acompanharam na resistência à rebelião militar no
palácio presidencial de La Moñeda.
Mas Pinochet, que permanecia escondido em
um quartel na região leste de Santiago dirigindo as ações dos golpistas, não
respondeu ao chamado de Allende e, por intermédio de um emissário, exigiu sua
rendição oferecendo-lhe um avião para partir ao exílio. "...E, no caminho os jogaremos de lá", gritou o militar,
numa transmissão via rádio para outros oficiais golpistas, interceptada por um
radioamador e publicada, em 1997, no livro "Interferência
Secreta", da jornalista Patricia Verdugo.
Pinochet
foi o último dos chefes das Forças Armadas a se unir ao golpe, escreveu em suas
memórias o almirante Toribio Merino, que assumiu o comando da Marinha e morreu
há sete anos. O ex-ditador garantiu a uma de suas biógrafas, a jornalista María
Eugenia Oyarzún, que preparava o golpe em segredo desde o ano anterior. "Não havia espaço para um erro.
Tínhamos de livrar a pátria do caos de Allende e do câncer marxista".
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