quarta-feira, 28 de março de 2018

HUMANITAS Nº 70 – ABRIL DE 2018 – PÁGINA 5

O AVANÇO DO FASCISMO NO BRASIL
Valdeci Ferraz é escritor e advogado. Atua na cidade do Recife/PE

Em 1921, os fascistas passaram a desenvolver um programa que exigia a República, a separação da Igreja do Estado, um exército nacional, um imposto progressivo para heranças e o desenvolvimento de cooperativas.
“A palavra fascismo vem do termo italiano fasci” que significa feixe. O feixe de lenha amarrado foi um símbolo muito usado em Roma Antiga. Simbolizava a força na união, segundo a metáfora de que um galho sozinho pode ser quebrado, porém unidos tornam-se bem resistentes. Benito Mussolini resgatou esse símbolo ao fundar o Partido Nacional Fascista em 1922” (Wiquipedia).
“Tanto um movimento como um fenômeno histórico, o fascismo italiano foi, em muitos aspectos, uma reação à falha aparente do laissez-faire e ao medo dos movimentos de esquerda, apesar de que as circunstâncias na história intelectual devem ser consideradas, como o abalo do positivismo e o fatalismo generalizado do pós-guerra na Europa” (Wiquipedia).
O avanço do fascismo no Brasil não surpreende aqueles que conseguiram ver, ainda na fase conturbada do impeachment, os primeiros sinais contidos no programa “Uma Ponte Para o Futuro” apresentado pelo PMDB, através do então vice-presidente Michel Temer.
Analisando as trinta propostas vê-se claramente a intenção de frear os mecanismos capazes de melhorar a situação de grande parte dos brasileiros, e favorecer o fortalecimento dos poderosos.
Uma vez alçado ao poder graças ao apoio do Judiciário, o presidente tratou logo de querer ver aprovadas as reformas que concretizariam o seu objetivo. Através de manobras e concessões conseguiu aprovação da Reforma Trabalhista e da Educação, porém, a mais importante ele não conseguiu, a da Reforma Previdenciária, graças à forte reação da sociedade brasileira. A situação brasileira é muito parecida com a que se encontrava a Itália após a Primeira Guerra Mundial e que provocou o surgimento do fascismo.
“Sob o estandarte desta ideologia autoritária e nacionalista, Mussolini foi capaz de explorar os medos perante o capitalismo numa era de depressão pós-guerra, o ascendente de uma esquerda mais militante, e um sentimento de vergonha nacional e de humilhação que resultaram da "vitória mutilada" da Itália nos tratados de paz pós Primeira Guerra Mundial. Tais aspirações nacionalistas não realizadas (ou frustradas) manchavam a reputação do liberalismo e do constitucionalismo entre muitos setores da população italiana” (Wiquipedia).
O que estarrece é a completa passividade do povo brasileiro diante da ameaça desse governo que pode descambar para um regime absolutista, autoritário e desumano.
Compreende-se que a criação de um vácuo no sistema pressupõe o seu preenchimento por aqueles que estão à espera da oportunidade.
Não fosse o grave envolvimento do presidente Temer com a Justiça,  ele estaria cotado para continuar no poder através de sua eleição no sufrágio que se aproxima.
Derrotada a Reforma Previdenciária, logo o foco foi direcionado para um problema que aflige os brasileiros, a violência e a insegurança pública, principalmente no estado do Rio de Janeiro. Isso deu oportunidade para o governante trazer de volta uma vertente sem a qual não se pode contar com a vitória: “os militares”.
Lembremos o grave mal que sofreu a sociedade brasileira com a doutrina da Segurança Nacional, usada pelos militares no período 1964/1985, como pretexto para uma ação despótica e desumana, fazendo desaparecer sumariamente muita gente interessada apenas na igualdade social. 
Portanto, não estranhemos se nossos políticos fascistas, na sua maioria, intentarem novos golpes para garantir a manutenção de seus privilégios e dos seus correspondentes nos poderes Judiciário e Executivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário