EDITORIAL
Roupagem
nova
As forças
golpistas destroem o país.
Sob a liderança
de um presidente ilegítimo, apoiado pela mídia, pelo Judiciário e pela maioria
dos parlamentares do Congresso Nacional, estamos a viver uma crise econômica,
política e moral sem precedentes.
Todas as decisões
tomadas por esse grupo estão a afetar milhares de pessoas, a trazer de volta a
fome, a miséria e o desemprego.
As riquezas da
pátria são entregues de graça à sanha dos capitalistas estrangeiros
neoliberais.
O golpe foi institucionalizado
e neste mês de abril de triste memória voltamos a nos defrontar com antigos
fantasmas.
Se antes a
ditadura institucionalizou-se através dos militares, hoje ela é
institucionalizada pela mídia, pelo Judiciário e pelos parlamentares da direita
neoliberal.
Retomar o caminho
da democracia vai ser muito difícil, já que os tubarões do poder estão a trazer
de volta a censura, as coerções e a violência fardada.
O Judiciário, com
seus salários e benefícios obscenos e com atuação partidarizada, não hesitou em
violar leis para ser conivente com o golpe.
Cerca de 80% do
Parlamento também entra nessa linha, bem como a maioria dos governos estaduais.
Na verdade, esse
golpe, perpetrado com a derrubada de uma presidente eleita pela maioria do povo
brasileiro, evidencia a falência do nosso sistema político e partidário.
Tudo nos remete
de volta a um período negro. Entre 1964 e 1985. Com outras roupas, é claro, mas
sempre trazendo de volta o poder da Casa Grande sobre o povo.
As mudanças
exigem luta. Com o povo na rua. Nada de acreditar na elite econômica e
política, pois esta só atende a espúrios interesses particulares e ao capital
internacional, jamais aos anseios da população.
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BRASÍLIA - CAPITAL DA SEGREGAÇÃO
Especial do Humanitas
Brasília, a capital do Brasil, tem um
elevado índice de segregação, tanto no espaço físico como na questão
sociocultural. Nela se percebe a acumulação de riqueza, de um lado, e do outro
lado a socialização da miséria.
Essa miséria tornou-se preponderante desde
os primeiros passos dados para a sua construção, com a chegada dos “candangos”,
que começaram a erguer barracos e casas de madeira, mostrando quem iria ocupar
a periferia.
Estudo feito por pesquisadores da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) mostra que o
processo de periferização, que em outras grandes cidades aconteceu por pressões
do mercado imobiliário, em Brasília foi instituído pelo próprio governo.
"O
processo de implantação dos núcleos urbanos foi extremamente segregacionista
desde a sua origem", afirma Frederico de Holanda, um dos responsáveis
pela pesquisa.
Em 1958, uma parte dos operários foi
convencida por assistentes sociais a se mudar para os loteamentos da primeira
cidade-satélite que surgia: Taguatinga, a 20 quilômetros do
Plano Piloto.
Pouco mais de uma década depois, com a
Campanha de Erradicação de Invasões (CEI) criada pela administração de
Brasília, surgia ao lado de Taguatinga aquela que seria a maior
cidade-satélite: Ceilândia.
"A
remoção dos moradores de várias favelas deu origem a essa cidade",
conta Holanda.
No censo de 1980, Ceilândia já possuía uma
população maior que a do Plano Piloto.
Existe um abismo entre ricos e pobres que
vivem na capital federal que, mesmo sendo o centro de poder do Brasil, mostra
uma segregação e um contraste populacional enorme.
É
por esse motivo que Brasília é conhecida por muitos como "Ilha da Fantasia", por ser um mundo à parte.
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