Amizade... Longe ou perto, valor que não
tem preço
Ana Leandro – colaboradora do Humanitas
- é escritora e jornalista. Atua em
Belo Horizonte/MG
Em
14 de Fevereiro comemora-se o Dia da Amizade. Que na realidade se apresenta
como um dia representativo, pois a verdadeira amizade dura desde que
floresce...
Depois de algum
tempo e de experiências na vida, você aprende que verdadeiras amizades
continuam a crescer, mesmo a longas distâncias.
Já se disse e é
sempre verdadeiro, que o que importa não é o que você tem na vida, mas as
pessoas que de fato passaram e ficaram no seu modo de ser e de viver. E por
isto são amigos que persistiram e resistiram ao tempo, ainda que não no sentido
literal da presença.
Pois a presença
deste amigo não precisa ser palpável, tem exatamente a abstração duradoura da
evolução. Não se constitui de poder sobre o outro, mas em algo que se
multiplica reciprocamente pela força de suas influências.
Quem mais
influiu no sentido positivo de sua vida, quem mais o fez pensar sobre si mesmo,
quem mais o levou à coragem de se encarar em seus limites e possibilidades,
enfim, quem mais se somou ao seu crescimento, sem prejuízos das partes, este é
seu amigo.
A era da
comunicação trouxe à tona amizades de pessoas que nunca se viram pessoalmente,
mas que conseguem fazer entre si intensa troca de desenvolvimento interior.
Relações de
excessivo contato pessoal, muitas vezes se perdem em discussões insolúveis por
pontos de vistas diferentes.
Mas essas relações
não são amizades, porque não se exige de um verdadeiro amigo que ele seja como
queremos.
Há pessoas que
muito oferecem, mas cobram caro a oferta, por simples interesse de posse e
domínio.
Isso não é uma
amizade.
A verdade é que
as redes de relações sociais e pela internet já facilitaram, infelizmente,
falsas amizades, semeadas por interesses de todas as naturezas, inclusive de
posse física ou material. Isto é lastimável, porque muitos resultados trágicos
têm demonstrado até perdas de vidas, ou decepções de natureza dolorosa.
Mas a par das
histórias de aproveitamento nessas relações construídas na mentira, muitas
belas amizades já se constituíram mesmo à distância e se mantêm influindo no
crescimento recíproco de pessoas que conseguiram esta verdadeira dádiva na
vida.
Amizade não se
compra, constrói-se. E é preciso algum tempo para consolidá-la.
Porque é na
medida em que se conhece o outro, em sua interioridade, que se compreende a
natureza de condução da relação.
Amizades têm
matizes diferentes, porque as pessoas são diferentes.
E é como são
que devem ser aceitas.
A evolução do “ser” só acontece a partir da certeza
que este é o caminho desejado das partes, e que talvez nem tivessem antes
consciência disto.
A
auto-descoberta é um dos privilégios maiores que uma amizade verdadeira nos
confere.
É claro que um
verdadeiro amigo tem semelhanças com seus valores, mas não lhe cobra identidade
de pontos de vista.
Estabelecer a
ponte que facilita o relacionamento respeitando-se mutuamente nas diferenças é
a demonstração de que ali existe uma amizade duradoura, que não se desfaz por
simples referenciais diferentes.
Amigo conhece a
medida precisa de cada ação: nem demais, nem de menos.
Sabe o momento
certo em que também o amigo quer ficar só e não invade um espaço que não lhe
está disponível.
É bonito ser
amigo, mas é necessário compreender que não é tão fácil.
Para construção
de uma sólida amizade é importante se ter paciência de ambas as partes. Que se
entendam num olhar ou numa palavra.
Ou, às vezes,
sem nem mesmo um manifesto: uma ausência pode ser um tempo que se pede às vezes
sem palavras.
Mas a amizade
verdadeira superará a distância sem perda desse valor, que se consolida na
medida em que resiste a intempéries.
Um amigo enche
sempre nossos corações de esperanças e de novos caminhos somados nas alegrias e
até no suporte de tristezas.
Mas uma bela
amizade também nos torna guardiões de lembranças as mais diversas, que passam a
fazer parte de nossa vida, pelo que nos ajuda a nos fazermos melhores conosco e
com o próximo.
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