quarta-feira, 28 de março de 2018

HUMANITAS Nº 70 – ABRIL DE 2018 – PÁGINA 2

EDITORIAL

Roupagem nova

As forças golpistas destroem o país.
Sob a liderança de um presidente ilegítimo, apoiado pela mídia, pelo Judiciário e pela maioria dos parlamentares do Congresso Nacional, estamos a viver uma crise econômica, política e moral  sem precedentes.
Todas as decisões tomadas por esse grupo estão a afetar milhares de pessoas, a trazer de volta a fome, a miséria e o desemprego.
As riquezas da pátria são entregues de graça à sanha dos capitalistas estrangeiros neoliberais.
O golpe foi institucionalizado e neste mês de abril de triste memória voltamos a nos defrontar com antigos fantasmas.
Se antes a ditadura institucionalizou-se através dos militares, hoje ela é institucionalizada pela mídia, pelo Judiciário e pelos parlamentares da direita neoliberal.
Retomar o caminho da democracia vai ser muito difícil, já que os tubarões do poder estão a trazer de volta a censura, as coerções e a violência fardada.
O Judiciário, com seus salários e benefícios obscenos e com atuação partidarizada, não hesitou em violar leis para ser conivente com o golpe.
Cerca de 80% do Parlamento também entra nessa linha, bem como a maioria dos governos estaduais.
Na verdade, esse golpe, perpetrado com a derrubada de uma presidente eleita pela maioria do povo brasileiro, evidencia a falência do nosso sistema político e partidário.
Tudo nos remete de volta a um período negro. Entre 1964 e 1985. Com outras roupas, é claro, mas sempre trazendo de volta o poder da Casa Grande sobre o povo.
As mudanças exigem luta. Com o povo na rua. Nada de acreditar na elite econômica e política, pois esta só atende a espúrios interesses particulares e ao capital internacional, jamais aos anseios da população.
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BRASÍLIA - CAPITAL DA SEGREGAÇÃO
Especial do Humanitas

Brasília, a capital do Brasil, tem um elevado índice de segregação, tanto no espaço físico como na questão sociocultural. Nela se percebe a acumulação de riqueza, de um lado, e do outro lado a socialização da miséria.
Essa miséria tornou-se preponderante desde os primeiros passos dados para a sua construção, com a chegada dos “candangos”, que começaram a erguer barracos e casas de madeira, mostrando quem iria ocupar a periferia.
Estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) mostra que o processo de periferização, que em outras grandes cidades aconteceu por pressões do mercado imobiliário, em Brasília foi instituído pelo próprio governo.
"O processo de implantação dos núcleos urbanos foi extremamente segregacionista desde a sua origem", afirma Frederico de Holanda, um dos responsáveis pela pesquisa.
Em 1958, uma parte dos operários foi convencida por assistentes sociais a se mudar para os loteamentos da primeira cidade-satélite que surgia: Taguatinga, a 20 quilômetros do Plano Piloto.
Pouco mais de uma década depois, com a Campanha de Erradicação de Invasões (CEI) criada pela administração de Brasília, surgia ao lado de Taguatinga aquela que seria a maior cidade-satélite: Ceilândia.
"A remoção dos moradores de várias favelas deu origem a essa cidade", conta Holanda.
No censo de 1980, Ceilândia já possuía uma população maior que a do Plano Piloto.
Existe um abismo entre ricos e pobres que vivem na capital federal que, mesmo sendo o centro de poder do Brasil, mostra uma segregação e um contraste populacional enorme.
É por esse motivo que Brasília é conhecida por muitos como "Ilha da Fantasia", por ser um mundo à parte.

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