quarta-feira, 2 de outubro de 2019

HUMANITAS Nº 88 – OUTUBRO DE 2019 – PÁGINA 2

EDITORIAL
Falta de leitura

Fato lamentável nos dias de hoje é que a falta de leitura adequada está fazendo o ser humano retornar à barbárie. A sociedade que não gosta de ler torna-se pobre mentalmente. O empobrecimento mental será uma catástrofe para o mundo civilizado.
Os livros são os instrumentos capazes de fornecer o saber e, quando não lemos, perdemos o sentido da imaginação e da verdade.
Quando se imaginava que a civilização, nesta era tecnológica, aliando-se à ciência, pudesse ir além, observamos um retrocesso mental, e o povo, principalmente os jovens, contentando-se apenas com o que é exposto através de imagens, pela TV e/ou Internet, ou lendo apenas um livro fantasioso chamado de bíblia.
Já dizia o educador Paulo Freyre que um povo consciente de sua história a partir da leitura, mais facilmente percebe as dificuldades socioeconômicas e culturais da realidade, tornando-se mais apto para o enfrentamento e a libertação
Infelizmente, o hábito de ler nunca foi estimulado no Brasil. Desde a época da colônia somente a elite tinha acesso aos livros, sendo que até hoje as famílias brasileiras não criaram o hábito. Na verdade, livros só servem para decorar estantes. 
Temos de olhar para o céu e admirar as estrelas! Sentir a imensidão do universo e não ter respostas para as perguntas tornou-se a maior dor do homem como animal pensante.
Quem somos? De onde viemos? Essas perguntas nos trazem temor diante daquilo que a mente não consegue compreender. Não temos respostas reais para elas. Nós sabemos que a vida não tem sentido. Antes de nascer éramos Nada e para o Nada voltaremos. Nossas relações com o meio ambiente e com os demais humanos é que oferecem algum objetivo à existência, antes de alcançarmos esse Nada!
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O que é o livro Bíblia?
Colaboração de Décio Schroeter - Porto Alegre/RS

A Bíblia não é um livro científico (coisa que sempre suspeitei, desde que o li pela primeira vez). Mas o que é mesmo? Um conto de fadas que começa com uma cobra falante e termina com um dragão de sete cabeças? Um tratado de pseudo-verdades? Um livro de “auto-ajuda” para quem levou lavagem cerebral desde a infância? Pseudo-Ciência? Astrologia religiosa? Um código-legal ultrapassado? Um código-penal ultrapassado, mesmo para as punições temporais na sociedade de hoje? (que dirá na eternidade!) Um código de ética para o homem de Neantherthal?
A autobiografia de um Senhor “Javé” cruel, vingativo, sedento de sangue, malévolo, injusto, caprichoso, com ciúme paranoico de outros deuses rivais, bipolar, desajustado, psicopata, telepata, controlador mesquinho, milagreiro, egocêntrico, racista, genocida étnico, infanticida, homofóbico, eugenista e narcisista, sadomasoquista, megalomaníaco atendedor de preces?  A autobiografia de um “deus” visivelmente desequilibrado e com mania de perseguição?
A autobiografia de um “deus” que tem inimigos comunistas e satanistas debaixo de sua própria cama? Já sei!! Um teste psicotécnico!?... Não! Um aferidor da idiotice humana?!! Não!
Uma “pegadinha” de programa de televisão? Um livro de piadas de humor negro?
Há quem leve esse livro a sério?! Claro, eu acreditava nisso. Fui cristão durante 50 anos.
Um dos maiores problemas na fé cristã é o fato de o crente não conhecer mitologia, a origem do cristianismo primitivo, o deus da sua própria e das outras religiões. O cristão tem pra si uma amostra grátis de um deus da fé encarnado que "disse" três ou quatro frases interessantes sobre amor e perdão, nada que o Confucionismo ou o Taoísmo já não tivesse dito séculos antes, e esquece todo o resto. E o resto, sendo a descrição detalhada de um imaginário deus que, se existisse mesmo, seria um monstro dos mais malignos que a mente humana já conseguiu criar.
Essa visão de muitos é de que tudo o que é "bom" na Bíblia vem de um deus e o que não é bom vem dos seres humanos que a escreveram. É uma visão bem perigosa de se defender. De repente, esse deus é mesmo um deus mau, assassino, que manda matar a três por quatro, manda exterminar povos, que afoga toda humanidade num dia que acordou de mau humor, um deus que preparou um Inferno, um deus que é mesquinho e injusto, exatamente como está na Bíblia; e aquelas partes que a gente acha "legais", tipo amar o próximo, dar a outra face, sejam justamente as partes inseridas sem a autorização divina. 
A "Ilíada” e a "Odisséia”, apesar de relatarem histórias tão fantasiosas quando as da Bíblia, não são obras consideradas como guias espirituais e morais ou mesmo como verdades absolutas.

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