EDITORIAL
CULTURA E SABEDORIA
O antropólogo inglês,
Edward Burnett Tylor, disse um dia que cultura é “um complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, leis, costumes e
outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Mas cultura e sabedoria
não são a mesma coisa. Um homem pode ter uma imensa bagagem cultural, sem ser
um sábio. A sabedoria é a capacidade de o homem discernir ou interpretar o
passado, vivenciar o presente e saber o que é melhor para o futuro.
O homem sábio identifica
os erros praticados e os corrige para melhorar a sua vida. O homem sábio busca
o conhecimento, mas também busca espalhar esse conhecimento.
O homem culto se
diferencia do homem sábio por seguir caminhos ligados a um nível de
conhecimento armazenado. Eis a diferença.
Nós não temos o direito de
julgar uma pessoa apenas pelo nível cultural dela, pois a cultura vem de fora
para dentro, penetra pelos olhos e ouvidos (até pela epiderme) e pode fixar-se
ou não em nosso cérebro.
A sabedoria nasce dentro
de nós e se exterioriza. Até os analfabetos podem ser sábios. Um ser humano
repleto de sabedoria não alimenta o próprio ego, pondo-se superior aos demais.
O verdadeiro sábio jamais será um narcisista ou pernóstico, bem como jamais admitirá
ser um sábio.
Como disse Lao Tsé: “Quem conhece a sua ignorância revela a mais
profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão”.
Aqui neste Humanitas colocamos conhecimentos
os mais variados ao alcance das pessoas. Esperamos que elas repartam seus
conhecimentos com outras pessoas, acatando a máxima de que o verdadeiro sábio é
um eterno aprendiz.
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A VELHICE É
UMA MERDA!
Divina de
Jesus Scarpim - Professora – São Paulo/SP
Odeio meus cabelos brancos!
Adoraria
não tê-los e simplesmente não acredito que alguém realmente os ache bonitos
quando acompanhados das rugas, ou seja, quando são realmente marcas do tempo e
não falta de pigmentação ou trabalho de um bom cabeleireiro.
Odeio
todo esse meu corpo que está se deteriorando, dia a dia mais feio, dia a dia
mais cheio de fraquezas, debilidades e dores que sei que só vão aumentar.
Quem
diz coisas positivas a respeito da velhice, das
duas uma: ou seleciona cuidadosamente as palavras e as frases para destacar
como se fossem vantagens da velhice justamente as poucas coisas da juventude
que ainda podem restar em um velho, ou mente descaradamente. A velhice não
torna ninguém melhor, nem mais tolerante, seja com os outros, seja consigo
mesmo.
Conheci muitos jovens bons e tolerantes e muitos velhos
maus e intolerantes. Sempre me julguei muito tolerante e sempre tentei ser
amável com as pessoas, mas nunca fui amável comigo mesma, e continuo não sendo.
Os anos me tornaram mais tolerante em algumas coisas e
menos tolerante em outras; tornaram-me mais amável com algumas pessoas e menos
amável com outras, mas isso aconteceu enquanto eu vivia e não enquanto eu me
tornava velha.
Enquanto vivia; não enquanto envelhecia; fui me tornando
menos tolerante e menos amável comigo mesma porque fui me conhecendo melhor.
Não aceito, em hipótese alguma, que mudanças sejam
benefícios da velhice; estou certa de que são apenas experiência e crescimento
que se adquire enquanto e porque estamos vivos.
Viver é aprender e é também mudar; mas as mudanças
benéficas que adquirimos vivendo são as mesmas que se vão perdendo na
decrepitude da velhice; quando a velhice nos vai tomando de nós mesmos.
As mudanças da vida, comuns e reais, não são vantagens da
velhice e certamente não merecem ser acompanhadas de decrepitude e decadência
física.
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