Texto de Genésio Linhares. Professor e
Mestre em Filosofia. Recife/PE (Republicação)
O uso das máscaras perde-se no tempo.
Acredita-se,
apesar de haver controvérsias, que o termo máscara existe desde há 30 mil anos.
Elas eram
utilizadas para diversos fins: curar doenças, tirar espíritos ruins, para
rituais religiosos ou como persona.
Esta última é
uma forma de mostrar o seu modo de ser e estar em sociedade, seja como função
ou papel social assumido profissional ou simplesmente pelo fato de estar em
convívio com outros seres humanos.
Existem
indivíduos mais afetados que, na maior parte do tempo, disfarçam e ofuscam a
sua verdadeira identidade que comumente conhecemos como hipócritas.
Quanto mais
complexa e mais sofisticada se torna uma sociedade, aumenta a utilização de
máscaras, fingimentos e falsidades.
Pode-se afirmar
que a máscara, ao que tudo indica, é um fenômeno universal, pois vamos
encontrá-la em todos os povos.
O mundo
hodierno é testemunha e partícipe deste jogo de simulacros, de mentiras
inerentes nas tramas e interrelações cotidianas.
As máscaras não
se ausentam. Nem mesmo em momentos festivos e descontraídos como é o caso do
Carnaval.
Justamente
aqui, de modo bastante curioso, é que a máscara e, às vezes, as fantasias
assumem um caráter ostensivo para muitos foliões.
Como
compreender as razões que levam um indivíduo a esconder o rosto, exatamente num
momento tão lúdico como o Carnaval?
Talvez para dar
vazão às suas fantasias, aos desejos mais íntimos e por que não ao seu lado
demoníaco e como demonstração de poder, de assustar e aterrorizar os menos
avisados.
O uso das
máscaras é antigo. Vários povos a usavam e ainda usam para cerimônias e rituais
religiosos. Os antigos gregos passaram a servir-se de máscaras para
apresentações teatrais como representação dos personagens de tragédias e
comédias.
É no período
renascentista italiano, mas precisamente em Veneza, que podemos verificar seu
uso intenso por grande parte das pessoas neste mesmo período momesco.
O nome máscara
vem do italiano maschera, provindo,
ao que parece, do latim medievo masca,
significando “espectro, pesadelo,
máscara”, tendo talvez uma raiz árabe de maskhara “palhaço, bufão” e também, bruxo, feiticeiro, monstro,
emoção e alma.
A máscara
carnavalesca embeleza o ambiente de festa. Cria um clima de alegria, fantasias,
ilusões e de tristeza, ao mesmo tempo em que mantém em anonimato àquele ou
àquela que está por trás dela.
Através da
máscara a pessoa libera loucuras, sarcasmos e ironias, desejos mais íntimos e
seus outros “eus” que sem ela, muito provavelmente, não teria coragem de
externar.
Os venezianos
desde o século XV criaram personagens típicos desta festa tão contagiosa. Uma
delas, a Colombina, a eterna amante de Arlequim. Este se apresenta de modo
pouco inteligente e trapalhão, anda dançando e sua máscara negra é bastante
utilizada. Esses dois personagens, junto com Pierrot, fazem parte do nosso
carnaval, tendo inclusive canções enaltecendo-os.
No Recife, o
primeiro baile de máscara ocorreu na Passagem da Madalena, na Rua Benfica e foi
notícia no Diario de Pernambuco de 13
de fevereiro de 1845, mas era restrito às famílias nobres da cidade. Somente em
18 de fevereiro de 1848 aconteceu o primeiro baile de máscara para o grande
público.
Enfim, seja em
bailes ou nas ruas, todos nós presenciamos a máscara ou até saímos também
mascarados. É um adereço mágico e encantador que enfeita, colore e alegra o
nosso carnaval. E às vezes assusta crianças e adultos.
Talvez
para lembrar que mesmo em momentos de euforia, danças e bebidas, a vida é um
misto de sentimentos, inclusive de seus perigos, riscos e da própria morte.
Quantos não saem com máscaras e roupas de caveira para comemorar e celebrar
estes três dias?
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