terça-feira, 2 de abril de 2019

HUMANITAS Nº 82 - ABRIL DE 2019 - PÁGINA 5

A diversidade étnica brasileira
Especial do Humanitas

A diversidade da população brasileira aparece nas características culturais como a língua, a religião, a música, os hábitos alimentares e também nas características físicas das pessoas, como a cor da pele, dos cabelos, estatura etc.
Dos portugueses, o país herdou a língua oficial. Porém, a língua portuguesa não é falada da mesma forma por toda a população, pois existem diferenças no linguajar que aparecem, por exemplo, no sotaque das pessoas.
Os sotaques são explicados pela influência dos mais diversos povos. Além dessa diferenciação nos sotaques, encontramos na língua portuguesa falada no Brasil, muitas palavras de origem indígena, árabe e africana.
Muitos e diferentes povos indígenas habitavam o território brasileiro antes da chegada dos colonizadores europeus no século XVI. Cada grupo vivia com sua organização social, tradições, crenças, línguas e costumes.
Os indígenas influenciaram variados hábitos da população branca, tais como tomar banho diariamente e até várias vezes por dia, dormir em redes e consumir mandioca. Quatro milhões de africanos foram trazidos para trabalhar como escravos entre os séculos XVI e XIX e também influenciaram em muitos aspectos da cultura nacional, tais como na música, na religiosidade, na dança e na culinária.
E tem mais: grande parte da população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes.
A imigração para o Brasil ocorreu entre meados do século XIX e XX, com a chegada de muitos portugueses, italianos, espanhóis, alemães, sírios, libaneses e japoneses.
Nas últimas décadas, têm entrado no Brasil, coreanos, chineses, nigerianos, angolanos, bolivianos, peruanos, colombianos etc. Depois dos portugueses, os italianos formaram o grupo mais numeroso de imigrantes.
Importante ressaltar que nos estados brasileiros não há homogeneidade étnica, e sim, a predominância de vários grupos. A distribuição dos principais grupos étnicos pelo território nacional é uma consequência do povoamento das regiões do país.
A região Sul teve os europeus como principais povos ocupantes; na Amazônia, predominam os descendentes indígenas; os afro-descendentes são maioria no Nordeste. Mas existe grande diversidade entre essas regiões. Além de ter ocorrido a miscigenação nesses locais, também aconteceu um grande fluxo migratório entre essas regiões brasileiras.
Durante muito tempo se acreditou que a “mistura” de povos em um só território, fazia do nosso país uma democracia racial, isto é, um país sem racismo, onde todos são tratados da mesma forma e têm as mesmas oportunidades, independentemente de sua origem étnica.
Já foi comprovado que no Brasil há um racismo disfarçado contra negros e índios, levando parte da população a não reconhecer essas etnias.
Com o passar dos anos e com o crescimento das grandes metrópoles o movimento migratório cresceu bastante.
Muitas pessoas saiam das áreas mais rurais ou menos desenvolvidas do Brasil e seguiam em direção às grandes cidades com o objetivo de conseguir melhores trabalhos e melhorar de vida. Hoje já sabemos que desde o período colonial os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos.
Pode-se ver isso no Nordeste no período do ciclo da cana-de-açúcar, em Minas Gerais no ciclo do ouro, e mais tarde o eixo Rio/São Paulo que se tornou o mais novo ponto para os movimentos migratórios, devido ao ciclo do café e ao processo de industrialização.
Portanto, a nossa população se distingue das populações dos demais países latino-americanos, por causa do intrincado processo de colonização e ocupação do território. A mestiçagem ocorrida entre negros, brancos e índios é bastante variável. Antes do contato que esses grupos tiveram uns com os outros no Brasil, cada um deles já tinha sido mesclado.
Os brancos portugueses resultam de uma mistura de ibéricos, romanos, árabes e até mesmo de negros, acontecendo o mesmo com os outros povos brancos que compõem as diversas levas que chegaram ao país em diferentes épocas, ou seja, entre espanhóis, italianos, alemães, eslavos, sírios, libaneses e japoneses.
Não custa lembrar que excluída do processo de desenvolvimento econômico e social do país, a população negra forma, ao lado de grande parte de outras camadas não-brancas (mulatos, índios etc.) um enorme contingente de brasileiros marginalizados.
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Fontes consultadas:
Milton Almeida dos Santos – Diversidade e Globalização (textos diversos);
Ruy Moreira – Sociedade e Espaço Geográfico no Brasil. Constituição e Problemas de Relação

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