ACREDITAR QUE UM DEUS CRIOU
O UNIVERSO É PREGUIÇA MENTAL
Especial do Humanitas
Quem acredita que um deus criou o
universo tem preguiça mental. Hoje a ciência dá informações que permitem pensar
sobre a origem de tudo. A afirmação é do astrofísico americano-canadense Lawrence Krauss, autor de “A Física de Jornada nas Estrelas”.
Krauss disse
que até o século XVI a religião tinha o monopólio das explicações sobre a
criação, mas isso mudou com os estudos de Nicolau
Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642) e com Isaac Newton
(1643-1727).
“Tudo mudou quando, há 300 anos, Newton
explicou que o movimento dos planetas podia ser compreendido por meio de leis
físicas bem simples que não requeriam a intromissão dos anjos”, disse
Krauss.
E mais: “O avanço da física, da química e da
biologia nos fez desvendar o funcionamento da matéria e dos fenômenos
biológicos”, afirmou. “Ao mesmo
tempo, esse avanço foi reduzindo o alcance do termo milagre até deixá-lo
restrito ao que teria existido antes do big-bang, a explosão primordial que
criou o universo há 13,7 bilhões de anos.”
O astrofísico
salientou ainda que a ciência está longe de ter uma resposta para tudo, mas a
cosmologia tem explicações para a criação e a evolução de todo o universo, “um tema que não é mais do domínio exclusivo
da teologia”.
Krauss comparou
a ciência, movida pelas interrogações e dúvidas, com a religião, cujas “verdades” são inquestionáveis. “A religião alegava ter as respostas para as
perguntas mais básicas do universo e da vida antes mesmo que essas perguntas
fossem feitas.”
Ele observou
também que a ciência lida muito bem com a existência de mistérios à espera de
serem revelados. “Sempre haverá perguntas
sem resposta e mistérios a descobrir".
Ele admitiu que
as versões da ciência para a criação do universo são mais complicadas que as da
religião, “mas são muito mais
interessantes”.
Indo mais longe
ainda, o cientista argumenta que “o
universo tem uma imaginação muito maior que a nossa, e seus fenômenos, como a
explosão de supernovas ou a criação de buracos-negros, são muito mais
fascinantes do que os contos de fadas
criados por gente que viveu há milhares de anos, muito antes de descobrirmos
que a terra orbita o sol e que não estamos no centro do universo”.
O astrofísico
americano-canadense disse que, como agora os religiosos se dedicam mais ao que
teria ocorrido antes do big-bang, eles estão se defrontando com um
paradoxo sobre o qual evitam falar: se
Deus criou tudo, Ele se criou?
Para Klaus os
religiosos nunca tocam na questão da criação de Deus, pois essa é ainda mais
confusa do que a solução religiosa que deram para a criação do universo.
Para os
religiosos, Deus simplesmente existe, não importando quantas e quão fortes
sejam as evidências que a ciência fornece para indicar a extrema
improbabilidade de tal coisa ser verdade.
De acordo com
ele, há indícios de que o universo foi criado a partir do nada. “O vácuo pode ser inteiramente vazio de
matéria, mas não de energia”. Se pudéssemos observar o vácuo em dimensões
infinitamente pequenas e lapsos de tempo infinitamente curtos, muito menores e
mais curtos do que a tecnologia atual é capaz de fazer, veríamos que o vácuo é
tudo, menos estático, e que nele partículas pipocam a partir do nada e
desaparecem instantaneamente. Em algumas condições, entretanto, essas
partículas virtuais não precisariam necessariamente desaparecer”.
Para o
astrofísico, a ciência tem explicação para quase tudo que aconteceu desde que o
universo foi criado, há 13,7 bilhões de anos.
Por isso,
disse, a ideia da existência de um deus não é sequer irrelevante, mas
redundante. "Deus e os milagres se
tornaram obsoletos”.
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