terça-feira, 2 de abril de 2019

HUMANITAS Nº 82 - ABRIL DE 2019 - PÁGINA 7

 Desmoronamento humano
Ana Maria Ferreira Leandro – colaboradora do Humanitas -  É escritora e jornalista - Atua
em Belo Horizonte/MG

A lama da vida é cruel porque, em geral, quando desmorona, nem sempre há tempo de correr.
E muitas vezes as sirenes nem tocam.
Na analogia a que me refiro, entretanto, as sirenes “sensoriais” parecem nos dizer o tempo todo: “Cuidado!”.
E mesmo com sirenes “audíveis” tentando avisar, a verdade é que morrem uns e outros ficam, mas o tempo passa e a história continua numa visível “lama”.
E a vida, mestra feroz, não costuma dar muitas “chances”. Se você “errar” e não corrigir suas “bases”, vai haver novos desmoronamentos.
É necessário olhar para si mesmo e se perguntar: “Qual é o meu alicerce”?
As “bases” têm de ser sólidas, porque senão não suportam o “teto”. Isto parece tão lógico, que não se pode entender como se pode “não pensar nisso”.
Ou talvez se “pense”, mas há outras prioridades: o dinheiro (um teto caro) costuma ser o objetivo principal. Não que ele não tenha relevância, mas ele também exige “alicerces”. 
Muitos colocam nesse alicerce até a criminalidade. Mas com vasta experiência de acompanhamento educacional e de ressocialização, nunca vi um criminoso que deseje que “o filho também o seja”.
O desejo de “Poder” de uns vence muitas vezes os alicerces do povo.
Então eu diria que, na realidade, essa barreira foi “alto-montante”, não sofreu as inferências necessárias.
Constituiu-se de “rejeitos” inadequadamente aproveitados.
Ausência de caráter, falta de busca de evolução integral do “ser” e outras faltas em aspectos e valores indispensáveis à resistência da “construção humana”.
Se não entendermos isto individualmente, eis a ”obra” toda se desmoronando.
E o que é pior: leva em sua saga outras vítimas e perdedores inocentes da vida; ou de suas condições de subsistência.
Um povo faz seu alicerce, quanto mais consiga evoluir em sua “essência”.
Quais os ingredientes que ele está usando em seu alicerce?
O que é saudável para cada cidadão será para todos e “ninguém” pode ficar fora dessa construção, porque ela é unificada.
A consistência dos valores que não podem apenas ficar apenas na teoria e nos discursos, mas essencialmente no “modo de viver” é que nos dará a vida que desejamos. A morte tem de ser consequência natural de viver; não a consequência de “não sabermos viver”!
Considero que o sentido é esse: usemos nosso potencial, para promovermos as mudanças que almejamos.
Acreditemos em nós mesmos, enfrentemos com coragem novos rumos, necessários em nossas vidas como pessoas e como cidadãos.
Mudar, evoluir, implica em não ignorar as lições recebidas. Significa absorvê-las realmente como referências não apenas em relação ao sentido pessoal, como também coletivo. A própria trajetória da vida é um processo de “mudanças”.
Um país sempre poderá mudar para melhor enquanto “cada cidadão” se sentir parte deste objetivo.

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