Davi e Salomão nunca existiram
Décio Schroeter é escritor e colaborador
do Humanitas. Mora e atua em Porto Alegre/RS
Vamos aprofundar aqui o assunto sobre David e
Salomão, pesquisando mais em Crônicas I
(21:5) na Bíblia: O exército de Davi teria tido 1.100.000 (um milhão e cem
mil homens) e o de Judá 470 mil homens.
Claro que esse
número é ridiculamente alto para uma batalha entre dois exércitos tribais em
1000 anos antes da Era Comum. Os Estados Unidos tiveram aproximadamente 1,4
milhões de soldados na ativa em 2001.
Em Crônicas I 22:14 Davi proporciona a
Salomão uma fantástica quantia de ouro e prata para construir o templo: 100 mil
talentos de ouro e 1 milhão de talentos de prata. Considerando que um talento
era de aproximadamente 60
libras, isso daria aproximadamente 3 mil toneladas de
ouro e 30 mil toneladas de prata.
Deram para o
serviço da casa e o rei Davi colecionava dez mil dracmas para a construção do
templo em Jerusalém. Isso é interessante, já que as dracmas foram criadas
depois do rei Dario I que viveu quinhentos anos depois de Davi.
Como sempre,
são exageradas as quantias informadas de ouro, prata e ferro. Cem mil talentos
de ferro, por exemplo, seria algo em torno de 34 mil toneladas. Não se pode
radicalizar e nem é sensato dizer que a Bíblia seja apenas uma coleção de
lendas e mitos, embora seja essa a predominância em todas as suas narrativas.
É claro que alguns fatos históricos em
relação a personagens e localidades podem ser comprovados, já que sabemos que,
na Bíblia, estão misturados lendas, mitos, mentiras e realidade.
O grande problema dos pesquisadores é
separar e pinçar, nessas narrativas de apenas cerca de 20% de confiabilidade, o
que é falso ou verdadeiro, o que é História ou lenda.
E Salomão, sua sabedoria e poderes mágicos,
seu templo, suas minas, seu reinado, suas riquezas, ainda não estão catalogados
como verdades.
Ninguém jamais achou ou comprovou a
existência da tal "arca da
aliança", nem vestígios dos tesouros de Salomão ou dele próprio,
um super-herói bíblico, do qual só existem lendas e teorias (nenhuma delas
científica, capaz de transformá-las em história).
Uma reflexão interessante é a seguinte: a
arqueologia bíblica (que hoje já perdeu credibilidade) faz de tudo para provar
a existência de personagens bíblicos, mas como sempre, fica apenas nas
hipóteses.
Dão seus pareceres dizendo: "seria", "poderia ter sido", “provavelmente” etc, nada conclusivos.
Todavia, no caso de Davi e Salomão, devemos
considerar que ninguém questiona a existência do rei babilônico Nabucodonosor
II (604 a.E.C
- 562 a.E.C),
conquistador de Jerusalém, nem do faraó Ramsés II (1279 a.E.C a 1213 a.E.C), que deixaram
inúmeras evidências de sua existência. Do faraó egípcio Ramsés II, até a múmia
existe.
Diz-se que Ramsés II possuía 200 esposas.
Já o poderoso rei Salomão, tinha 700 mulheres, e mais 300 concubinas,
superando, de longe, um dos maiores faraós do Egito de todas as dinastias. Isto
sem falar da fabulosa fortuna de Salomão e do seu lendário templo.
Mas não há qualquer menção desse poderoso
rei de Israel em nenhum dos reinos vizinhos, o que seria de se esperar.
Nem conflitos, nem relações comerciais,
nada, absolutamente nada. Como poderia um rei tão poderoso e rico ser
desconhecido por seus vizinhos?
Não se encontrou uma única evidência aceita
por todos do reinado de Salomão nem de seu templo.
Tudo o que se tem, até agora, são hipóteses
que tentam forçar a comprovação da sua existência.
Ah, a Bíblia... As mentiras desse livro
chegam a ser irritantes e descobrir uma verdade lá dentro (algumas verdades
históricas existem, até por distração dos escritores) é como procurar agulha no
palheiro.
E
aí vêm nos dias de hoje esses pastores picaretas querendo ressuscitar e tornar
real a lenda de Davi e Salomão.
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