Cem anos de uma Revolução – 1917/2017 –
(I)
Especial do Humanitas
Neste mês de
outubro de 2017 a
História marca os 100 anos da Revolução Russa, um dos principais eventos
históricos do Século XX que mudou a face política do mundo.
As causas
para essa Revolução que se autodenominou socialista são muitas. No começo do
século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da
agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada na produção de gêneros
agrícolas. Porém, devemos ir mais longe no tempo para entender os principais
motivos que ocasionaram essa revolução.
No início do
Século XX, uma grande quantidade de terras ainda pertencia à nobreza russa e
isso proporcionaria, em 1917, uma das principais reivindicações da Revolução: a
distribuição de terras.
A
industrialização realizada no século XIX tinha um componente ligado à grande
quantidade de capitais estrangeiros investida na construção de indústrias em
algumas regiões ocidentais da Rússia.
Nesses
locais, como São Petersburgo e Moscou, formou-se uma numerosa classe operária
originária do campesinato. A concentração operária nessas indústrias superava a
existente nas mais desenvolvidas economias do ocidente europeu.
Essas
alterações sociais e econômicas geraram contradições com a estrutura
autoritária da autocracia czarista. A guerra russo-japonesa de 1905 foi o
estopim do que se convencionou chamar de ensaio revolucionário de 1917.
As
consequências da guerra russo-japonesa foram sentidas pelos camponeses, que
forneciam os soldados para o exército russo. A morte de muitos deles na guerra,
a fome e o frio daquele ano levaram a população de São Petersburgo a pedir
medidas justas ao czar.
No dia 22 de
janeiro de 1905 uma multidão se dirigiu ao Palácio de Inverno, em São
Petersburgo, sendo recebida a tiros pelas tropas imperiais, dando início à
Revolução de 1905.
A principal
característica dessa revolução foi a criação de um conselho de delegados dos
trabalhadores de São Petersburgo.
Essa forma
de auto-organização dos operários russos ficou conhecida na história como “soviete”, que em russo
significa “conselho”.
Nessa época,
alguns partidos políticos começaram a nascer. Eles se desenvolviam junto às
classes exploradas, como o dos socialistas-revolucionários, ligados aos
camponeses, e o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que se dividia
em duas frações principais, os mencheviques e os bolcheviques.
O czar
conseguiu conter o processo revolucionário no começo do ano de 1906, criando um
parlamento chamado Duma, apontando para o início de uma liberdade política nos
moldes de uma monarquia constitucional.
Mas essa
liberdade política nunca se tornou realidade.
Então
aconteceu a Primeira Guerra Mundial. O Império Russo era um dos principais
interessados nessa guerra iniciada em 1914. Mas o exército do czar não foi
páreo para as forças militares alemãs. Um dos resultados foi a deserção em
massa de soldados da linha de frente e a intensificação da fome entre a
população que se mantinha em território russo.
Nos dias
finais de fevereiro de 1917, uma manifestação pelo Dia Internacional da Mulher,
em São Petersburgo, transformou-se em um evento contra a fome vivenciada pela
população que conseguiu o apoio dos soldados insatisfeitos com a guerra.
Em 27 de
fevereiro, soldados e trabalhadores conseguiram a renúncia do czar e a formação
de um Governo Provisório. Ao mesmo tempo, os operários e soldados constituíram
novamente os “sovietes”.
Após março
de 1917, os patrões começaram a abandonar as fábricas. Os operários, para não
perderem os empregos, ocuparam as instalações das empresas e organizaram
comitês de trabalhadores responsáveis pelo controle da produção.
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